A baixa adesão ao tratamento do glaucoma, agrava a doença em 65% dos que estão sob cuidados médicos 45% por descontinuidade do uso de colírio e 20% por interrupção da medicação. É o que aponta um levantamento feito pelo oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, com 185 pacientes.
Mal silencioso que lentamente danifica as células do nervo óptico e reduz o campo visual por provocar a morte de células da retina, soma 635 mil casos que são ignorados pelos portadores e 985 mil diagnósticos no Brasil. Relacionado ao aumento da pressão intra-ocular, o glaucoma é apontado como a maior causa de cegueira irreversível pela OMS (Organização Mundial da Saúde). O principal tratamento é feito com colírios que mantêm a pressão intra-ocular em nível normal, entre 10 e 21 mmHg.
Dos pacientes analisados por Queiroz Neto, o desperdício de medicação respondeu por 76% da descontinuidade do tratamento e o uso abaixo da recomendação médica por 24%. A boa notícia é que o dispositivo, Dapcol, testado nos últimos quatro meses por 20 desses pacientes, mostrou que 87% dos participantes passaram a usar o colírio continuamente.
Produzido no País em silicone atóxico, o dispositivo pode ser encaixado no bico dosador de qualquer frasco de colírio e tem um formato anatômico que se encaixa no globo ocular. Por conta disso, os frascos de colírio de todos os participantes do teste passaram a durar um mês, contra 15 a 20 dias dos que pingavam mais de uma gota em cada instilação. De acordo com o médico, o glaucoma tem incidência 3 vezes maior em pessoas com mais de 70 anos de idade e para metade desses portadores vem acompanhado de catarata. A perda do campo visual mais a visão embaçada dificultam o uso de colírio. Com este dispositivo, todos ao pacientes relataram que conseguem fazer a instilação dentro do olho na primeira tentativa, comenta. Significa que pode incentivar o tratamento para quem interrompe a medicação por causa do custo. Ele diz que os pacientes deixaram de sentir os efeitos colaterais, como por exemplo, aumento de batimentos cardíacos. Isso porque, explica, o formato do dispositivo fecha naturalmente o canal lacrimal impedindo a penetração dos princípios ativos na corrente sanguínea.
Como prevenir a cegueira
O Brasil tem hoje 172 mil cegos por glaucoma. Segundo Queiroz Neto muitos pacientes abandonam o tratamento quando percebem que a pressão intra-ocular está estabilizada. O problema é que ela volta a subir e a pessoa não percebe porque a pressão elevada ataca primeiro as células nervosas responsáveis pela visão periférica que é menos utilizada. É por isso que a maioria das pessoas chega à primeira consulta quando o glaucoma já está em estágio avançado, explica.
Pra prevenir a cegueira por glaucoma, independente da idade, pessoas que fazem parte dos grupos de risco devem fazer exame oftalmológico anualmente. Os principais são:
· Quem tem familiares de 1º grau com glaucoma
· Negros
· Diabéticos
· Asiáticos e mulheres
· Pessoas que fazem tratamento com corticóide
Queiroz Neto diz que em casos leves de glaucoma a terapia em dose única de um análogo de prostaglandina é o suficiente para reduzir a PIO (pressão intra-ocular) em 35% e estabilizar o campo visual. O problema é que a irritação ocular é um efeito colateral inevitável desses colírios, mas que costuma diminuir em alguns dias. Caso isso não aconteça é necessário trocar o medicamento, ressalta. Para ele ainda é necessário acompanhar por mais tempo um número maior de glaucomatosos utilizando o Dapcol. Mas, o resultado preliminar do teste indica que o dispositivo pode se tornar uma ferramenta importante no controle do glaucoma.
Eutrópia Turazzi LDC Comunicação
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