Agosto é o mês negro para a Marinha russa. Dia 12 de agosto de 2000 o submarino nuclear russo Kursk afundou no Mar de Barents a 175 km do porto de Severomorsk a uma profundidade de 108 metros.
Pravda.Ru foi um dos primeiros da mídia russa, que depois da tragédia publicou a opinião de um grupo de investigadores russos afirmando o submarino militar ter morto devido à colisão com um submarino estrangeiro, provavelmente americano. Posteriormente apareceram outras opções, uma das quais refere-se à versão do submarino ter sido atacado por um torpedo. A versão foi adotada pelo relatório do Procurador-Geral da Rússia de 2002, afirmando que o torpedo foi lançado por um submarino americano em disparos de treinamento e explodiu, provocando a detonação da munição do submarino russo.
A idéia foi recentemente levantada pelo jornal polonês Wprost, referindo-se à informação alegadamente recebida do então "maior russo ", agora "tenente-coronel da Marinha, Andrei". Segundo Wprost , a minimização da tragédia por parte dos russos teria tido lugar para evitar uma guerra nuclear em larga escala.
A mesma teoria foi desenvolvida pelo diretor francês Jean-Michel Carré no filme "Kursk: Submarino em águas turvas", (2005). De acordo com o filme, o submarino russo foi assistido por dois submarinos americanos- Memphis e Toledo. Toledo aproximou-se perigosamente do Kursk e não evitou a colisão com ele. O comando do Memphis, tendo recebido um sinal acústico da abertura das comportas de torpedo, teria atacado o Kursk.
De acordo com "o tenente-coronel Andrei", o "pequeno submarino AS-15 (Kachalot do Projeto 1910 — Red.) rapidamente descobriu Kursk após o acidente. Entretanto, a ordem de começar a operação de resgate nunca chegou, embora, segundo a fonte, o submarino tivesse mergulhadores a bordo capazes de operar em profundidades de até 200 metros.Os submarinos Kachalot estão entre os mais secretos da Marinha russa. Até hoje, não se sabe se eles obedecem ao comando da Marinha. Pelo menos até 1986 foram nos registros da Direcção Principal de Reconhecimento do Exército (GRU).
"Nós pensamos que a tripulação foi morta, não houve contato com eles", revela o tenente-coronel naqula época o tripulante do Kachalot, segundo o jornal polaco. "O telefone tocou, Korabelnikov (comandante) pegou, ficou pálido e murmurou:" Estes americanos (…) afundaram o nosso navio, haverá uma guerra.
É claro que o lado americano rejeitou ambas teorias. Neste contexto, foi esquecida a presença do submarino britânico Splendid na área. Este em 1986 colidiu com submarino soviético Simbirsk e em 1999 atacou a Sérvia sendo uma vez assustado por Kursk ao navegarem no Mediterrâneo.
Após a explosão em Kursk, os dois submarino americanos deixaram a área para fazer reparos em bases da OTAN. A sua presença na área do acidente, juntamente com a harmonização de posições sobre a força maior entre Moscou, Washington e Londres, podia causar atrasos na operação de resgate dos marinheiros russos. Curiosamente, foi possível rastrear o caminho dos americanos após o incidente, mas a situação com o submarino nuclear britânico não foi esclarecida.
A idéia de um possível envolvimento do Splendid na morte do Kursk preocupa os británicos . "Wikipedia" britânica na página dedicada a Splendid argumenta que não teve nada a ver com a morte do submarino russo. "Embora as acusações ficassem infundadas, as teórias da conspiração têm os desenvolvido em diferentes direções por um longo tempo", diz "Wikipedia".
De fato, em 2000, o jornal russo Nezavisimaya Gazeta publicou a opinião de um capitão russo, segundo a qual o submarino Splendid afundou ao lado de "Kursk" no Mar de Barents, e foi destruído durante a operação para levantar o submarino russo. De acordo com o catálogo a Jane, Splendid deixou de funcionar em 200. Embora fosse o último e o mais novo submarino do projeto Swiftsure (de um total de seis), foi o primeiro a ser enviado para recados.
De acordo com fontes britânicas baseadas unicamente em dois pequenos relatórios da BBC, em 2003 este submarino "trabalhou" contra alvos no Iraque. Aliás, uma dessas matérias mostra uma imagem interessante: um marinheiro tira "Jolly Roger" do ponte de comando amassado do Splendid.
Na manhã de 04 de outubro de 2003, James Forlong, um ex-jornalista e locutor de Sky News, foi encontrado morto em sua casa em East Sussex. Ele foi demitido da TV Sky News Service depois de ter preparado um material falso com a participação de submarino Splendid no Iraque. A administração da BBC argumentou que Splendid no momento descrito estava no cais, portanto Forlong usou um vídeo do arquivo. Utilização das imagens arquivadas é de costume para a televisão. Mas esta vez, Forlong teria estado muito preocupado e decidiu acabar com sua vida. Ele nunca explicará por que fez um vídeo falso de participação de Splendid na guerra do Iraque.
K-141 Kursk foi o submarino nuclear da Classe Oscar- II. Foi batizado em homenagem a uma das maiores batalhas da Segunda Guerra Mundial, a Batalha de Kursk, em 1943. Possuía 154m de comprimento, 18m de largura, e equivalente a quatro andares de altura (peso estimado de 18.000 ton), sendo considerado o maior submarino de ataque já construído e indestrutível pelos marinheiros russos, devido ao seu tamanho e aos recursos tecnológicos.
Começou a navegar em 30 de dezembro de 1994. Desde 1995 a 2000, o Kursk funcionou na Frota Russa do Norte. Afundou no Mar de Barents 175 km de Severomorsk a uma profundidade de 108 metros no acidente, que ocorreu 12 de agosto de 2000. Todos os 118 membros da tripulação a bordo ficaram mortos. 23 marinheiros haviam conseguido sobreviver por um período de dois dias após o acidente. Depois da explosão na câmara de mísseis, os tripulantes foram para o compartimento número nove do submarino, localizado na proa, e emitiram sinais de socorro por 48 horas. Pelo número das vítimas é o segundo acidente na história de pós-guerra com submarinos nacionais.
Anatoli Miranovsky
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