Bielorússia – então, onde é que está a revolução?

Mas que estranho…houve uma eleição numa ex-república soviética (Bielorússia, dia 19 de Março) mas onde estão as ONGs, financiando grupos de subversivos e vândalos, contrariando as leis e a cultura do país? Não vai haver uma revolução de veludo ou cor de laranja? Onde está a mão de Soros? Onde estão os políticos de segunda-linha, subornados e treinados por Washington? Será que Bielorússia não vai candidatar-se para a União Europeia ou para a Organização Terrorista do Atlântico Norte (OTAN)? O que aconteceu com a peça final do puzzle no flanco ocidental da Rússia?

Será que ninguém vai apoiar o candidato derrotado da oposição, Aleksandr Milinkevich, que apelou por concentrações de terroristas e criminosos (protestos de rua) e que, como a grande maioria de candidatos derrotados nas eleições africanas durante o ano passado, declarou que as eleições não eram justas? Afinal, Milinkevich recebeu um pesadíssimo 6% do voto – deve ser muito popular – tão popular de facto que recebeu exatamente a mesma percentagem do voto que muitos analistas previam, enquanto Aleksandr Lukashenko foi reconduzido com 82,6% com uma taxa de votação de 92,6%.

Vladimir Rushailo, director duma missão de observadores da CEI (Comunidade de Estados Independentes, ex-URSS menos os três estados bálticos) declarou ontem que os membros das equipas de observadores não viram nenhumas violações graves durante o processo eleitoral. Mas os observadores ocidentais, como sempre, viam outro filme no mesmo cinema. Uma coisa é não ver aquilo que existe, mas ver coisas que nem existem, é uma patologia mais complicada.

Aleksandr Lukashenko começa assim o seu terceiro termo como Presidente sabendo que tem o país e o povo com ele depois duma eleição democrática que viu os três candidatos da oposição receberem menos que 12% do voto entre eles. Além dos 6% de Milinkevich (Aliança/Forças Democráticas Unificadas), Sergei Gaidukevich (Democrata Liberal) conseguiu 3,5% e Aleksandr Kozulin (Democrata Social) 2,3%.

Por quê é que Aleksandr Lukashenko venceu com uma margem tão grande? Porque garantiu uma transição suave da economia controlada para a economia de mercado, evitou os soluços sentidos nas outras repúblicas ex-soviéticas, manteve a estabilidade da economia, do mercado de trabalho e garantiu uma vida minimamente confortável para o cidadão médio, desde a criança na escola até ao pensionista, com taxas de crescimento e desenvolvimento económico que deixam muitos estados europeus na sombra.

Mas isso o leitor não vai ler em nenhum órgão de comunicação ocidental. Se o Ocidente, intrometido e imiscuído, ouvisse analistas que sabiam o que diziam e que não se limitavam a largar sentenças dos seus escritórios confortáveis e se a chamada imprensa livre deixasse de mentir (hábito que aumenta diariamente desde o fim da Guerra Fria), não veríamos frases absurdas como “Lukashenko o ditador” e promessas risíveis da União Europeia, que vai impor sanções.

Por quê? Porque Lukashenko venceu? Com certeza, Moscovo seria capaz de igualar quaisquer sanções impostas pela U.E. – aquele bando de arrogantes e arrojadas antigas potências imperialistas e colonialistas cuja história recente é manchada pela escravatura e a chacina de populações nos países que eles “civilizaram”. Com que direito a União Europeia se pronuncia sobre qualquer coisa que fosse?

E quanto aos Estados Unidos da América, Lukashenko invadiu qualquer estado soberano, chacinou 100.000 pessoas, prendeu os genitais de prisioneiros com eléctrodos, urinou na sua comida, atacou-os com cães, tem campos de concentração? Haverá uma versão bielorussa de Lynndie England, uma Lyudmila Angliya? Não, porque na Bielorússia, ao contrário dos Estados Unidos da América, não existem “trailer parks”.

Ou será que Presidente Lukashenko se metia naquilo que era dele, nomeadamente governar seu país, e governar bem? Comparemos isso com as chamadas “democráticas” para desobediência cívica feitas pelo pesadamente derrotado Milinkevich.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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