Às 19:30 h da Quinta 14 de Maio, no eixo dos 10°C, com chuvarada e garoa o dia todo, 45 mil pessoas assistindo, uma arquibancada com sete mil fãs e uma porção da preferencial para os torcedores argentinos acabaram dando um cheirinho nem só de café fumeante no Estádio Centenario de Montevidéu, senão da antiga Taça Libertadores de América.
JOGO 113 da versão 2009 da Taça Libertadores.
ESCALAÇÃO DEFENSOR SPORTING:
01 Martín Silva (Goleiro e capitão); 21 Pablo Pintos; 03 Walter Ibañez; 02 Jorge Curbelo; 18 Sebastián Ariosa; 19 Julio Marchant; 08 Miguel Amado; 05 Pablo «Teca» Gaglianone; 07 Diego de Souza (comemorou 25 anos); 14 Mauro Vila e 09 Diego Vera.
PLANTÃO: 12 Fernando Rodríguez (Goleiro); 15 Carlos Díaz; 17 Diego Ferreira; 22 Robert Herrera; 10 Marcus «Nasa» García; 11 Rodrigo Mora e 20 Álvaro «Chinês» Navarro.
Treinador Principal: Jorge Orosman «Traça» da Silva.
Treinadores Aditos: Sergio Cabrera e Daniel Oddine.
ESCALAÇÃO BOCA JUNIORS:
01 - «Pato» Abondancieri; 04 Hugo Ibarra; 02 J. C. Cáceres; 06 Juan Forlín; 03 - Morel Rodríguez; 22 Fabián Vargas; 05 Sebastián Battaglia; 16 Cristian Chavez; 23 Nicolás Gaetán; 14 Rodrigo Palacio; 09 Martín Palermo.
Treinador Principal: Carlos Ischia.
ÁRBITROS: Principal: Carlos Torres (Paraguai); Bandeirinhas: Emigdio Ruiz e Nicolás Yegros (Paraguai). Árbitros no plantão: Darío Ubríaco (Uruguai).
Vistoria Confederação Sul-Americana de Futebol: Fernando Barriocanal (Paraguai)
Controle Dopagem da Confederação Sul-Americana de Futebol: Dr. José Veloso (Uruguai).
GOLS::
Primeiro Tempo: 09 - Martín Palermo (Boca Jrs.) 03´- 05 Pablo Gaglianone (DSC) 46´.
Segundo tempo: 14 Rodrigo Palacio (Boca Jrs.) 56´- 11 Rodrigo Mora (DSC) 83´.
Alterações:
DSC 20 Álvaro «chinês» Navarro x 14 Mauro Vila
DSC 10 Marcus García «Nasa» x 19 Julio Marchant
DSC 11 Rodrigo Mora x 18 Sebastián Ariosa
Cartões Amarelos:
DSC 05 Pablo Gaglianone
DEFENSOR SPORTING (URUGUAI) 2 x BOCA JUNIORS (ARGENTINA) 2
O resultado final exprime extrema justiça com o evoluir do jogo nos 90 minutos.
Como acontece na grande maioria das partidas é muito difícil manter o time rival sob pressão o jogo inteiro porém o histórico sobe e desce em forma de eletro-cardiograma «veste» o futebol desde o berço.
Isso acabou acontecendo neste jogo N° 113 da atual edição da Taça Libertadores de América (continua sem o nome do apoio neste jornal até que o Quique Belo e suas princesas vermelhas desçam no ponto do PRAVDA) quando o Defensor Sporting ficou com posse de bola a maioria do tempo da primeira metade, usando a largura toda do gramado tentando evoluir em campo e ás vezes conseguindo o objetivo quase sempre pela faixa esquerda do ataque dos «tortos» uruguaios.
Passaram apenas 45 segundos do apito inicial do raspado árbitro guarani e driblando pela esquerda foi que o time uruguaio progrediu em campo com toques do Sebastián Ariosa para o Mauro Vila, logo com o Diego Vera que com chute forte e raso não conseguiu vencer o «Pato» Abbondancieri que dava o primeiro mergulho na área pequena da Arquibancada Colombes do mítico Estádio Centenario montevideano, segurando a bola.
