Todos os dias, elas se dirigem à casa de artesanato da Cooperativa dos Artesãos de Camocim (Coopercim). Ali, em poucas horas, transformam essa matéria-prima em bolsas, souvenirs e peças de decoração que atravessam fronteiras e chegam até Portugal.
A cooperativa é um dos 34 grupos contemplados pelo projeto Reaplicação de tecnologia social de incubação de cooperativas populares e organização comunitária em áreas com Baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), com potencial turístico. A ação é desenvolvida pelo Ministério do Turismo em parceria com a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O objetivo é permitir que as comunidades locais desenvolvam uma atividade econômica que se insira na cadeia produtiva do turismo e promova o desenvolvimento do turismo local, por meio da oferta de um produto de qualidade, da gestão cooperativa e da organização popular, afirma a coordenadora geral de Projetos de Estruturação do Turismo em Áreas Priorizadas do MTur, Kátia Silva. O resgate da cultura local como forma de diversificar a oferta turística e agregar valor competitivo é outro aspecto relevante do projeto.
Segundo ela, esse tipo de ação é importante para que os interesses e as necessidades locais sejam consideradas no desenvolvimento do turismo. Esse projeto contribui para a melhoria da qualidade de vida na medida em que ajuda a organizar, qualificar e fortalecer o trabalho das comunidades, avalia Silva.
O MTur investiu R$ 2,8 milhões para atender quatro regiões que fazem parte da Rota das Emoções: Lençóis Maranhenses (MA), Parque Nacional de Jericoacoara (CE), Serra da Capivara (PI) e Delta do Parnaíba (PI).
A iniciativa, que começou em 2006 e deve ser concluída em 2009, também integra o Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Turismo, um acordo de cooperação firmado em 2003 com a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid).
Etapas - O coordenador-geral da ITCP, Gonçalo Guimarães, diz que o trabalho com as comunidades se desenvolveu em duas linhas: uma de qualificação profissional e outra de assistência à administração dos empreendimentos, por meio da formação em cooperativismo, com foco na organização, formação de preços e plano de negócios. Além disso, foram feitas oficinas, cursos técnicos específicos de higiene, alimentação e meio ambiente.
O desafio maior foi trabalhar com o arranjo produtivo local tendo em vista a pluralidade de empreendimentos e atividades no mesmo território. É uma experiência pioneira, em particular, na área do turismo, diz Guimarães. É uma grande satisfação profissional conseguir não apenas a sustentabilidade do empreendimento, mas a melhoria na organização dos grupos.
Seminários Para impulsionar a integração e a articulação entre os grupos, o Mtur promoveu dois Seminários Regionais de Cooperativas Populares do Nordeste, ambos realizados na Parnaíba (PI).
No primeiro, em agosto de 2007, participaram 160 cooperados das regiões de Lençóis Maranhenses (MA), Serra da Capivara (PI) e Jericoacoara (CE). Debates sobre gastronomia, hospedagem, artesanato e transporte fizeram parte da programação. Como resultado, a inclusão da região do Delta do Parnaíba no projeto e a criação da Rede Nordestina de Cooperativas Populares, com o objetivo de integrar economicamente as regiões.
O segundo seminário, em agosto de 2008, teve a participação de 200 pessoas. O intuito era dar continuidade ao trabalho que, a partir de 2009, deverá ser assumido pela comunidade local. A idéia era promover a inserção dos produtos dos grupos na cadeia produtiva do turismo, afirma coordenadora geral de Projetos de Estruturação do Turismo em Áreas Priorizadas do MTur, Kátia Silva.
No encontro foram discutidas estratégias de produção associadas ao turismo, questões relacionadas a marcos jurídicos e elementos de políticas públicas necessários ao fomento da economia popular no turismo.
Esse seminário promoveu a participação política e econômica dos cooperados. Isso é recompensador, pois hoje essas comunidades fazem negócios e participam de fóruns que discutem políticas públicas e definem as diretrizes do desenvolvimento do turismo local, diz Silva.
Ministério do Turismo
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