O presidente russo, Vladimir Putin termina hoje (26) a sua visita de dois dias à Índia. Nesta sexta-feira no âmbito da comemoração do Dia da República, na capital indiana ele assiste ao desfile militar como um convidado de honra . As principais ruas da Nova Deli foram cortadas ao trânsito e cerca de 10 mil agentes ocuparam diferentes lugares, especialmente nas áreas por onde passará a comitiva oficial, segundo a agência indiana PTI.
A vigilância também foi reforçada em pontos movimentados como estações de metrô, trem e ônibus, o aeroporto e os principais mercados da capital. Serviços de inteligência alertaram para uma possibilidade "genérica" de atentados, mas sem nenhuma "ameaça concreta".
Milhares de indianos assistem ao desfile, que lembra o 58º aniversário da Constituição. Desfilam 36 aviões da Força Aérea, tanques, armas nucleares e comitivas dos 26 estados do país.
Ontem Putin e o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, reagiram indirectamente ao anúncio feito na quarta-feira pela China sobre a realização de um teste com um míssil anti-satélite, apelando à existência de um espaço sem armas. A posição de fundo da Federação Russa é que o espaço deve ser livre de armas, declarou o presidente russo, que iniciou uma visita oficial de dois dias à Índia. Apesar do anúncio de quarta-feira, a China assegurou que não pretende participar em qualquer corrida ao armamento no espaço.
Putin, que disse que a China não foi o primeiro país a fazer um ensaio deste tipo, advertiu que não se deve deixar o génio sair da lâmpada, frisando que cada vez mais se ouve falar nos círculos militares dos Estados Unidos de tentativas para militarizar o espaço. Singh, por seu turno, afirmou que a Índia tem posição semelhante, e portanto não favorável a armamento no espaço. Entre os documentos assinados no final da reunião de Putin com Manmohan Singh destaca-se o protocolo de intenções de colaboração no campo da energia nuclear.
A Rússia vai construir mais quatro reactores nucleares de mil megawatts, além dos dois que estão já em construção em Kudankulam. No documento sublinha-se que a Índia se compromete a manter os referidos reactores, sob o controlo da Agência Internacional para a Energia Atómica. A União Indiana não assinou o tratado de "Não proliferação das Armas Nucleares", que impõe aos signatários o controlo por parte daquela agência. Por seu lado, Moscovo apoia a candidatura da Índia a membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, se se confirmar um possível alargamento deste.
Numa declaração conjunta, ambos se pronunciam a favor de "uma ordem mundial multipolar", sublinham a convicção de que "as soluções para o problema nuclear iraniano poderem ser encontradas exclusivamente numa base político-diplomática", e manifestam preocupação pelas situações no Afeganistão e no Iraque.
A visita do presidente Putin foi precedida por uma reunião da Comissão Mista para a Colaboração Técnico-Militar dos dois países, que levou a Nova Deli o vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa, Serguei Ivanov. Na conclusão destes trabalhos foi anunciado que a Índia tenciona comprar à Rússia 300 tanques T-90, e os dois países planeiam desenvolver em conjunto um caça-bombardeiro da "quinta geração". Moscovo participa ainda num concurso para o fornecimento de 126 caças-bombardeiros, para o qual os russos estão a propor o Mig-35. A Índia é, depois da China, o principal cliente da indústria militar russa.
Com Público
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