O Conselho de Nova York aprovou nesta quarta-feira(28) uma resolução recomendando que os cidadãos não usem o termo "nigger" ou "nigga" (negro) que por seu antigo teor racista ainda ofende muitos afro-americanos , segundo agência AP.
Leroy Comrie, integrante do Conselho e responsável pela medida, começou seus esforços semanas atrás no início do mês da história negra, para recomendar aos nova-iorquinos a voluntariamente parar de usar a palavra "nigger" (corresponde a "negro" em português. Na língua inglesa, o termo tem uma conotação depreciativa e racista).
A proposta gradualmente ganhou visibilidade e apoio nacional. "Pessoas estão usando-a fora de contexto", disse Leroy Comrie, integrante do Conselho e responsável pela medida. "Pessoas estão denegrindo a si mesmas ao usar a palavra, e desrespeitando sua história, desrespeitando a história de um povo e de um país, e também se colocando em uma luz negativa que precisamos corrigir".
Outras comunidades aprovaram medidas similares, e um colégio historicamente para negros no Alabama recentemente promoveu uma conferência para discutir o termo degradante, que também é de uso comum de jovens.
Em Nova York, favoráveis à medida se juntaram no City Hall, muitos usando pequenos broches com um pequeno "N" branco em um círculo cortado por uma tarja vermelha, em sinal semelhante à proibição de placas de trânsito.
O preconceito racial tem histórico nos Estados Unidos. O termo "nigger" era usado livremente até a era dos Direitos Civis, em 1960. O termo aceitável utilizado para designar descendentes de africanos nos EUA é "African Americans", mas principalmente grupos de hip-hop utilizam amplamente o vocábulo.
"A música tem muito a ver" com o uso tão estendido da palavra ''N'', afirma Kim Carey, de 30 anos de idade, executiva de contas em uma agência de emprego e residente no Bronx, que acrescenta que está em quase todas a linhas das músicas de hip-hop.
O termo faz parte até mesmo da linguagem habitual de muitos jovens brancos, como express г o de camaradagem entre os membros do grupo.
As pessoas que o usam alegam que é preciso levar em conta a intenção com a qual é empregado, e inclusive que sua utilização contínua o despojará do caráter pejorativo.
"Sou afro-americana e não gosto que seja usado, mas é certo que há diferençass se é usado por um branco ou por um negro", declarou Carey.
O incidente protagonizado pelo ator Michael Richards, o Kramer de "Seinfeld", que usou essa e outras expressõs racistas contra quatro espectadores negros que n г o estavam satisfeitos com seu espetáculo, fez muitas pessoas da comunidade negra lembrarem que certas atitudes continuam muito vivas, apesar da passagem dos anos. O famoso boxeador Muhammad Ali, ao se recusar a ir servir na guerra do Vietnã, disse "Não tenho nada contra nenhum Vietcongue.Nenhum vietnamita nunca me chamou de ´nigger´" .
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