Por Martha Ferreira*
A Economia do Meio Ambiente é um campo relativamente novo e surgiu na literatura econômica, nos Estados Unidos, a partir dos anos 50, começando a se formar por causa das pressões ambientais. Ela estuda o impacto das relações econômicas sobre o meio ambiente e a forma de se obter o máximo da natureza, sem destruí-la.
Nas últimas décadas, ficou claro que os recursos ambientais começaram a escassear: o ar puro foi ficando cada vez mais poluído, a água potável menos disponível, os solos mais degradados, espécies da fauna e flora em extinção acelerada, minerais cada vez mais difíceis de serem extraídos e a biodiversidade sendo perdida.
Em 1972 foi publicado The Limits to Grow, denominado mais tarde de Relatório Meadows. Sua conseqüente reflexão apontava para um cenário catastrófico: a impossibilidade de perpetuar o crescimento econômico devido à sua incompatibilidade com a preservação dos recursos naturais. Passou-se a discutir, então, acelerar ou desacelerar o ritmo do crescimento econômico, colocando limites nele, devido à finitude dos recursos da natureza e ao crescente aquecimento global.
A desaceleração da economia, através da adoção de medidas visando reduzir o aquecimento global, recebeu muitas críticas. Acreditava-se que, por trás desse argumento, estariam ações restritivas sobre as empresas, e que elas causariam desemprego e queda nas taxas de crescimento da economia.
Daí, surgiu o Desenvolvimento Sustentável, do polonês Ignacy Sachs. Na visão desse ecossocioeconomista, o desenvolvimento só pode ser alcançado, se construído sobre 03 bases de sustentação: sucesso econômico (gerenciamento e alocação mais eficientes dos recursos e fluxo constante de investimentos públicos e privados), acrescido de aumento igualitário do bem-estar social (distribuição de renda e de bens, para reduzir o abismo entre os padrões de vida dos ricos e dos pobres) e preservação ambiental (aumento da capacidade de utilização dos recursos; limitação do consumo de combustíveis fósseis e produtos que são facilmente esgotáveis; e a redução da geração de resíduos e poluição).
Observar que as áreas mais degradadas e poluídas ficam desvalorizadas, incentivando sua ocupação por uma população de baixa renda, que consome menos, cujos gastos com saúde pública aumentam, na medida em que os problemas com a poluição do seu meio ambiente avançam. Fica evidente que o meio ambiente afeta e é afetado pela economia, e que o bem estar das pessoas depende de uma interação ecossocioeconômica equilibrada.
Isso, porém, não significa transformar toda a agricultura em orgânica, não considerando sua menor produtividade, e nem acabar com a indústria e as exportações potencialmente poluidoras, mas sim, criar novas tecnologias, formas de gestão e incentivar padrões de consumo mais saudáveis ao meio ambiente e, especialmente, usar o bom senso.
E, devido à interdisciplinaridade das questões ambientais, é necessário reforçar a formação dos profissionais que atuam nesse segmento, para que não sejam taxados de neo-protecionistas, nem se acusar setores que têm uma natureza mais agressiva ao meio ambiente, de eco-delinqüentes.
Por fim, ter sempre em mente a nossa responsabilidade em relação ao futuro, lembrando The Brundtland Report, de 1987: "desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem suas próprias necessidades".
(*) Economista, consultora e conselheira do CORECON-ES
Fonte: www.cofecon.org.br
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