"Fomos ingênuos, e veio a desilusão", disse o primeiro presidente da Rússia, Boris Yeltsin, que morreu hoje por causa de uma parada cardíaca, em sua última entrevista, divulgada pelo canal 1 da televisão russa.
Forte, enérgico e rejuvenescido, Yeltsin, às vezes, aparece sorridente no vídeo. Mas, em outros momentos, não consegue esconder a amargura que sente durante o breve resumo que faz de seus acertos e erros à frente da Rússia, filmado pelas câmeras do "Canal 1" em 1º de fevereiro de 2006.
"Na crista da euforia democrática, havia a sensação, e eu também a sentia, de que muito em breve colheríamos os frutos das transformações, da mudança do sistema político. Refiro-me à melhora da vida do povo. E foi um erro", disse.
Nenhum país até então, lembrou, tinha conseguido a transição pacífica do comunismo à democracia.
"Nenhum de nós tinha experiência alguma em dirigir um Estado democrático, com liberdade de expressão e economia de mercado", disse, lembrando que "a última experiência foi esmagada (pela revolução bolchevique) em 1917".
A história do mundo demonstra, prossegue ele na entrevista, que "mudanças semelhantes requerem décadas inteiras".
"Duas, três, quatro décadas, mas nunca dois ou três anos, muito menos 500 dias", disse Yeltsin, referindo-se ao seu primeiro plano de reformas, que pretendia transformar o país nesse período de tempo.
A principal conquista foi que "o sistema bolchevique, totalitário e comunista, foi destruído, e em seu lugar foi erguido um Estado democrático, baseado na liberdade do homem e do cidadão, e na economia de mercado", que, segundo Yeltsin diz, "funcionam, e hoje em dia continuam se aperfeiçoando de ano em ano".
"A nova Rússia é uma realidade e acho que não haverá marcha à ré.
Acabou. O poder totalitário de dos comunistas terminou", disse o primeiro presidente russo em sua última entrevista.
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