O Grande Prémio Bial da Medicina 2006, no valor de 150 mil euros, foi atribuído a um trabalho sobre o tratamento da diabetes apresentado por uma equipa de investigadores da Bélgica , que conseguiu melhorar a condição de doentes durante três anos, sem recurso à insulina.
O prémio foi entregue ontem, no Porto, pelo Presidente da República. Cavaco Silva enalteceu a importância da iniciativa da Fundação Bial e considerou ser necessária uma maior cooperação entre os mundos académico e empresarial, para transformar "o que se faz nas universidades em valor comercial".
A inclusão da Ciência na agenda presidencial, que já realizou duas jornadas sobre o tema, resulta, explicou Cavaco Silva, da vontade de "sublinhar o papel dos cientistas na sociedade".
Papel que, no caso dos prémios Bial, acentuam as contribuições para a medicina. Para além do Grande Prémio, a Fundação distinguiu mais três trabalho portugueses - um dos quais com o prémio de medicina clínica (ver caixa) -, um espanhol e um norte-americano. Cavaco elogiou a importância do tema que mereceu o grande prémio da edição de 2006, lembrando que a diabetes atinge, só em Portugal, mais de 600 mil pessoas.
A investigação premiada não deverá ser uma resposta a este número de doentes de diabetes de tipo II, já que se direcciona apenas aos 10% atingidos pela doença de tipo I. Esta tem uma origem genética e é caracterizada pela destruição de células produtoras de insulina.
Os cerca de 50 doentes que Daniel Pipeleers transplantou revelaram melhoras substanciais. Estes eram diabéticos com graves complicações e resistentes à insulina. Receberam no fígado células pancreáticas e durante um período longo, o nível de glicose no sangue estabilizou. Contudo, ao fim de três anos, voltou a ser necessário um suplemento de insulina, ainda que, explica Daniel Pipeleers, estivessem melhores do que antes da intervenção. A investigação vai continuar para tentar agora prolongar o efeito do transplante.
Daniel Pipeleers agradeceu o prémio e, brincando, garantiu que a Bélgica perdeu contra a selecção de Portugal apenas para permitir que recebessem a distinção. E que os contornos desta jogada seriam revelados no próximo livro de "mrs Carolina".
Fonte Diário de Notícias
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