Oleg Khintsagov, morador da Ossétia do Norte (sul da Rússia), foi preso na Geórgia em fevereiro de 2006 após levar cem gramas de urânio altamente enriquecido .Ele foi condenado nesta quinta-feira a 8 anos e meio de prisão. Antes de ser detido, o contrabandista disse aos agentes ter mais 2 ou 3 quilos do material em Vladikavkaz, capital da Ossétia do Norte.
Segundo um documento publicado hoje pela Reuters o urânio capaz de ser usado em armas nucleares poderia ter origem da cidade russa de Novosibirsk. O documento, marcado como confidencial, parecia ser um fax enviado pelo Serviço de Segurança Federal (FSB) da Rússia ao Ministério do Interior da Geórgia, em resposta ao pedido georgiano de ajuda na investigação do caso.
Uma fonte do ministério georgiano disse à Reuters, sob anonimato, que o documento é autêntico, inclusive na referência a Novosibirsk, uma importante cidade e centro de pesquisas científicas na Sibéria. "No momento estamos conduzindo atividades investigativas para estudar as ligações [de Khintsagov e seus cúmplices] a respeito do seu possível envolvimento no comércio ilegal de materiais radiativos", disse o documento.
"Também estamos conduzindo verificações sobre o testemunho de O.V. Khintsagov sobre a possível aquisição por parte dele de urânio na cidade de Novosibirsk."
Segundo o documento obtido pela Reuters, o urânio-235 não havia sido submetido a processamento durante mais de dez anos, o que indica que o material era da época, na década passada, em que a segurança das instalações nucleares pós-soviéticas era precária, segundo especialistas.
O documento diz que Khintsagov comprou em 2.000 passagens aéreas de Moscou para Novokuznetsk e Omsk. Novosibirsk fica entre essas duas cidades russas.
As autoridades georgianas disseram na quinta-feira que, ao ser preso, Khintsagov levava o urânio em sacos plásticos nos seus bolsos.
O documento era datado de maio de 2006. Na sexta-feira, o FSB se recusou a comentá-lo.
Entretanto este sábado o ministro de Assuntos Exteriores russo, Serguei Lavrov qualificou de "provocação" a condenação de Khitsagov.
"Posso dizer que isto é uma provocação. Preferiríamos que este caso tivesse sido resolvido por especialistas", disse o ministro citado pela agência "RIA Novosti".
O chanceler russo acrescentou que seu compatriota foi detido em uma operação na qual as autoridades georgianas contaram com a colaboração dos "serviços de inteligência dos Estados Unidos".
Por outro lado, Lavrov assinalou que "especialistas do Serviço Federal de Segurança (FSB, antigo KGB) e da Agência Atômica Russa (Rosatom) se reuniram com o detido em Tbilisi e este não pôde esclarecer nada".
Os especialistas do Instituto de Materiais Inorgánicos da Rússia Academico Bochvar concluiram esta sexta-feira que a investigação das amostras do urânio enviado da Geórgia não resultou quanto à procedência da substância por causa da uma porção demaciado pequena para o análize.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) denunciou nos últimos anos vários casos de contrabando de urânio e plutônio de origem soviética.
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