Democracia? Eleições democráticas? Onde?
1. Um dos aspetos basilares da democracia é que o direito de votar é igual ao de poder ser eleito.
2. · Onde isso não acontece, não há democracia; a não ser para recuados ou aldrabões que entendam democracia = folclore eleitoral + ausência de polícia política;
3. Quando a Constituição (artº 10º) refere que " os partidos políticos concorrem para a organização e para a expressão da vontade popular" toda a população é desconsiderada, tomada como massa de incapazes e ignorantes, necessitada de uma casta que zele por si.
4. ·E portanto, relegada à condição de uma desprezada massa de eunucos políticos.
3. Dentro dessa receita totalitária constitucional, enquistou-se uma casta, um pentapartido que maneja o erário público, ocupa o aparelho de estado, procede a negócios escusos e é pago com mordomias, im(p)unidades, subvenções e isenções de impostos.
4. A casta autorreproduz-se, é endogâmica como as velhas nobrezas, só aparecendo nas ruas, em períodos eleitorais, em campanhas de charme, para beijocar crianças e velhinhas, entre cornetas e bandeirolas. Fora dessas ocasiões, dedicam-se a alimentar os media com soníferas banalidades ou, com debates onde prepondera um pensamento único e que mais parecem espetáculos do mais reles wrestling.
5. A casta circula em ambientes fechados e guardados, como S. Bento, administrações de empresas, escritórios de advocacia, universidades, cargos públicos, aeroportos e restaurantes caros.
6. A casta vive bem e confortável no seio das suas rígidas hierarquias partidárias, fechadas que estão todas as formas democráticas de decisão sobre a res publica, a toda a população; e mesmo no seu seio;
7. Depois de eleitos, agem como lhes convém, sem prestação de contas; igualando representação com sacralização, são inamovíveis dos cargos, por mais lesiva que seja a sua atuação;
8. Democracia é autogestão, decisão popular, ausência da mãe da toda a corrupção, a classe política.
Por tudo o que sumariamente se disse, votar na casta, no âmbito de um modelo de representação que a perpetua é, como dizia Sartre, "uma armadilha para parvos".
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