A curta-metragem de animação portuguesa «História trágica com final feliz», uma co-produção da Ciclope Filmes (Portugal) Folimage (França) e Office National du Film (Canadá), de Regina Pessoa, ganhou sábado o principal prémio do Festival de Curtas--metragens de Barcelona.
O prémio Mecal à melhor curta-metragem internacional, no valor de 1200 euros, foi atribuído ex aequo à polaca «Melodrama», de Filip Maeczekiski (2005). Ao todo, concorreram ao prémio 49 curtas-metragens de ficção de diferentes países. «História trágica com final feliz» (35 MM, 2005), é uma co-produção da Ciclope Filmes (Portugal) Folimage (França) e Office National du Film (Canadá).
A animação conta a história de uma menina com um coração que, por bater muito depressa, faz tanto barulho que incomoda as outras pessoas. O filme narra em sete minutos a evolução da relação entre a personagem e a sociedade que a rejeita. A ideia metafórica de um coração que molesta os outros é brilhante. E é muito clara. Tinha que ser premiada, afirmou o realizador catalão Kikke Maílo, que destacou a sensibilidade e o interesse formal da animação.
Também integraram o júri da secção Internacional Dawn Sharpless, directora da distribuidora britânica «Dazzle», e o jornalista catalão especializado em cinema catalão Ferran Auberni. Todos destacaram a qualidade das curtas-metragens de animação apresentadas no certame. É o género que está a dar mais renovação ao cinema, explicou Ferran Auberni à Agência Lusa. É onde se vêem as propostas mais criativas, a nível técnico e de ideias, sublinhou. Se renuncias a preconceitos vês que a história deste filme é encantadora. Muito terna, muito original e muito bem contada, com ritmo e bem desenhada. Para além disso, pode chegar facilmente ao público, disse.
Por sua vez, Regina Pessoa afirmou que o prémio representa a confirmação de que não estava errada ao optar por fazer animação.
A curta-metragem de 2005 recebeu já mais de vinte prémios entre os quais se encontra o Grande Prémio Annecy 2006, o mais prestigioso do género. Segundo Regina Pessoa, o reconhecimento tem acontecido, sobretudo, a nível internacional. Portugal ainda não reconhece este tipo de arte. O público está mais habituado às artes clássicas, referiu. Regina Pessoa considerou, no entanto, que a nível de produção os realizadores portugueses de curtas-metragens são privilegiados porque contam com o apoio regular do ICAM, que garante o financiamento parcial de alguns filmes, o que não acontece em todos os países. A autora explicou também que optou por uma co-produção internacional por motivos financeiros e técnicos. Não há muitos animadores em Portugal, comentou.
A obra foi animada e finalizada em França, onde se desenvolveu uma técnica própria. As imagens foram gravadas num papel especial coberto com tinta-da-china preta. O desenho dos intervalos foi feito em Portugal. Depois da montagem de imagens, o filme foi enviado ao Canadá, para a realização da banda sonora e da mistura de áudio. Portugal foi o país convidado da nona edição do MECAL, o que se traduziu na projecção de outras 13 curtas-metragens portuguesas dos últimos 11 anos. A selecção foi feita em colaboração com a Agência da Curta-Metragem Portuguesa.
Entre as escolhidas esteve o primeiro trabalho de Regina Pessoa, «A Noite» (1999). Portugal esteve ainda representado na secção Oblíqua, com «Um Homem», de Laurent Simões, e em Ok Computer, com a animação «Subterrain Atraction», de Alexandre Manuel Dias Farto, ambas de 2005.
O júri atribuiu o prémio de Melhor Curta-metragem espanhola a «La Guerra», de Luiso Berdejo e Jorge C. Dorado (2005). «El Cerco», de Ricard Iscar e Nacho Martín (Espanha, 2005), foi o galardoado da secção Oblíqua.
Os prémios do público foram atribuídos a «Heavy Metal Jr», de Chris Waitt (Espanha, 2006, melhor documentário), e a «Zapatos Limpios», de Oriol Puig (Espanha, 2005, melhor curta-metragem). Este ano, o Festival Internacional de Curtas-metragens saiu do Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona (CCCB) para apostar em novos espaços: a praia da Barceloneta, a Sala Apolo, e o Parque do Fórum.
Outras novidades desta nona edição foram a reintegração no programa da Mercè as festas da cidade de Barcelona, das quais se tinha desvinculado e o facto de se ter tornado um festival com entrada gratuita.
Segundo "O Primeiro de Janeiro"
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