Patético, cisca o poço sem fundo o Clube Atlético Mineiro. Maltratado, usado, machucado, o Galo vai acumulando derrotas e detratores em um eterno rosário de lágrimas e tristezas.
Insuflado por uma torcida que ama mais a si mesmo que o próprio time, caiu abatido na primeira batalha o gigante de pés de barro, alquebrado, humilhado, espezinhado, diante dos olhos envergonhados e mal tratados dos que o amam em corpo e alma. Uma ferida que o tempo insiste em não cicatrizar.
Há uma mentalidade perdedora no Clube Atlético Mineiro. Enquanto a raposa chega primeiro, sorrateiramente, madrugada adentro, antes dos primeiros raios de sol, revelando novos talentos e fazendo fortuna, como foi com Guilherme, Ronaldinho e agora com Ramirez, entre tantos outros, o Galo, depois de muito cantar, chega ao final do dia, cansado, atrás dos esquecidos. Lopes, Júnior, Petkovic. Isso é mentalidade menor, de quem não tem o viço da vitória, o lastro da glória. Competência tem vários nomes e um deles é caminhar junto com o seu tempo.
Mais que medianos jogadores em campo, o Galo precisa de um craque fora de campo, um jogador conectado com os maiores clubes do mundo, sintonizados com os grandes empresários, articulado com as várias categorias de base e com os olheiros de todo o país. É um trabalho que exige um amadurecimento, mas tem retorno comprovado, como atestamos junto aos maiores clubes brasileiros. Mais que presidentes, precisamos de dirigentes comprometidos com o Clube, com a mudança nessa viciada e atrofiada história do Atlético.
Chega de amontoados de homens, contingentes arrumados de jogadores. Precisamos de um exército de formados, de homens estruturados para compor o todo, comprometidos com o ideal de vencer.
Agora, é hora de lavar as bandeiras, colocar a velha e surrada camisa no varal, arrumar a casa depois de mais um temporal. Vale ponderar que todo o mal tempo já se anunciava... Por comodidade e imaturidade, achamos melhor acreditar nos raios de sol que romperam pequenas nuvens.
O tempo ainda está nublado. É hora de aumentar o muro, fazer barricadas, encontrar uma saída.
Depois de tudo, de recolher os cacos, fitaremos o infinito com a única certeza de que nos restou apenas a nossa honra, essa que ninguém pode nos roubar!
Petrônio Souza Gonçalves é jornalista e escritor
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