Tensão entre EUA e Irã aumenta e americanos estão prontos para atacar

WASHINGTON/EUA - O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos, almirante Michael Mullen , disse que um plano de ataque ao Irã está pronto para ser executado, caso Teerã produza arma nuclear, mas que está "extremamente preocupado" com as consequências que uma ofensiva armada dessa natureza pode provocar.

Por ANTONIO CARLOS LACERDA

Correspondente no Brasil

Uma ação militar contra o Irã poderá ter "consequências não desejadas que são difíceis de prever em uma região tão incrivelmente instável", declarou o almirante Michael Mullen a uma emissora de TV americana.

O militar disse, também, que, entretanto, os Estados Unidos não podem deixar Teerã ter a arma nuclear, e enfatizou que, "Para ser muito franco, qualquer uma das opções me preocupa muito".

O chefe do Estado Maior das Forças Armadas americanas disse que está "otimista" em relação aos esforços da comunidade internacional e às sanções impostas ao Irã, que devem levar Teerã a abandonar seu programa de enriquecimento de urânio.

Apesar disso, "as opções militares estão sobre a mesa e permanecem sobre ela. Espero que não tenhamos que utilizá-las, mas elas são importantes e bem conhecidas", revelou o almirante americano.

A revelação do chefe do Estado Maior das Forças Armadas americanas veio em um tom de resposta à negativa do Irã em soltar três turistas americanos presos há um ano em Teerã, sem acusação nem processo legal.

Shane Bauer, 27 anos, Sarah Shourd, 31 anos, e Josh Fattal, 27 anos, foram presos em 31 de julho de 2009, na fronteira do Irã com o Iraque. As famílias dos três turistas americanos dizem que eles estavam fazendo uma caminhada nas montanhas do norte do Iraque.

Entretanto, para o governo do Irã, os três turistas americanos presos são suspeitos de espionagem, mas ainda não foram denunciados, embora estejam sendo estando mantidos presos sem qualquer acusação formal-legal.

Antes do almirante Michael Mullen declarar que um plano de ataque ao Irã está pronto, o presidente americano, Barack Obama, em comunicado oficial da Casa Branca, pediu ao governo de Teerã que libertasse os três turistas americanos 'imediatamente'.

Obama enfatizou que os turistas Shane Bauer, Sarah Shourd e Josh Fattal "não cometeram absolutamente nenhum crime, e depois de um ano inteiro, foram mantidos na prisão, provocando uma inquietação e incerteza extraordinária, tanto neles como em seus familiares".

"Peço ao governo iraniano que liberte imediatamente os três cidadãos americanos, cuja detenção injusta não tem nada a ver com os assuntos enfrentados por Estados Unidos e pela comunidade internacional com o governo do Irã", ressaltou o comunicado da Casa Branca.

"Eu quero ser bem claro: Sarah, Shane e Josh nunca trabalharam para o governo dos Estados Unidos. Eles tem simplesmente o espírito aberto e aventureiro dos jovens, que representa o melhor da América e do espírito humano", concluiu o presidente americano Barack Obama em seu comunicado.

Os três americanos tinham saído a uma caminhada no Curdistão iraquiano - região montanhosa e árida na divisa com o Irã, onde a fronteira fica pouco visível - e foram presos por entrar ilegalmente em território iraniano.

O Irã rejeitou o pedido do presidente Barack Obama para libertar os três americanos presos, há mais de um ano, próximo à fronteira do Iraque, informou o Ministério das Relações Exteriores do Irã, acrescentando que a Justiça seguirá o seu curso.

A prisão dos três turistas americanos complica ainda mais o relacionamento entre Teerã e Washington, em grave tensão por causa das ambições nucleares iranianas. "A matéria é uma questão puramente judicial e vai, portanto, prosseguir neste âmbito", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast.

"Qualquer tentativa de influenciar o processo legal por meio de pressão política ou pela mídia não terá qualquer influência na abordagem independente do poder judiciário iraniano", afirmou Melmanparast.

"Os três cidadãos americanos foram detidos devido à entrada ilegal em território iraniano. Consequentemente, a violação é óbvia, e eles terão que responder perante a lei como qualquer outro indivíduo", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã.

A declaração do chefe do Estado Maior das Forças Armadas americanas não deixa de ser um aviso ao mundo e uma justificativa ante a diplomacia internacional de que, se o Irã não desistir imediatamente do seu suspeito e polêmico programa nuclear será atacado, a qualquer momento.

ANTONIO CARLOS LACERDA

PRAVDA RU BRASIL

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey