Nanotecnologia pode revolucionar tratamento de tuberculose
Pesquisa envolve Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCT), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade de São Paulo (USP)
A tuberculose é um problema de saúde global: matando a cada ano cerca de dois milhões de pessoas e contagia aproximadamente 8 milhões. Nos países pobres, o avanço da doença é acelerado principalmente pela precariedade dos sistemas de saúde e rapidez no desenvolvimento de resistência do organismo aos fármacos utilizados no combate à doença, entre outros fatores.
Visando contribuir para o tratamento e controle da doença, o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), órgão público federal vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, vem trabalhando na produção de nanopartículas poliméricas biocompatíveis capazes de conduzir o fármaco e promover uma liberação pulmonar controlada e localizada dos tuberculostáticos.
O Brasil, segundo levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), ocupa atualmente o 16º lugar em notificações de casos de tuberculose no mundo. Esse problema não resulta apenas de dificuldades econômicas, mas também de deficiências tecnológicas, culturais e de políticas públicas de saúde. Sob o aspecto tecnológico, o Brasil enfrenta restrições na produção de medicamentos tuberculostáticos e depende da importação da restrita oferta desses fármacos no mercado internacional.
Além disso, há pouco investimento em novos métodos terapêuticos para melhorar o tratamento, que atualmente envolve o uso de, pelo menos, três medicamentos, conforme a resposta clínica do paciente. A necessidade de ingestão diária de grande número de comprimidos e cápsulas aumenta a chance de esquecimento ou de abandono - causado também pela falta de medicamento nos postos de saúde -, colocando em risco o tratamento.
A toxicidade, principalmente da pirazinamida e isoniazida, proporciona desconforto aos pacientes. O bacilo se torna cada vez mais resistente, elevando custos do tratamento e trazendo mais dificuldades ao paciente.
Aumento da eficácia dos fármacos
O trabalho realizado pelo INT - produção e avaliação física e química -, em parceira com a Universidade Federal Fluminense - avaliação da biocompatibilidade e toxicidade - e a Universidade de São Paulo - avaliação de fagocitose de macrófogos -, visa eliminar ou minimizar problemas detectados no tratamento. As nanopartículas poliméricas são usadas para veiculação pulmonar por aerossóis e têm por objetivo facilitar o tratamento pela veiculação de três tuberculostáticos num único sistema e aumentar a eficácia dos fármacos com redução de dosagem.
O sistema proposto pelo projeto é fundamentado em nanopartículas de poliácido lático e copolímeros de ácido glicólico contendo rifampicina, isoniazida e pirazinamida, os três principais medicamentos do tratamento. Ele permite levar os remédios às células sadias e infectadas e também a liberação /in situ/ dos fármacos, o que representa um tratamento mais pontual, diretamente no pulmão, diminuindo os efeitos colaterais dos medicamentos.
O escopo da pesquisa e seus objetivos foram apresentados na última edição do ciclo de palestras "Terças Tecnológicas", no dia 19 de junho. A palestra "Nanotecnologia no combate a tuberculose: desenvolvimento, caracterização física, química e análise biológica" foi ministrada pelos pesquisadores Fabio Dantas, do INT, e José Mauro Granjeiro, da UFF.
Informações adicionais sobre o projeto em www.int.gov.br/3tecno ou com a divisão de comunicação do INT, pelos telefones (21) 2123-1295 / 2123-1242.
Gustavo BARRETO
www.consciencia.net
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