Brasil: O Presidente da República e atos neofascistas
Iraci del Nero da Costa *
Como fartamente divulgado há já algum tempo, muitos jornalistas, pesquisadores políticos, intelectuais e eleitores têm acompanhado a postura de dirigentes e membros do poder Legislativo - Câmara dos Deputados e Senado da República - e do poder Judiciário - Supremo Tribunal Federal - postulação esta a qual entende que o momento ora vivenciado em razão da pandemia decorrente da ação do coronavírus não recomenda uma ação de impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
Em face de tal clima que lhe é altamente permissivo, Jair Bolsonaro tem adotado atitudes as mais provocativas no que diz respeito à Constituição da República. Não só não cumpre devidamente as atribuições próprias do poder Executivo como destrata tanto o poder Legislativo como o Judiciário.
Sua mais recente investida ocorreu em Brasília defronte ao Quartel-General do Exército neste 19 de abril, quando é comemorado o Dia do Exército Brasileiro. Liderando dezenas de manifestantes neofascistas o presidente os acompanhou, em seu discurso, no apelo que faziam pelo fechamento do STF e do Congresso e por um golpe objetivando o retorno do ato Institucional número 5, o ato mais violento da Ditadura Militar instalada em 1964.
Entre outras provocações contra a democracia Jair Bolsonaro afirmou: "Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás. Nós temos um novo Brasil pela frente. Todos, sem exceção, têm que ser patriotas e acreditar e fazer a sua parte para que nós possamos colocar o Brasil no lugar de destaque que ele merece. Acabou a época da patifaria. É agora o povo no poder." (1)
De nossa parte resta lembrar que o tratamento ameno destinado ao presidente da República carrega a utilíssima vantagem de revelar, em toda sua dimensão, o espírito de extrema-direita que alimenta suas perspectivas e desejos políticos malfazejos.
* Professor Livre-docente aposentado.
NOTA
1. Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/04/19/bolsonaro-discursa-em-manifestacao-em-brasilia-que-defendeu-intervencao-militar.ghtml
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