Eles devem discutir a decisão de La Paz de nacionalizar o petróleo e o gás.
Lula reuniu hoje parte do seu gabinete para estudar o anúncio feito na segunda-feira pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, que põe em xeque os interesses da Petrobras no país. O porta-voz do presidente, André Singer, confirmou que o chefe de Estado brasileiro "consultará outros presidentes" sobre os alcances da medida. No caso do Brasil, as preocupações estáo voltadas para o gás que a Petrobras transporta da Bolívia, país no qual a empresa investiu US$ 1,5 bilhão na última década.
Em nota, o governo brasileiro reconheceu oficialmente nesta terça-feira a nacionalização dos recursos petrolíferos bolivianos. "A decisão do governo boliviano de nacionalizar as riquezas de seu subsolo e controlar sua industrialização, transporte e comercialização, é reconhecida pelo Brasil como ato inerente à sua soberania. O Brasil, como manda a sua Constituição, exerce pleno controle sobre as riquezas de seu próprio subsolo", afirma nota divulgada pela Secretaria de Imprensa e Porta-Voz da Presidéncia da República.
De acordo com a nota, o governo brasileiro agirá com firmeza e tranquilidade em todos os foros, no sentido de preservar os interesses da Petrobras, e levará adiante as "negociações necessárias para garantir o relacionamento equilibrado e mutuamente proveitoso para os dois países". O gasoduto Bolívia-Brasil funciona há sete anos.
A fraca reação do governo brasileiro à nacionalização do petróleo e do gás pela Bolívia não foi surpresa. Afinal, a situação é bastante delicada. A reação contida dá tempo ao governo para avaliar melhor a situação e se posicionar de forma mais clara. Por outro lado, ao n ã o atacar diretamente o governo de Evo Morales, cria espaço para negociações que poderão diminuir os efeitos da nacionalização tanto sobre a Petrobras quanto sobre a oferta de gás para o Brasil.
Porém, se a Bolívia se recusar a cumprir os contratos assinados, gerar prejuízos à Petrobras e aumentar os preços do gás, dificilmente o governo brasileiro conseguirá manter a posição adotada. Neste caso, os custos para o país e para a população, em termos de balança comercial, inflação e piora do bem-estar, serão suficientemente elevados para justificar uma atitude mais dura e menos complacente. Caso contrário, os custos políticos internos poderão ser altos, principalmente em ano eleitoral. Ou seja, com a nota, o Brasil está tentando apenas ganhar tempo.
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