Além de ações contra o narcotráfico, EUA querem financiar o combate a "ameaças à segurança nacional" (Brasil de Fato)
O governo de George W. Bush passou a defender uma polêmica proposta: quer usar os recursos do Plano Colômbia e do Plano Patriota contra "ameaças à segurança nacional". No final de fevereiro, o presidente dos Estados Unidos pediu ao Congresso que fosse expandida a atuação dos militares estadunidenses no país sul-americano. O objetivo é obter permissão dos parlamentares para que as ações dos EUA na Colômbia não se restrinjam apenas ao combate ao narcotráfico e às guerrilhas, mas também possam ser empregadas em "qualquer ameaça contra a segurança nacional".
Essa expansão dos limites da missão estadunidense está incluída, quase de maneira secreta, em um apêndice do orçamento nacional que Bush apresentou ao Congresso. Atualmente, os Estados Unidos repassam ao país cerca de 700 milhões de dólares anuais - o equivalente a cerca de R$ 1,47 bilhões. Em tese, esses recursos só podem ser usados para o combate ao narcotráfico e aos "grupos terroritas", segundo a classificação do Departamento de Estado dos EUA: Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o Exército de Libertação Nacional (ELN) e a Autodefesas Unidas Colombianas (AUC).
Na proposta do orçamento estadunidense, o presidente Bush pede que seja eliminada essa restrição. Além disso, redefine a ajuda dos EUA à Colômbia como "uma campanha unificada para enfrentar o narcotráfico, atividades terroristas e outras ameaças para a segurança nacional da Colômbia".
Essa mudança no conceito dos planos desenvolvidos pelo EUA no país foi criticada por organizações de direitos humanos, que denunciam uma dramática ampliação da ajuda militar. "Esta é uma nova expansão do objetivo da ajuda estadunidense, que deve ser rejeitada. A proposta é muito vaga. O quer dizer 'ameaças à segurança nacional'? Será que a Venezuela é um risco para a Colômbia? Ou se trata de crime comum? Ou de protestos nas ruas?", adverte Adam Isacson, do Centro para a Política Internacional, em um memorando enviado ao Congresso estadunidense.
Política de Contenção
Mesmo que diga desconhecer quais são as intenções dos Estados Unidos, Isacson crê que Washington está muito preocupado com a Venezuela e que isto seria um primeiro passo para sua "política de contenção", caso seja necessária.
O Departamento de Estado, apesar de não fornecer detalhes, rejeita a afirmação de que a mudança do conceito da atuação na Colômbia tenha influência da Venezuela ou do processo iniciado pelo presidente Hugo Chávez de fortalecer suas Forças Armadas.
De qualquer forma, se ocorrer um conflito entre os dois países, a mudança pleiteada por Bush permitiria que o dinheiro dos Estados Unidos fosse usado para apoiar as forças armadas colombianas. Também é certo que Washington prossegue com a tentativa de cada vez mais isolar Chávez no continente. Para tanto, conta com a ajuda de um grande aliado, o presidente colombiano, Álvaro Uribe.
O plano de Bush é submeter a essa nova orientação toda a ajuda até agora já fornecida à Colômbia. Desde 2000, já foram desembolsados mais de 2,5 bilhões de dólares (cerca de R$ 5,25 bilhões), usados para a aquisição de 100 helicópteros e no treinamento de quase 20 mil soldados.
Ampliação do acordo
Originalmente, o dinheiro do Plano Colômbia - iniciado em 2000 - só podia ser usado no combate ao narcotráfico e contra as guerrilhas rurais, mas apenas em operações em que esses grupos estivessem diretamente envolvidos com o tráfico de drogas. Em 2002, o governo de Andrés Pastrana trabalhou para que os recursos dos Estados Unidos fossem empregados diretamente no combate às guerrilhas. O acerto que ratificou essa nova política foi obtido em outubro deste ano, a partir da política de combate ao terrorismo de Bush desencadeada depois do ataque de 11 de setembro de 2001. Desde então, boa parte dos fundos que são entregues à Colômbia são empregados em operações sem nenhuma relação com o narcotráfico, como a defesa do oleoduto Caño Limón-Coveñas. (agências internacionais)
FHD Gonzalez
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