Embaixador russo em Moçambique questiona versão britânica sobre o caso Skripal
O embaixador da Rússia em Moçambique, Alexander Surikov, declarou na última terça-feira (03) que as acusações por parte do Reino Unido contra Moscou no caso do ex-agente Serguei Skripal e sua filha, Yulia Skripal, são uma "reação imprudente" e que seu país "não tem nada a ver com o acontecido".
Surikov fez uma série de questionamentos ao discurso britânico, em vídeo postado na página de Facebook da embaixada em Maputo. Entre eles, perguntou: "Como antídotos que foram efetivamente usados para salvar Skripal e sua filha estavam disponíveis aos médicos britânicos praticamente desde o princípio, diretamente na cena do incidente?"
No início de março, os dois foram encontrados já inconscientes na cidade de Salisbury, no sul da Inglaterra, e não tardou para o governo britânico acusar a Rússia de envenenamento com substância tóxica neuroparalisante, mesmo que as investigações tenham apenas começado. Moscou, por sua vez, tem negado categoricamente todas as acusações, que até agora foram feitas sem qualquer tipo de prova.
Além disso, o Kremlin levantou a hipótese de ter sido um crime encomendado pelos próprios britânicos para acusar a Rússia, em um cenário internacional de fortes campanhas antirrussas nos últimos anos. Tanto é que mais de 20 países expulsaram diplomatas russos, comprando assim a versão sem provas britânica.
Entretanto, as alegações russas expõem claras contradições do discurso de Londres. Esta impediu o acesso de peritos ao material usado no crime, o que "parece suspeitoso" e "levanta muitas questões simples e evidentes", segundo o embaixador russo em Moçambique.
Surikov também afirmou que, "sem a participação dos peritos da Rússia não se pode excluir (a possibilidade de) uma manipulação com as provas materiais". E questionou: "Por que Londres não revela os materiais da sua investigação, incluindo gravações de câmeras de vigilância, transcrição de conversas telefônicas, conclusões do laboratório sobre as amostras de biomateriais alegadamente retiradas pelos especialistas britânicos?"
A Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) já esteve na Inglaterra para investigar o crime e apresentará seu relatório em uma semana.
O diplomata ainda questionou o fato de os antídotos do veneno estarem disponíveis aos médicos britânicos "praticamente desde o princípio, diretamente na cena do incidente", assim como as atividades do laboratório de Porton Down, próximo ao local do crime. Ele tem sido usado há décadas para pesquisas sobre armas químicas, o que, denuncia a Rússia, violaria os tratados sobre a disseminação desse tipo de armamento. O próprio laboratório, após analisar as substâncias utilizadas contra os Skripal, não chegou a nenhuma conclusão sobre a origem do material.
De acordo com Surikov, as autoridades britânicas não estão dispostas a investigar o ocorrido e a cooperar com a Rússia. "Parece que a maior preocupação de alguns não é investigar o crime cometido, mas sim usar isto com fins políticos. É de lamentar", declarou.
Pravda.Ru
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