Após esse início, os torcedores uruguaios (com 45 mil pessoas nas arquibancadas é óbvio que nem todos eram do Defensor Sporting pois só os dois grandões do futebol uruguaio poderiam conseguir esse privilégio de lotar o estádio por si próprio), poderiam ter imaginado um jogo bem diferente a esse que acabou acontecendo á partir dos três minutos.
Cobrança de escanteio da faixa esquerda do ataque argentino e uma perna esticada ao máximo, um chuteira que aparece no palco da grande área e da uma pontinha na bola que entra rente á coluna direita do goleiro Martín Silva.
Tinha pessoal pra caramba na grande área mas só uma chuteira poderia alcançar a bola que descia devagar procurando o imã de sempre, a chuteira do Martín Palermo para receber a mais uma carícia na pele colorida.
Logo o jogo ia ficar sempre do lado «violeta», posse de bola, jogo bastante fluente, que quase não parece uruguaio, sem cair naquele cruzamento sem senso nenhum que procura uma falha nas cabeçadas dos zagueiros. O estilo do «Traça» da Silva foi amadurecendo e nada tem a ver com aquele da seleção juvenil uruguaia na hora que era treinador.
A bola percorre as ondas horizontais do desenho do granado, de esquerda á direita, de direita á esquerda até encontrar um buraquinho para ativar a perfuratriz do artilheiro do time.
Foram várias as chances do Defensor Sporting na primeira metade até a cobrança de um escanteio também da faixa esquerda que cabeceia o pretinho número 21, Pablo Pintos dando um pulo de carnavalesco feliz e deixando a bola nos pés de um outro Pablo, o «Teca» Gaglanone que com os cadarços talvez «cadarçou» a melindrosa rumo á rede argentina. O tempo estava se acabando, quase 46 minutos do primeiro tempo.
Na segunda metade, começou igualzinho que o início da partida só que desta vez com mais risco ainda para o goleiro argentino na Alemanha 2006. Com jogada enxuta mais uma vez pela faixa direita da grande área o Defensor Sporting aproximou-se á segunda conquista, endireitando o jogo do torto rumo á vitória. O «Pato» vencido no relvado e uma camisa amarela com faixa azul horizontal no peito que faz uma de equilibrista acima do muro chutando a bola para fora da zona de risco.
Talvez tinha sido o ponto de inflexão no jogo pois o Boca começou jogar a como o time de raça e experiência que foi na Libertadores sempre. O relógio marcava 11 minutos e um ziguezague do meia-direita do Boca pela faixa direita do campo acabou em um cruzamento raso e forte rumo ao Martín Palermo que canhoto e tanto pifou a bola...puxa vida...acabou dando aquele grande passe para o outro famoso do ataque argentino que com o quatorze nas costas deu um toque preciso que fez encaçapar a bola na rede uruguaia.
Por enquanto, visualizava-se que a história do primeiro tempo ia se repeti na segunda metade, os uruguaios iam ter que suar bastante para conseguir um empate apenas.
Alterações várias no ataque do «torto» fizeram o jogo mais equilibrado após aquele empurrão do Boca em campo uruguaio. O Defensor Sporting com muita raça acabou conquistando o verde gramado dos argentinos até que uma bola pela faixa esquerda do ataque deixou o brasileiro «Nasa» vindo do plantão com a camisa dez perto da lateral da grande área. Logo dar uma verificada rápida da localização dos colegas na área, chutou alto por cima de um dos zagueiros e o guardiã do Boca para o Rodrigo Mora que deu uma cabeçada que fez quicar a bola antes de entrar na cidadela argentina. Sete minutos para o final do jogo que logo iam ser dez após pedido do árbitros paraguaio para que o uruguaio Ubríaco colocasse no painel eletrônico.
Nada mudou até os 93 minutos e o Boca começava se imaginar nas Oitavas pois é muito difícil que o Defensor Sporting consiga vencê-lo no Estádio La Bombonera além desse instante fraco dos argentinos no Campeonato Argentino.
Os uruguaios conseguiram que o Boca empatasse o primeiro jogo na Libertadorees 2009 e agora ficam no aguardo de uma façanha em Buenos Aires.
Caso o Boca conquistar um gol na outra beira do Rio da Prata, o Defensor precisa dar uma virada pois empate não é negócio para eles.
