Com a chegada da Primavera, no futebol russo começa, pelos vistos, uma temporada de "playoff". Mal a sociedade desportiva conseguiu reagir à demissão "voluntário-forçada" do presidente da União de Futebol da Rússia (UFR), Viacheslav Koloskov, e à eleição para este cargo de Vitali Mutko, apareceram novas informações para reflexões e comentários - demite-se Gueorgui Yartsev, técnico principal da selecção de futebol da Rússia.
Nas palavras do próprio Yartsev, "não se pode trabalhar normalmente sujeito permanentemente à tão forte pressão". Como a causa principal da sua saída Yartsev referiu o não cumprimento do programa da selecção na Estónia e Liechtenstein, onde a equipa russa ganhou 4 pontos em vez dos 6 planificados. Ao mesmo tempo, o técnico fez lembrar que sob a sua direcção a selecção perdeu apenas 3 dos 14 jogos oficiais, tendo declarado ainda não considerar crítica a situação no grupo de qualificação para o Mundial de 2006, de que faz parte a equipa russa. "Ficámos para trás dos líderes em três pontos e os confrontos decisivos ainda estão pela frente. Penso também que foi escolhido um caminho certo, porque o futuro pertence aos jogadores jovens e prometedores", - disse Yartsev.
Mas este futuro já estará nas mãos de um outro técnico. O novo presidente da União de Futebol da Rússia, Vitali Mutko, afirmou que a decisão de Yartsev é o melhor que podia ser feito na actual situação. "Terei um encontro com ele nos próximos tempos. A demissão será, naturalmente, aprovada dentro de um-dois dias". Agora fica aberta a questão ligada à nomeação do novo técnico principal da selecção nacional. Levando em conta que esta deve ser uma decisão ponderada, Mutko promete fazer a opção dentro de alguns dias, 10 a 15 no máximo.
A resolução deste problemas dos quadros, que se tornou fatal nos últimos tempos para o futebol russo, quando os técnicos da equipa nacional se trocavam com a periodicidade assustadora de dois em dois anos ou até mais rapidamente, não será fácil também desta vez. Já faltam menos de dois meses até ao encontro com a selecção da Letónia (4 de Junho). Portanto, o novo seleccionador praticamente não terá um recurso do tempo, o que, por seu lado, reduz inevitavelmente a geografia da sua busca. Embora Mutko não exclua a possibilidade de convidar um especialista estrangeiro, penso que esta variante é pouco provável na actual situação. É mais real um "remake" do convite de emergência do próprio Yartsev depois de em Agosto de 2003 a selecção ter sido abandonada por Valeri Gazzaev. Na altura, a equipa russa deveria participar ainda em três encontros das eliminatórias do Euro de 2004. Yartsev, como se sabe, cumpriu perfeitamente a tarefa colocada. Será que o novo técnico poderá fazer o mesmo?
"Hoje, a equipa nacional deverá ser orientada por uma pessoa que já conseguiu certos resultados e tem uma experiência de trabalho, porque a selecção não é um campo para testes", - assim formulou o chefe da UFR as suas exigências em relação ao novo técnico da selecção.
Quem poderá hoje responder realmente a estas exigências? Em primeiro lugar, todos referem Yuri Siomin, que treina desde há muitos anos o Lokomotiv de Moscovo. A sua candidatura surgia sempre que o cargo de técnico principal da selecção se tornava vacante, mas Siomin recusava-se a abandonar o seu clube estável por chances ilusórias de sucesso na equipa nacional. Agora, pelos vistos, o destino concede-lhe a última oportunidade para ocupar um cargo que, apesar de toda a complexidade e responsabilidade, sempre foi considerado uma etapa importante na biografia de qualquer técnico. Não é de surpreender por isso que a primeira reacção de Siomin ao possível convite não foi a imediata recusa, como antes, mas uma frase diplomática de que todos nós em conjunto devemos fazer avançar o futebol russo. "Se eu receber a semelhante proposta, estou disposto a debatê-la e ajudar a equipa nacional em qualquer qualidade, - disse Siomin. - A selecção encontra-se numa situação complexa e devemos ultrapassá-la em conjunto".
São referidos também Valeri Gazzaev, técnico do CSKA, e Anatoli Bychovets, que treinou duas vezes a selecção nacional. Mas é pouco provável que o primeiro tenha a vontade de abandonar o bem sucedido CSKA por um cargo que ainda recentemente não lhe proporcionou especial fama. O segundo, com um carácter complexo, pode não chegar a entendimento com a federação, tanto mais que em tempos, quando Mutko era presidente do Zenit de São Petersburgo, Buchovets, técnico principal do clube, não alcançou grandes êxitos e abandonou a cidade.
São as únicas candidaturas que se vêem hoje na Rússia. É muito provável que "uma solução não ordinária do problema dos quadros" mencionada pelo novo chefe da UFR esconda não um simples desejo de intrigar o público, mas também uma fórmula concreta e anteriormente preparada que será aproveitada no momento exacto. Em qualquer caso, falta pouco para conhecermos o nome do novo técnico principal da selecção de futebol da Rússia.
Mikhail Smirnov observador desportivo RIA "Novosti"
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