BRICS alerta para os riscos do unilateralismo

BRICS alerta para os riscos do unilateralismo

Na X Cimeira do BRICS, os presidentes sul-africano e chinês defenderam o multilateralismo e alertaram para os efeitos negativos do proteccionismo na economia mundial.

Esta quinta-feira, segundo dia da cimeira que hoje termina em Joanesburgo, na África do Sul, os chefes de Estado ou de governo do BRICS, organismo que representa as principais economias emergentes do mundo, debateram temas como a cooperação e as ameaças ao comércio mundial, bem como questões relacionadas com o actual cenário político e de segurança internacional.

A sessão de ontem - precedida, na quarta-feira, pela realização do Fórum de Negócios do BRICS - foi presidida pelo chefe de Estado sul-africano, Cyril Ramaphosa, e contou com a participação e as intervenções dos presidentes do Brasil, da Rússia e da China, e do primeiro-ministro da Índia, que abordaram a fundo questões relativas à cooperação entre os seus países, sob o lema «BRICS em África: colaborando para o crescimento inclusivo e a prosperidade partilhada na Quarta Revolução Industrial».

Nas suas intervenções, Ramaphosa e o presidente chinês, Xi Jinping, vincaram a defesa do multilateralismo e do comércio livre. Sem se referir aos EUA, o presidente da China enquadrou o unilateralismo e o proteccionismo nos factores que «estão a afectar o ambiente de desenvolvimento externo dos mercados emergentes e dos países em desenvolvimento».

Xi Jinping defendeu a consolidação do quadro de cooperação do BRICS, assente na cooperação económica, política e de segurança, bem como no comércio entre os povos. Tal como Cyril Ramaphosa, o chefe de Estado chinês exortou os países do BRICS a trabalhar de forma conjunta em prol de um novo tipo de relações internacionais, marcadas pelo respeito mútuo, a igualdade e a justiça.

«Devemos continuar comprometidos com o multilateralismo e os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas», disse, defendendo que, na salvaguarda da paz e da segurança mundiais, os membros do BRICS devem «pedir a todas as partes que cumpram as normas fundamentais que regem as relações internacionais e solucionem as disputas pela via do diálogo».

«Permitir que mais povos e países beneficiem dos avanços»

Logo na quarta-feira, perante os mais de mil delegados presentes no Fórum de Negócios da X Cimeira do BRICS, Ramaphosa mostrou-se preocupado com o «aumento de medidas unilaterais que são incompatíveis com as regras da Organização Mundial do Comércio» e, especialmente, com o seu impacto «nos países em vias de desenvolvimento».

Esta intervenção inicial ficou marcada pelas críticas ao unilateralismo - sem referências directas a Donald Trump -, a defesa do multilateralismo e a lembrança das conquistas do BRICS na sua década de cooperação.

A necessidade de um rumo estratégico para as oportunidades que a Quarta Revolução Industrial proporciona e a importância da cooperação do BRICS com África foram outros tópicos de destaque na intervenção do chefe de Estado sul-africano.

Também Xi Jinping deixou clara, logo no primeiro dia da Cimeira, a rejeição das medidas unilaterais e do proteccionismo económico, afirmando que os BRICS devem promover uma economia mundial aberta.

Sublinhando o contributo dado pelo bloco que integra o seu país, a Índia, a Rússia, a África do Sul e o Brasil, nos seus primeiros dez anos, para a recuperação e o crescimento económico mundiais, o presidente chinês afirmou: «Deve-se rejeitar uma guerra comercial, pois não haveria vencedores.»

«A hegemonia económica é ainda mais inaceitável, na medida em que minaria os interesses colectivos da comunidade internacional; aqueles que seguirem esse caminho acabarão apenas por se prejudicar a si mesmos», frisou.

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Por Foto: Beto Barata/PR - https://www.flickr.com/photos/micheltemer/36876024871/, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=63260189

 

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