Os uruguaios não vão tremer de medo em La Bombonera, disso a gente tem certeza mas é difícil jogar perante um Boca da Libertadores, até sem torcida nas arquibancadas.
Até o 14 de Maio, Boca nunca tinha empatado nesta edição da Libertadores, tendo ganho 5 partidas e perdendo uma só no Equador de 1 x 0.
No Estádio Centenario, Boca Junior também na Libertadores perdeu um jogo só, perante os «boêmios» do Montevideo Wanderers no decênio de 1980.
No segundo tempo a camisa amarela e azul do primeiro tempo ia ser tornar azul e amarela e o Boca voltou ao estilo de sempre, aquele ícones clássico da Libertadores.
Uma outra história para justificar este empate passa pelo grande Palermo que tem nome de bairro portenho chique mas raça de craque do lamaçal.
Pois é, estava o canhoto-loiro, artilheiro e fura redes no gramado vestindo a camisa nove de Boca Juniors mais uma vez e isso apenas faz a diferença nos torneios do Continente Americano. Seja Libertadores ou Sul-Americana, esse homem esculpido numa rocha de carne acaba autografando sempre a rede rival.
São inúmeras as razões que transformam um homem em herói esportivo nos países de maior tradição futebolística como é o caso da Argentina, Brasil e Uruguai.
Um «Gordinho» maravilhoso e elegante com duas cirurgias gigantes como o Ronaldo fere a cada fim de semana os rivais que tentam se colocar na frente do gol impedindo mais uma comemoração daquele moleque Campeão do Mundo nos EUA 1994 com o Dunga ainda vestindo a cinco e capitão.
Nem sempre o sucesso dos jogadores nas seleções vá de mãos dadas com aquele grande destaque dos clubes. Ronaldo foi gigante (ainda pode ser) na verde-amarela e no Timão mas o Martín Palermo é «simplesmente» o maior artilheiro histórico do Boca Juniors ultrapassando a faixa dos 200 gols e cativando a torcida, fazendo-a pular e gritar á toa e o maior responsável pelas tremidas do Estádio La Bombonera.
Um grande inesquecível para todos os torcedores de Boca Juniors que vão colocar na gaveta das lembranças, outros centroavantes, como o Morete, o García Cambón e até o próprio Diego Armando Maradona e sua magia.
O histórico de sucessos do Palermo com a alvi-celeste argentina não foi semelhante a esse que continua gerando com a azul e amarela. Até pênaltis chutados defeituosos acabaram batendo um papo-FURADO com as nuvens paraguaias na Copa América Paraguai 1997.
No «Boquinha» que é o nome terno que a torcida da para o time do peito, Palermo pode até falhar pênaltis que «La Bombonera» vai abrir a Boca nos degraus das arquibancadas e loiro vai começar ouvir um música feita para ele: Paleeeer...Paleeeer....Paleeeer...
Até parece uma estátua grega mas é um artilheiro da gema.
La Bombonera não treme, ela bate!!!
Água na BOCA para o Defensor Sporing que talvez tinha perdido sua grande oportunidade nesta versão. Mesmo assim o time uruguaio focou-se no Torneio Uruguaio pois está se encaminhando rumo ao bi-campeonato uruguaio. Fora os grandões, Nacional e Peñarol, não tem clube que tinha conquistado e está querendo colocar uma marcação na história do futebol uruguaio do jeito que fiz o 25 de Julho de 1976,quebrando aquele pingue-pongue de títulos ganhos pelos grandões na era profissional desde 1932.
O PRAVDA parabeniza o Club Nacional de Football de Montevidéu pois o dia do jogo comemorou 110 anos de vida e segundo os torcedores «Tricolores» uruguaios, são 110 mesmo!!!...nessa briga eterna com o outro grandão uruguaio, Peñarol. As comemorações começaram após a meia noite da Quarta 13 de Maio, na hora que muitos foguetes luminosos e barulhentos explodiam no céu notívago montevideano e com certeza no resto do país.
Foto: De esq. á dir: Diego de Souza (DSC) Rodrigo Mora (DSC)
Correspondente PRAVDA.ru
Gustavo Espiñeira
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