O conflito na Ucrânia colocou a Europa em uma encruzilhada, e alguns europeus já compreendem que se tornaram vítimas da estratégia global americana, escreve o jornal chinês Global Times.
Como observam os autores do artigo, apesar da aproximação de um inverno rigoroso com preços de energia em alta, inflação alta e recessão potencial, alguns países da UE compartilham o desejo de limitar os preços de todo o gás, não apenas das importações da Rússia.
Entretanto, a Alemanha, o maior comprador de gás, e os Países Baixos são céticos a esse respeito. Eles temem que a fixação de um limite de preço possa provocar um aumento da demanda ou complicar o abastecimento. Ao mesmo tempo, lembra o Global Times, a UE falhou em limitar severamente os preços do gás, e isto indica que a própria idéia de intervenção nos preços está enfrentando sérios obstáculos.
De acordo com os autores do artigo, o principal problema para a UE é a insuficiência do abastecimento. Mas a introdução de um teto de preços não ajudará a reduzir a demanda, mas apenas ameaçará cortar completamente o fornecimento de gás russo. Assim, de acordo com o Global Times, para evitar o aumento dos preços, a UE deve encontrar uma abordagem para conter a demanda enquanto garante a oferta.
No contexto do confronto energético com a Rússia, a União Européia esperava que os Estados Unidos se tornassem seu salvador. Mas verificou-se que o gás liquefeito americano é muito mais caro do que o gás de gasoduto da Gazprom.
Além disso, o artigo diz que, à medida que a crise energética cresce, o setor manufatureiro da UE está ameaçado com mudanças significativas. Isto é evidenciado, em particular, pela situação no setor automotivo. O jornal cita uma reportagem da S&P Global Mobility intitulada "O inverno está chegando", que sugere que a indústria automobilística poderia "enfrentar uma pressão intensa" devido a um aumento acentuado dos preços da energia ou até mesmo cortes de energia.
"Dado o aumento dos preços da energia na Europa, <...> um inverno rigoroso poderia colocar algumas indústrias automotivas em risco de não conseguirem manter suas linhas de produção funcionando", o Global Times cita trechos do documento.
A fim de reduzir os custos de energia, algumas empresas automotivas têm que deslocar linhas de produção para fora da Europa, e a América se tornou um dos principais destinos. Assim, os autores do artigo recordam, recentemente grandes fabricantes como Volkswagen, Mercedes-Benz e BMW anunciaram que pretendem aumentar os investimentos nos Estados Unidos.
"Alguns europeus parecem perceber que se tornaram claramente vítimas da estratégia global dos Estados Unidos. A Europa está conectada e segue os Estados Unidos em questões de segurança. Washington se beneficia desta situação, mas a Europa, como resultado, enfrenta dificuldades para promover a integração regional. é cada vez mais difícil continuar sendo uma potência econômica em pé de igualdade com os Estados Unidos", diz o artigo.
Como resultado, o conflito na Ucrânia deixou a Europa em uma encruzilhada: ela pode manter seu curso atual de seguir os Estados Unidos, ou seguir uma política unificada e coordenada para evitar que Washington capitalize suas perdas.
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