Várias centenas de pessoas somem todos os dias na Rússia. O número daqueles que desapareceram sem deixar rastro em cada um dos anos recentes duplicou e atingiu 120.000 pessoas. Visitantes de outros lugares, empresários e proprietários solitários formam o maior grupo de risco sob esse aspecto.
Essa triste estatística foi recentemente discutida com a participação de agentes do cumprimento da lei, advogados e legisladores, dentro da alçada de uma conferência especial em Moscou. Especialistas tentaram analisar que medidas poderiam ser tomadas para deter o incontido aumento de misteriosos desaparecimentos, escreveu a Rossiiskaya Gazeta.
A maioria das 120.000 pessoas que desapareceram só em 2007 é formada de homens aproximadamente 59.000. Cerca de 38.000 das pessoas desaparecidas são mulheres, enquanto que adolescentes e menores de idade constituem 23.000 dentro do número total. A maioria dessas pessoas é encontrada viva, embora o processo possa durar desde vários meses a diversos anos.
Não é possível encontrar, em nenhum documento normativo da Rússia, uma definição precisa do termo 'desaparecido'. Esse termo usualmente indica um ser humano que, inesperadamente, desapareceu em circunstâncias pouco claras e sem motivo aparente.
O único serviço sediado em Moscou que coleta informação a respeito das vítimas e cadáveres encontrados é a Agência de Registro de Acidentes. Os funcionários da agência dizem que as pessoas desaparecem mais frequentemente durante o outono e a primavera. Trabalhadores da área de saúde dizem que as doenças mentais geralmente se exacerbam durante essas duas estações.
Os incidentes inofensivos, em sua maioria, ocorrem quando as pessoas resolvem escapar de conflitos familiares ou de suas dívidas. Um policial contou a história de uma mulher que preencheu uma ficha para procura do marido. A mulher disse que o marido dela simplesmente saiu um dia para o trabalho e não voltou. A polícia achou o homem seis meses depois: ele se mudara para outra região e estava morando com outra mulher. O homem literalmente suplicou à polícia que "não o encontrasse."
As estatísticas do Ministério de Assuntos Interiores dizem que a maior parte dos desaparecidos 80 por cento é composta de adultos que saem de casa à procura de trabalho. Muitos deles enfrentam uma dura realidade e não ganham nenhum dinheiro. Finalmente, resolvem não mandar nenhuma notícia para casa.
O ministério estabelece ligação entre o número de desaparecimentos e a migração e a situação criminal desfavorável no país.
O número de pessoas desaparecidas aumenta 12-15 por cento todo ano. Não são apenas trabalhadores comuns que desaparecem sem deixar vestígio. Os registros policiais dizem que não menos de cinco autoridades de alto nível desaparecem cada ano, juntamente com cerca de 200 militares e policiais.
Cerca de um quarto das pessoas constantes em listas de desaparecidos é formado de pessoas que dão os primeiros passos no caminho da falta de teto. Tais pessoas podem perder qualquer conexão com seus parentes e amigos. Outras morrem em circunstâncias obscuras ou tornam-se vítimas de crimes não esclarecidos.
É impossível definir a percentagem daqueles que morrem como resultado de seus misteriosos desaparecimentos.
A polícia usualmente encontra até 80 por cento dos adultos desaparecidos e até 90 por cento das crianças desaparecidas. As crianças podem amiúde ser raptadas para mendicância ou até para atividades sectárias. Uma seita com cerca de 100 membros adolescentes foi recentemente descoberta na região siberiana da Rússia. Nove desses adolescentes estavam em listas de procurados.
Se uma pessoa for considerada desaparecida na Rússia, ela será procurada durante 15 anos, como estipula a lei. Depois disso, a pessoa será declarada oficialmente morta.
Todo ano, até 3.000 pessoas desaparecem em toda grande cidade da Rússia (com população de um milhão de pessoas ou mais). Entretanto, não existe um banco de dados conjunto relativo a essas pessoas, e as informações a respeito dos desaparecidos é disseminada pela polícia, hospitais e necrotérios.
Tradução da versção inglesa Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme
[email protected]
[email protected]
Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter