O setor tem participação forte no PIB e emprega 20% da mão-de-obra formal - O Sistema Firjan mapeou, em estudo ainda inédito no Brasil, a cadeia produtiva da indústria criativa no país e, em especial, no Estado do Rio de Janeiro, para encontrar o número de trabalhadores, renda do trabalho, número de estabelecimentos, com base nos dados da RAIS referentes a 2006.
Rio, 27 de maio de 2008
O Sistema Firjan mapeou, em estudo ainda inédito no Brasil, a cadeia produtiva da indústria criativa no país e, em especial, no Estado do Rio de Janeiro, para encontrar o número de trabalhadores, renda do trabalho, número de estabelecimentos, com base nos dados da RAIS referentes a 2006.
O reconhecimento da importância de determinadas atividades com conteúdo intelectual, artístico e cultural que agregam valor a bens e serviços se deu no Mapa do Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro, quando a indústria criativa foi destacada entre os segmentos âncora da economia fluminense.
Os dados do Relatório A Cadeia da Indústria Criativa no Brasil, elaborados pela diretoria de Desenvolvimento Econômico do Sistema Firjan, mostram a participação de 16,4% de toda a cadeia produtiva do setor no Produto Interno Bruto (PIB) nacional e de 17,6% no PIB estadual, ambas impulsionadas pelos segmentos de arquitetura e moda. Os percentuais equivalem, respectivamente, à movimentação de R$ 381,3 bilhões e de R$ 54,4 bilhões de toda a riqueza produzida em 2006.
O impacto da economia criativa no Rio de Janeiro, no entanto, sobe para 22,3% do PIB estadual ao se retirar do cálculo a indústria extrativa do petróleo e gás natural, responsável por 20% do total.
O número de trabalhadores na indústria criativa, em todo o país, soma 7,648 milhões de pessoas, sendo 3,374 milhões no Estado do Rio de Janeiro, ou seja, 21,8% e 23,1%, respectivamente, do total de trabalhadores formais. O estado tem a maior participação entre as principais federações do país.
As empresas do setor a maioria delas formada por microempresas, com menos de 20 empregados eram, em 2006, 920 mil, no Brasil, e 227 mil, no estado, com geração de renda do trabalho de R$ 41,117 bilhões e R$ 4,487 bilhões, respectivamente.
O estudo é o ponto de partida para o Sistema Firjan exercer o papel de articulador entre os diversos elos da cadeia produtiva da indústria criativa. O setor desponta como instrumento de estratégia econômica para países em geral e, em particular, para os em desenvolvimento, dada a sua capacidade de gerar mais empregos por valor investido e retorno financeiro superior a vários outros setores da economia.
O Rio de Janeiro, por suas características culturais econômicas e históricas, reúne condições únicas para liderar a indústria criativa brasileira.
O conceito de indústria criativa ainda se encontra em evolução, sem consenso, mas todos estão ligados à dinâmica de criar e transformar idéias em produtos e serviços. A terminologia é recente, surgida em 1998, no entanto, a criatividade sempre existiu na humanidade. O fato novo é a conscientização da dimensão econômica sobre a sua cadeia produtiva.
O relatório do Sistema Firjan analisa o movimento surgido nos últimos anos, em todo o mundo, a partir do Reino Unido pioneiro na iniciativa , para reconhecer em determinadas atividades um atributo criativo essencial, intrínseco à produção.
A definição de indústria criativa adotada pelo Sistema Firjan, levando em conta as especificidades da economia brasileira, se aproxima bastante do conceito apresentado no relatório da UNCTAD (Organização das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento). Em outras palavras, a indústria criativa retrata os ciclos de criação, produção e distribuição de bens e serviços que usam criatividade e capital intelectual como insumos primários.
A cadeia da indústria criativa no Brasil, de acordo com o relatório do Sistema Firjan, foi dividida em três grandes áreas: núcleo, atividades relacionadas e de apoio. O núcleo composto essencialmente por serviços, que abrange 12 segmentos expressões culturais, artes cênicas, artes visuais, música, filmes e vídeo, tv e rádio, mercado editorial, software e computação, arquitetura, design, moda e publicidade tem a atividade criativa como parte principal do processo produtivo.
As atividades relacionadas e de apoio incluem os mais diversos segmentos de construção, indústria, comércio e serviços que alimentam econômica e diretamente o núcleo. Nas três áreas da cadeia criativa identifica-se forte interdependência entre elas.
Mercado de trabalho da indústria criativa
O estudo mostra que a cadeia produtiva da indústria criativa responde por 21,8% do total da força de trabalho brasileira formal, ou seja, 7,648 milhões de trabalhadores de um total de 35,155 milhões. No Estado do Rio, a participação do setor no mercado de trabalho formal sobe para 23,1%, com a absorção de 780,4 mil pessoas num total de 3,374 milhões de trabalhadores.
O estudo mostrou que, em 2006, apenas as atividades do núcleo da indústria criativa empregam 638 mil trabalhadores no país, ou 1,8% do total dos trabalhadores formais. No Rio de Janeiro, a concentração de empregos no núcleo é maior: 2,44% dos trabalhadores do mercado formal fluminense, ou 82 mil pessoas.
Já as atividades relacionadas empregaram 8,3% do total dos trabalhadores formais brasileiros, correspondentes a 2,9 milhões de pessoas empregadas, com a indústria respondendo por 1,7 milhão de postos de trabalho ou 58,7%. As atividades de apoio, por sua vez, empregaram quatro milhões de pessoas ou 11,6% do total de empregos formais no país.
Na economia fluminense, foram encontrados 248 mil trabalhadores vinculados às atividades relacionadas e 451 mil nas de apoio, representando parcelas de 7,3% e de 13,4% do mercado de trabalho total.
Os dados, extraídos da RAIS e elaborados pela diretoria de Desenvolvimento Econômico do Sistema Firjan, revelam que as microempresas com menos de 20 empregados predominam na cadeia criativa em todo o país e também no estado. Do total de 2,834 milhões de estabelecimentos nacionais, 920 mil pertenciam ao setor, sendo que as microempresas detinham parcela próxima a 90% do total. Padrão semelhante se repete no Estado do Rio de Janeiro.
Geração de renda
Os trabalhadores do núcleo da cadeia criativa brasileira, a exemplo do que ocorre em outras partes do mundo, são mais bem remunerados do que a média nacional, em decorrência do alto valor agregado da atividade que exige, na maioria das vezes, grau mais elevado de instrução.
A renda média mensal do núcleo foi de R$ 1.666,00, 42% superior à média de R$ 1.170,00 dos trabalhadores formais do país. No Rio de Janeiro, os valores são maiores: a renda média do núcleo foi de R$ 2.182,00, 64% acima da média fluminense de R$ 1.330,00.
Em termos de país, a renda média nacional nas atividades relacionadas e de apoio ficou em R$ 757,00 e R$ 842,68, respectivamente. No Rio de Janeiro, os salários médios também foram superiores aos pagos no país, ou seja, R$ 777,78 e R$ 950,00, pela ordem.
Perfil das empresas da indústria criativa
As microempresas, maioria no núcleo da cadeia criativa, empregaram em média 12,2 trabalhadores por estabelecimento. Do total de 52,3 mil empresas que atuavam no núcleo da cadeia criativa nacional em 2006, 87,6% do quadro de pessoal delas acusavam menos de 20 pessoas. Condições semelhantes foram encontradas no estado que apresentou 14,7 empregados por empresa fluminense pertencente ao núcleo, sendo que 85,5% dos estabelecimentos empregavam menos de 20 trabalhadores.
Nas atividades relacionadas as características são bem parecidas. A média é de 8,3% empregados por empresa no país, sendo que 92% das companhias apresentavam menos de 20 empregados. Nas atividades de apoio, a média nacional foi de 7,9 trabalhadores em cada empresa, estando 93,4% deles em estabelecimentos com menos de 20 empregados.
O mesmo perfil seguem as empresas fluminenses, com a média de 14,7 empregados no núcleo, de 8,47 nas atividades relacionadas e de 8,17 nas de apoio, em um total respectivo de 5,59 mil, 29,22 mil e 55,14 mil estabelecimentos, a maior parte deles formada por microempresas.
Setores líderes
No Brasil, a liderança da indústria criativa cabe às áreas de arquitetura, moda e design. Juntas respondem por 82,8% do mercado de trabalho criativo, por 82,5% das empresas e por 73,9% da massa salarial. A renda do trabalho de cada uma delas, pela ordem, é de R$ 2,642 bilhões, R$ 1,513 bilhão e R$ 812,1 milhões. O salário médio nacional do núcleo correspondeu a R$ 1.666,00, 42% superior à média de R$ 1.170,00 dos trabalhadores formais do país.
Os dados relativos à cadeia criativa fluminense seguem o padrão nacional. Também são os três setores arquitetura, moda e design que reúnem o maior número de empresas e postos de trabalho. Mas em relação à renda do trabalho per capita fluminense, de R$ 1.330,00, em média, superior à nacional, destaca-se o setor de televisão, por conta da presença de grandes emissoras e produtoras no estado. Também a renda média do núcleo, de R$ 2.182,00, ficou 64% acima da média fluminense. Em comparação aos demais estados brasileiros, o trabalhador do núcleo da indústria do Estado do Rio de Janeiro é o mais bem remunerado.
Artes visuais e software são outros setores que também se sobressaem e completam a lista de categorias com maior renda per capita, indicando a força das atividades tanto de cultura quanto de tecnologia da informação no Rio de Janeiro. O setor de televisão é o que tinha, em 2006, a renda per capita mais elevada: R$ 3.172,00, seguindo-se artes visuais com R$ 2.461,00 e software com R$ 1.921,00.
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