Mali: Uma História de Sucesso Africano

Helen Clark, Diretora do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, concluindo uma visita ao Mali, elogiou este país norte-africano pela sua governação democrática e pelo enorme progresso que está fazendo no sentido da implementação dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.


Outrora, Mali ficava no centro de um vasto império na África Ocidental, no centro das rotas de comércio de ouro, sal e outros produtos, um portão entre África Central, do Norte e Ocidental, a sua costa no Mediterrâneo e a Europa. Os manuscritos medievais na antiga cidade de Timbuktu são testemunho de seus tempos de glória.


Foi depois de visitar a biblioteca que abriga estes manuscritos que Helen Clark proferiu seus elogios para o Mali. Impressionada com o espírito de uma governação democrática, após seus encontros com o Presidente Amadou Toumani Touré, o Primeiro-Ministro Modibo Sidibé e o Ministro dos Negócios Estrangeiros Moctar Ouane, afirmou que não só está Mali comprometido a um futuro democrático, mas também, caminha a passos largos para o cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milênio.


Entre as diversas iniciativas elogiadas por Helen Clark foi o sucesso na redução da prevalência do HIV/SIDA e a implementação de vários negócios empoderando as mulheres e, simultaneamente, estimulando o desenvolvimento da economia. Na área da saúde, Mali reduziu sua taxa de prevalência de HIV/AIDS de 1,7 para 1,3 por cento de 2001 a 2006, expandindo o acesso universal aos tratamentos e alargando a sua rede de cuidados de saúde.


Mali é também uma vitrine para iniciativas de apoio-por-comércio, de grande sucesso, que capacitam as mulheres, aumentam a renda familiar, elevam o nível de vida, estimulam a economia através da criação de oportunidades e empregos e mais fundamentalmente, garantem maiores taxas de escolarização.


A agricultura está no primeiro lugar entre os novos negócios. Um exemplo citado por Helen Clark foi a cooperativa de mangas só para mulheres, perto da capital, Bamako. Esta cooperativa não só produz manga para exportação, mas também treina os seus sócios, dando competências às pessoas para criarem seu próprio negócio ou cultivarem seus próprios alimentos.


Cada uma das agricultores neste projecto produzem cerca de 35 toneladas de manga por ano para exportação. Este exemplo de um projecto para a redução da pobreza tem por sua vez contribuído para o aumento das exportações de manga do Mali: de 2.915 toneladas para 12.676 toneladas entre 2005 e 2008.


Para o futuro, segundo Helen Clark, há outros desafios no horizonte, nomeadamente as alterações climáticas, a situação das mulheres e o estímulo do papel fundamental da agricultura no desenvolvimento das sociedades nesta parte de África. Só por permitir a capacitação económica das mulheres, dando-lhes acesso aos direitos legais e envolvendo-as em processos decisórios, pode ser alcançado o empoderamento das mulheres, afirmou.


E só através de uma integração completa das suas mulheres que uma sociedade pode ter a esperança de se desenvolver. Mali destaca-se como uma das muitas histórias de sucesso da África. Embora não se vai encontrar muitas destas nos meios de comunicação controlados, que gostam de criar emoções de conforto entre os seus leitores/telespectadores, mostrando-lhes um deserto (África) ou sentimentos de segurança através de inventar um inimigo (actualmente o Irão, antes a Rússia e a URSS ), a África é um continente como qualquer outro. Tem os seus problemas mas também tem suas histórias de sucesso.


Meio século após a derrota do jugo de imperialismo e colonialismo por forças progressivas, talvez este novo milénio possa já pertencer à África.


Timothy BANCROFT-HINCHEY
PRAVDA.Ru

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