A Rússia vai desenvolver uma nova doutrina militar, tendo em conta os planos do governo americano para construir um sistema de defesa antimísseis no Leste Europeu anunciou ontem o Conselho de Segurança do país.
O documento divulgado pelas autoridades russas não citou especificamente os EUA, mas afirmou que "a configuração da presença militar está sendo alterada e alianças militares, especialmente a Otan, estão sendo fortalecidas."
Em mais um capítulo da polêmica, o comandante da Força Aérea de longo alcance general russo Igor Khvorov afirmou ontem que a força aérea do país tem capacidade para destruir completamente as instalações de defesa dos EUA na Europa.
Nesta segunda-feira o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, pediu um debate calmo dentro da UE, Otan e com a Rússia sobre o plano americano, revelando a preocupação de que o plano dos EUA possa abalar a região.
O primeiro-ministro checo, Mirek Topolanek, defendeu a participação do seu país no plano, rejeitando as críticas do chanceler de Luxemburgo, Jean Asselborn, para quem o projeto ameaça provocar novas tensões com a Rússia.
'Quanto aos 18 Estados membros da União Européia que abrigam bases militares dos EUA, não cabe a eles comentar sobre a existência de tal presença na República Checa', disse Topolanek a jornalistas na sede da Otan.
Os EUA querem instalar um sistema de radares em território checo e também uma bateria de mísseis na Polônia, como parte do escudo que seria capaz de derrubar mísseis disparados por governos que Washington trata como 'párias', especialmente Irã e Coréia do Norte.
Os países da Otan aceitaram numa cúpula em novembro manter discussões de baixo escalão sobre a conveniência de a aliança participar do escudo, mas não há decisões previstas para breve.
Muitos países europeus estão preocupados com os enormes custos envolvidos, enquanto outros temem prejuízos nas relações euro-russas e põem em dúvida a real ameaça dos mísseis de longo alcance.
'Para mim, é incompreensível que depois do final do século 20 e da queda do Muro de Berlim alguém comece uma escalada (armamentista) outra vez', disse o luxemburguês Asselborn, referindo-se aos temores de que Moscou reaja apontando mais mísseis contra a Europa.
'Não teremos estabilidade na Europa se encurralarmos a Rússia. Devemos ajudar Polônia e República Checa a se concentrarem em torno de uma posição européia', afirmou o ministro, antes de os chanceleres da UE discutirem rapidamente o assunto em Bruxelas.
Fonte: Agência Estado
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