Newsweek chama à Rússia "Estado Pária"

De vez em quando, os meios de comunicação ocidentais sentem a necessidade de dar um sinal de vida. Os "jornalistas" necessitam justificar a sua existência, as publicações necessitam vender mais exemplares e a regra de ouro é achar algo negativo a dizer sobre outro país, achando um "eles" para justificar o "nós". Nos EUA, a última edição do Newsweek fornece um exemplo clássico do protagonismo tão insolente quanto chauvinista, tão frequente na sua comunicação social, chamando à Rússia um "estado pária".

De onde vêm esses “jornalistas”? No ano passado foi a Anne Applebaum (prémio Pulitzer) jogando ao ataque porque Pravda.Ru referiu a Kasparov como um palhaço político sem esperanças, enquanto o Ocidente entendeu que ele seria um bom anti-herói para apresentar às paredes do Kremlin. Como de costume, enganaram-se. Gary Kasparov tem mais possibilidades de ser eleito Presidente de Azerbaijão do que da Rússia e ainda por cima é provavelmente mais popular em Nova Iorque do que em Baku.

Agora temos Michael Freedman, estragando uma conversa inteligente sobre a questão de Kosovo “Winning the battle of Kosovo” (Newsweek, 15 de Março de 2008) com a frase absurda: "Enquanto Sérvia é amarrada à Rússia, cada vez mais um estado pária, pouco mudará para Kosovo".

Até então, Michael Freedman tinha admitido que só 32 das 192 nações na comunidade internacional tinham reconhecido o estatuto de Estado ao Kosovo, embora nenhuma vez fez lembrar aos seus leitores que Kosovo é uma parte integral de Sérvia, sempre foi, e sob a lei internacional, sempre será a menos que haja uma deliberação ao contrário pelo Conselho de Segurança de Organização das Nações Unidas.

Até então, o autor tinha admitido que Sérvia tinha sido bem sucedido na sua campanha diplomática perante a comunidade internacional e tinha salientado as razões por que só um punhado de nações considerou o estatuto de Estado para Kosovo uma proposta válida.

O que convenceu o autor a referir à Rússia como um "estado pária" desafia a lógica. Foi a sua redacção, que lhe disse para temperar a peça se quisesse receber seu cheque ou ver seu contrato renovado? Ou foi mais um caso de arrogância, beligerância e chauvinismo, aquela atitude mais-sagrada-que-a-Bíblia tão comum nos EUA depois que dois termos do regime de Bush tê-lo dirigido ao pântano, onde perdeu seu caminho de forma tão desastrosa?

Tão sujo esse pântano, de facto, que Washington hoje é retrato de uma figura pesarosa e patética, no esgoto criado por si, depois de quebrar todas as leis no livro, mas simultaneamente proclamando a sua auto-satisfação enquanto actua como um estado criminoso, fingindo ser uma autoridade sobre o terrorismo internacional enquanto ajuda terroristas, enquanto auxilia organizações como a UÇK (KLA) e apoia abertamente criminosos e terroristas como Hashim Thaçi.

Então quem é o estado pária? É a Federação Russa, que prega uma abordagem multilateral nas relações internacionais, baseada na regra de lei e um processo de tomada de decisões que necessariamente envolve o fórum adequado, o Conselho de Segurança da ONU? Ou o estado pária será aquele cujas forças militares perpetraram actos horríveis de tortura em Abu Ghraib?

O estado pária não será o responsável por actos de tortura em Guantanamo? Ou a invasão ilegal do Iraque? Ou a escolha de alvos civis para destruir com equipamento militar, para depois distribuir contratos de reconstrução entre os compadres da Casa Branca, sem concurso público?

Assim como o termo "pária" referia originalmente às “resíduos” da sociedade no sistema de castas em Tamil Nadu, os párias na comunidade internacional actual são o movimento de independência dos albanês kosovares, baseado ao redor da liderança da organização criminosa e terrorista KLA e seus defensores – os EUA e as nações européias ricas que ficaram gordas com séculos de imperialismo e colonialismo, chupando suas vítimas secas como as sanguessugas e vampiros que sempre foram e continuam a ser.

Timothy BANCROFT HINCHEY

PRAVDA Ru

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey