Na tarde de segunda-feira, 4, ao menos dez pessoas morreram após tiroteio entre policiais civis e criminosos na Favela Lagoinha, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. "Temos um saldo parcial de 9 mortos e mais um teria morrido depois", disse a inspetora Renata, que trabalha no departamento de Relações Públicas da Polícia Civil do Rio, segundo Reuters.
Segundo a polícia, o tiroteio começou por volta das 16 horas, quando uma equipe da Delegacia de Roubo e Furto de Cargas (DRFC) checava a informação de que havia no morro um carregamento de cerveja roubado. Ao chegarem, os policiais ficaram encurralados e pediram reforços. Equipes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), além de dois helicópteros, deram reforço à equipe.
Houve intenso confronto e somente às 18h30 a polícia deixou o morro. De acordo com o delegado Ronaldo Oliveira, titula da DRFA, foram apreendidos na favela oito motos roubadas, além de drogas e armas. "Os marginais estavam muito bem armados, tinham fuzis, pistolas Uzi, armamento pesado mesmo. Nossa equipe ficou pelo menos dez minutos sob forte tiroteio", contou o delegado.
Para a polícia, a favela contava com reforço de traficantes de Manguinhos, na zona norte do Rio. Havia possibilidade ainda de o traficante identificado por policiais apenas pelo apelido de Choque, do Complexo do Alemão, estar escondido no morro.
Segundo a assessoria de comunicação da Polícia Civil, na operação, quatro pessoas foram presas e cinco ficaram feridas. Um dos baleados no confronto estava sendo operado no Hospital Duque de Caxias. Já o inspetor Marcos Luiz Gomes Pinho, da Core, foi ferido com um tiro de fuzil no fêmur, teve fratura exposta e foi socorrido de helicóptero para o Hospital Miguel Couto, na capital.
Manifestação
Os dez corpos foram retirados do morro e levados para o Hospital Duque de Caxias. Moradores seguiram para a unidade e fizeram um protesto contra a operação policial. Cerca de 300 pessoas se concentraram na Avenida Manoel Lucas e forçaram as duas entradas do hospital. Algumas chegaram até os corredores, mas foram expulsos por funcionários da unidade.
"Isso ocorreu no momento em que os feridos estavam chegando, alguns já cadáveres, outros morrendo. Nossa equipe agiu rápido para expulsar os invasores", disse o secretário municipal de Saúde de Caxias, Oscar Berro. "Não sabemos se os invasores iam cometer alguma vingança ou tentar a retirada de algum ferido. Não podemos arriscar, por isso mandei fechar a unidade."
Do lado de fora, outros manifestantes foram dispersados pela Polícia Militar com gás de pimenta. O hospital recebe mil pacientes por dia e deve ficar interditado até a manhã de terça-feira, 5.
Das onze pessoas feridas que o hospital recebeu, somente uma estava viva no início da noite. Era Enéas Manoel Paixão, de 31 anos, atingido de raspão no pescoço. Seu estado de saúde era considerado estável. Manifestantes disseram que os baleados foram vítimas de balas perdidas, mas os policiais afirmaram que eram criminosos.
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