Capacetes Brancos: «traficantes de órgãos, terroristas, saqueadores»

Capacetes Brancos: «traficantes de órgãos, terroristas, saqueadores»

A Fundação para o Estudo da Democracia apresentou esta quinta-feira, na ONU, os resultados de uma investigação sobre a acção dos Capacetes Brancos na Síria, vincando a ligação do grupo ao terrorismo.

Embora sejam louvados pelas potências ocidentais pelo trabalho «voluntário de resgate humanitário», a acção dos Capacetes Brancos não fica assim tão bem vista após a investigação realizada pela Fundação para o Estudo da Democracia, sediada na Rússia e cujos resultados foram ontem apresentados pelo seu director, Maxim Grigoriev, na sede das Nações Unidas em Nova Iorque.

De acordo com Grigoriev, os Capacetes Brancos trabalham com grupos terroristas na Síria, roubam órgãos às vítimas que fingem estar a evacuar, participam na encenação de falsos ataques com armas químicas e outro tipo de ataques, e saqueiam as casas dos sírios mortos e feridos na guerra.

Presente na audiência, o representante permanente da Rússia junto das Nações Unidas, Vassily Nebenzia, afirmou que as provas apresentadas mostram que o grupo - há muito denunciado pelas autoridades sírias - é «perigoso», e defendeu a sua inclusão na lista de grupos terroristas designada pelas Nações Unidas.

O relatório baseou-se em entrevistas a mais de 100 testemunhas oculares, incluindo 40 membros dos Capacetes Brancos, 50 residentes de bairros de cidades sírias onde eles actuaram e 15 antigos combatentes terroristas. Para além disso, indica a RT, foram consultados mais de 500 civis nas cidades de Alepo e Daraa.

Pagos, traficantes de órgãos, militantes de grupos terroristas

«Em vez de serem voluntários, quase todos os membros dos Capacetes Brancos eram pagos», explicou Grigoriev, acrescentando ter «provas irrefutáveis» de que recebiam ordens por escrito do grupo terrorista Jaysh al-Islam.

«As pessoas evacuadas pelos Capacetes Brancos muitas vezes não voltavam com vida; apareciam mortas e sem os órgãos internos», disse Grigoriev, referindo-se aos testemunhos de residentes entrevistados.

Um dos testemunhos sobre a matéria é um antigo membro do grupo terrorista Ahrar al-Sham, que disse que o comandante da organização, Shadi Kadik, conhecido como Abu Adel al-Halabi (de Alepo), aceitou participar na colheita de órgãos. Só em Alepo, «há várias centenas» de casos envolvendo roubo de órgãos humanos, frisou Grigoriev.

O director da Fundação destacou ainda a prática habitual da pilhagem de casas destruídas por parte dos membros dos Capacetes Brancos, bem como a sua participação «na falsificação de ataques químicos, que era uma parte essencial das suas actividades». Um ataque por eles encenado em Douma, nos arredores de Damasco, esteve na origem do ataque com mísseis contra instalações do Exército sírio por parte da França, do Reino Unido e dos EUA, em Abril deste ano.

 

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A propósito da «especialização» na «criação de falsas notícias e organização de evacuações encenadas», Grigoriev lembrou o caso ocorrido em Jisr al-Haj (Alepo), onde militantes incendiaram lixo e, depois, trouxeram corpos da morgue local, para encenar uma «evacuação» - filmada - pelos Capacetes Brancos. De acordo com uma testemunha, cada membro desta organização recebeu 50 dólares a mais pelo trabalho.

Em Ghouta Oriental, a Fundação estima que entre 100 e 150 membros da organização alegadamente humanitária fossem também membros de grupos terroristas, vangloriando-se desse facto nas redes sociais, mas negando-o sempre que eram entrevistados por repórteres ocidentais.

Em Julho deste ano, em plena operação de libertação do Sudoeste do país por parte do Exército sírio, centenas de membros dos Capacetes Brancos foram «salvos» por Israel, que os levou para a Jordânia. O governo deste país declarou ter aceitado a operação na medida em que o Reino Unido, o Canadá e a Alemanha tinham aceitado acolhê-los como refugiados.

A este propósito, Vassily Nebenzia disse entender que os Capacetes Brancos sejam defendidos no Ocidente. «Tem lógica proteger um investimento», frisou.

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