Sabemos que as pessoas no Brasil são conhecidas pelos seus apelidos. Uma revelação curiosa foi feita pelo cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer . Segundo ele ter o apelido exótico não resulta uma votação expressiva nas eleições.
Nas eleições gerais de 2002, por exemplo, o percentual de candidatos que utilizava um apelido nas urnas e conseguiu se eleger para a Câmara de Deputados foi inferior a 2%, segundo levantamento feito pelo G1. Dos 513 eleitos há quatro anos, apenas sete contavam nas urnas com um apelido sem relação com o nome ou sobrenome.
Fleischer, que nasceu nos Estados Unidos, destaca que o uso de apelidos é uma característica bem pessoal do brasileiro. "O brasileiro tem facilidade, um dom de inventar apelido para tudo. Mas têm candidatos também que usam apelidos em forma de deboche, achando que o deboche vai ajudar no reconhecimento do eleitorado."
No pleito de 2002, por exemplo, havia candidatos com os mais variados nomes, como Piu-Piu, Tucunaré, Melão, Alicate, Jacaré, Riquinho, Xeroso, Tranqüilo, Sem Terra, Ninguém, Bola, Churros, Banha, Zebrinha, Espeto, Penta, Lua, Pipoca, Bolinha, Borracha e Coxinha. Apesar da criatividade, nenhum deles acabou eleito.
A maioria deles optou por associar seu nome na urna a um apelido pelo qual é conhecido. É o caso de Zebrinha, que se chama Wilmar Cisilio de Sousa e concorreu a uma vaga a deputado estadual em Goiás em 2002. Ele, porém, recebeu apenas 270 votos e ficou distante de se eleger para a Assembléia Legislativa.
"Sou taxista aqui em Goiânia e todos me conhecem por Zebrinha. Me colocaram este apelido, pois eu jogava na loteria e o dia em que não joguei deu a quina na loto", diz Sousa, que, além de Zebrinha, é conhecido por outros apelidos. "Sou chamado também de Catitu, Ninho de Ghuacho, Doutor Paroba, Seu Madruga",cita.
Osvaldo Simões de Mello também apostou em um apelido, Coxinha, mas obteve só 31 votos na eleição para deputado estadual no Paraná. "É um apelido que tenho desde o tempo em que jogava futebol. Na verdade, o apelido era do meu irmão, que era chamado de Coxa, mas, depois, começaram a me chamar de Coxinha, e o apelido pegou."
Na eleição 2006, a criatividade dos candidatos a deputado estadual e federal é ainda maior. Nos programas eleitorais pelo país, os eleitores estão se deparando com os mais engraçados nomes, como Fome, Flanelinha do Ayrton Senna, Piska Piska, Quem Quem, O Chato, Indignados, Touro Bandido, He-Man, Papai Noel, Biscoito e Chinelo.
De acordo com Fleischer, a maioria dos candidatos tem como objetivo chamar atenção. "Às vezes, o candidato acha que a gozação vai pegar, mas, para maioria dos eleitores, isso (apelido) não tem nenhum sentido. Usualmente, isso não atrai muitos votos, mas é uma forma dele tentar ficar conhecido", analisa o cientista político.
Fonte :Globo
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