Mal se foi o último grito de gol, de gozo; foi-se também o nosso amor estampado, tatuado, declarado. O nosso amor não é à pátria, é à festa que a pátria pode nos proporcionar. O hino nacional, cantado em erros aqui e acolá, vem apenas ser o triste requiém de nossa própria falta de identidade, de independência moral, política, social e cultural. Quem sabe uma versão em inglês seria melhor interpretada pela imensa maioria dos nossos técnicos sem time?
Nós pisamos de chuteiras no coração do Brasil. Sangramos o amor pátrio na sanha de cada um de nós marcar seu gol no dia a dia. Na grande verdade, estamos mais preocupados com as nossas meias, com os nossos sapatos, que com a vestimenta do país dos eternos descamisados. Esta é a relação do brasileiro com o seu país. O seu comprometimento com as coisas da sua pátria. Tudo, se reflete no jogo do time dos seus selecionados.
Nós choramos de vergonha pelo Brasil e nossa indignação dura apenas até o próximo jogo, a próxima festa, o próximo churrasco. Formamos uma Nação de apáticos.
Há um descomprometimento cultural compartilhado entre os cidadãos brasileiros com o Brasil. Formamos uma grande nação de vencidos, de enganados, de não representados. O brasileiro não se reconhece em seus representantes, não se sente representado e respeitado por eles. Falta amor, falta entrega, falta uma relação carnal, cultural e espiritual, e isso vem de muito...
Nosso nacionalismo é bem assim: esteve estampado nas ruas, fora de nós. É um amor amarelado, desbotado, facilmente levado pelo vento da história. E, de repete, nos faz até ter vergonha das nossas cores e das nossas manifestações quase expontâneas.
Petrônio Souza Gonçalves
jornalista e escritor
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