O Labour não compreender que isto era o 2º referendo entregou a Bretanha a Boris

O Labour não compreender que isto era o 2º referendo entregou a Bretanha a Boris

O Partido Trabalhista entrou nas eleições gerais a prometer aos eleitores um segundo referendo ao Brexit, errando fatalmente ao não compreender que estas eleições eram o segundo referendo.

Não estava mais nada em jogo, estas eram as eleições do Brexit e a única maneira de as ganhar era prometer retirar a Grã-Bretanha da União Europeia e acabar com a miséria do Brexit que assolava toda a gente, mas Jeremy Corbyn (bem como os Liberais Democratas) não conseguiram ver para onde sopravam os ventos.

Os pobres e eludidos Lib Dems perderam a sua líder, Jo Swinson, na noite em que esta nem conseguiu obter apoio suficiente sequer para ser eleita, quanto mais para chegar a Downing Street. A promessa de descaradamente cancelar o Brexit estava condenada à partida, mas em defesa dos liberais, eles realmente tinham de tentar diferenciar-se dos dois principais partidos.

O Labour não tinha esta desculpa, pois foram os seus eleitores de classe trabalhadora quem votou para sair da União Europeia logo à partida, todos esses indícios estavam à vista para mostrar que políticas eram necessárias para ganhar o poder, e foi ignorado. O Partido Trabalhista, o partido da classe trabalhadora, perdeu o voto da classe trabalhadora, foi um erro de proporções históricas.

Os corbynistas que integram o Momentum, o grupo que orienta o Labour, estavam cegos pelo ideologia. Defenderam um programa socialista com benefícios do Estado, nacionalizações e ameaçando assaltar as contas bancárias dos bilionários, mas os seus eleitores queriam o Brexit, era assim de simples.

O programa trabalhista foi atractivo para a elite jovem urbana, liberais obcecados com políticas de identidade que acusavam os apoiantes do Brexit de serem racistas, e os eleitores da classe trabalhadora sentiram a sua repulsa. O ex-Secretário da Administração Interna do Partido Trabalhista, Alan Johnson, apodou-os de "culto" a apostar em "políticas estudantis" num claro indício da guerra civil com que o Labour irá lidar, naquilo que agora são manifestamente dois partidos (pelo menos) a fingir ser só um.

Quão mal avaliou isto o Partido Trabalhista? Bem, temos cinco anos de Boris Johnson na Downing Street pela frente, foi quão mal o avaliaram. A campanha de Johnson esteve repleta de mentiras e induções em erro, provando de uma vez por todas que vivemos numa era onde os políticos podem mentir, e os eleitores não se importam.

Ironicamente, muitas pessoas terão a esperança de que Johnson também tenha mentido quanto a ser um zelota de direita com o intuito de manter o seu partido unido, e agora que se encontra munido de uma esmagadora maioria parlamentar, irá transformar-se no político liberal unicista com que todos sonham. Boa sorte!

Digam o que quiserem sobre os conservadores (vá, atrevam-se), mas estes sabem como ganhar eleições. Conseguiram ganhar a sua quarta eleição em série numa era na qual desmantelaram por completo o país com um voto negligente e desnecessário sobre a pertença à União Europeia, enquanto aplicavam um programa de austeridade que atirou dezenas de milhar para a pobreza.

Mas tal não importou, pois quando chegou a altura perceberam que estas eleições tinham a ver só com um assunto num país a sofrer com uma brexixaustão. Johnson nem sequer se preocupou com mais políticas pois o seu slogan simples de "Vamos Fazer o Brexit" era tudo o que os eleitores precisavam de ouvir.

Claro está, lá porque prometeu que o faria, não quer dizer que o fará - afinal estamos a falar de política.

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Simon Rite é comediante, reside em Londres, e é um dos guionistas do programa de satírica política ICYMI.

© RT.com

Tradução: Flávio Gonçalves, Pravda.ru

 

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