Poema da Mártir Afegã Meena: Jamais Regressarei
Em 2018 cumprem-se 31 anos do martírio da líder afegã Meena Keshwar Kamal (27 de fevereiro de 1956 - 4 de fevereiro de 1987) , assasinada pelos misóginos senhores da guerra, .fundamentalistas locais. Pravda Brasil traduz, com exclusividade ao português, um dos poemas mais célebres escritos por Meena em 1981 originalmente publicado em persa, em meio ao profundo drama no exílio em solo paquistanês.
Meena fundou a Associação Revolucionária das Mulheres do Afeganistão (RAWA, na sigla em inglês), servindo hoje como exemplo e profunda insiparação aos afegãos libertários, que tentam se livrar das garras crueis do Taliban, dos próprios senhores da guerra, da ocupação estadunidense e do recém-surgido Estado Islamita em solo afegão. Um exército de poucas mulheres contra quatro impiedosos inimigos.
Jamais Regressarei
Sou a mulher que despertou
Levantei-me, e me tornei uma tempestade através das cinzas dos meus filhos queimados
Levantei-me dos riachos de sangue do meu irmão
A ira da minha nação me fortaleceu
Minhas aldeias arruinadas e queimadas me enchem de ódio contra o inimigo,
Sou a mulher que despertou
Encontrei meu caminho, e jamais regressarei.
Abri as portas fechadas da ignorância
Eu disse adeus a todas as pulseiras de ouro
Oh, compatriota, não sou mais o que era
Sou a mulher que despertou
Encontrei meu caminho, e jamais regressarei .
Vi crianças descalças, perdidas e sem teto
Vi noivas com mãos de henna e roupas de luto
Vi paredes gigantes das prisões engolirem a liberdade em seu voraz estômago
Renasci entre epopeias de resistência e coragem
Aprendi a canção da liberdade no último suspiro, nas ondas de sangue e na vitória
Oh, compatriota, oh, irmão, não me considere mais frágil e incapaz
Com toda a força, estou com você no caminho da libertação da minha pátria.
Minha voz tem se mesclado à de milhares de mulheres que se levantaram
Meus punhos estão cerrados com os punhos de milhares de compatriotas
Junto com você, subi rumo ao caminho da minha nação
Para romper todos esses sofrimentos, todos esses grilhões da escravidão,
Oh, compatriota, oh, irmão, não sou o que era
Sou a mulher que acordou
Encontrei meu caminho, e jamais regressarei.
Preparado por Edu Montesanti
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