Brasil: A questão nacional Parte I

Brasil: A questão nacional Parte I

 (15/7/2019, Duplo Expresso, 22:20 (aqui, a fala transcrita, revista pelo autor)

 

Felipe Maruf Quintas é mestre em ciência política pela Universidade Federal Fluminense (UFF), onde prepara sua tese de doutoramento. Publica, dentre outros blogs, em Brasil Debates, Duplo Expresso, GGN, Portal Disparada.

___________________________________________________________


Felipe Quintas (22:20) - 
Bom-dia a todos, bom-dia expressonautas. Estamos presenciando o desmonte do Brasil que deu certo, reforçando, naturalmente, o Brasil que não deu certo. O estado social, o status, a centralidade do Itamaraty, das universidades federais, tudo isso está sendo desmontado a jato. Pelo menos pra mim, pro Romulus, pra muitos aqui, não é absolutamente nenhuma surpresa. Essa foi a tendência histórica inaugurada em 2015 e acelera-se particularmente a partir de 2016. Tudo que a gente está vivendo, tudo, estava programado para acontecer e todos sabíamos que iria acontecer, não havendo uma correção, uma mudança de rumo. 

Qual é o cerne de tudo isso? Claro que todo esse desmonte estimula uma série de pautas corporativistas. Não estou dizendo que o corporativismo seja ruim. Mas o desmonte estimula uma série de lutas e demandas particulares. É a demanda de quem quer aposentar-se, para se aposentar logo; a demanda da comunidade acadêmica, para salvar a universidade federal tal como existe hoje; é a demanda de uma série de trabalhadores, para resgatar os direitos que eles perderam. Todas essas demandas são extremamente justas e necessárias, mas nenhuma delas será solucionada a contento, se a questão nacional, que é o cerne da coisa [24:11] não for considerada.  

Não estou dizendo que cada movimento tenha de levantar a bandeira nacional, para ter efetividade. É muito mais do que isso. 

A organização política mediante a qual essas demandas são feitas tem de ser uma organização política voltada para a construção do Brasil, para a reconstrução e a construção do Brasil. É um processo muito mais amplo. Sem estar inserida nessa organização com propósitos mais amplos, nenhuma dessas pautas particulares será jamais solucionada.  

Porque num país em desmonte não há espaço para o aposentado, não há espaço para o estudante universitário, para o professor universitário, não há espaço para o diplomata, não há espaço para o trabalhador comum, que quer suas férias, não há espaço para a classe média liberal, para os profissionais liberais. Só há espaço para as oligarquias[25:24]. As oligarquias que não vivem no Brasil, mas vivem do Brasil.  

Sem considerar a construção nacional, sem considerar a construção do Brasil que queremos - porque soberania é isso: é a sociedade mediante sua representação política que é o Estado decidir por conta própria quais os rumos que o país vai tomar. - Se isso não for feito, se o Brasil não for construído e continuar a ser desmontado, não haverá espaço para ninguém que não seja da oligarquia.  

Não estou dizendo que as pautas particulares não sejam necessárias. Mas o particular precisa do geral. Nesse caso, o geral é o nacional [26:28]. Se o particular não estiver inserido no geral, se os grupos particulares não estiverem inseridos numa totalidade que favoreça a atividade dos específicos, dos particulares, esses particulares, esses específicos, simplesmente vão sucumbir.  

Por mais que se fale de uma polarização, que se diz que haveria no debate político brasileiro, na verdade essa polarização não existe. Porque a questão central, que é a questão da construção da nação, simplesmente não existe para nenhuma das partes que supostamente estariam polarizando entre elas. Daí que os grupos específicos, quando vão exprimir e defender suas demandas, não consigam ter alcance maior, não consigam ter maior impacto político.Porque, dada a ausência de uma organização de fato nacional e nacionalista que incorpore essas pautas e as coloque como constitutivas do processo de construir a nação, todas as demandas particulares ficam limitadas ao mero corporativismo [27:50].  

Fora das bolhas profissionais, fora das bolhas identitárias nas quais acontecem, as demandas específicas não surtem efeito nenhum. Por exemplo, eu, como estudante de pós-graduação, poderia ficar aqui o tempo todo me queixando da situação em que estão as universidades. Mas só quem faz parte da minha realidade conseguiria entender de fato o que eu estaria dizendo.  

Não que eu, como estudante de pós-graduação, não tenha minhas reivindicações, minhas queixas, minhas demandas, que são as queixas, reivindicações e demandas de toda uma categoria. Mas se eu expressar tudo isso em termos meramente corporativistas, não vou alcançar a adesão, a simpatia, de mais ninguém distante da minha corporação. Porque cada um está imerso em seus problemas particulares, cada um sabe onde o calo aperta, e claro que cada um tenda a superestimar o próprio calo e a própria dor. O meu calo dói mais que o seu... [29:01], você não tem do que reclamar. E por aí vai. 

Então, fica-se nessa briga de particularidades - que é justamente a o que o ultraliberalismo leva as pessoas a fazer, a se esgotarem em brigas entre particularidades, sem que haja uma luta que articule essas particularidades em defesa do país, do melhoramento do país, da promoção dessas particularidades dentro de um projeto coletivo e nacional. O ultraliberalismo, ao estimular o particularismo, o individualismo, ele evita que essa articulação aconteça.  

Para que todas as muitas particularidades da sociedade possam ser atendidas em grande parte, a questão nacional é central. Porque o que está em jogo não é só a destruição da universidade, não é só a destruição da aposentadoria, não é só a destruição dos direitos trabalhistas, do SUS, do que for, destruição do Itamaraty... Não é só isso: trata-se da destruição do Brasil como país. Digo "destruição" literalmente. Não é só o empobrecimento do país. É impor ao Brasil um ritmo de desnutrição, de destruição, um ritmo de devastação, de espoliação tal, que o país não consiga sustentar a própria base física do país, que é seu território (30:38). 

O projeto último é desmembrar o país em várias republiquetas - que na verdade seriam feudos de grandes corporações estrangeiras. Por quê? Porque território é poder. Território é um dos aspectos básicos do poder nacional de qualquer país. E impedir que o Brasil tenha poder, já que um país subdesenvolvido como o Brasil, cuja criação, cuja inserção deu-se basicamente para atender as necessidades do comércio exterior ditado pela potências metropolitanas, não ditadas pelo Brasil. O Brasil nasceu para atender necessidades dos outros, não as próprias necessidades. País assim não pode ter território desse tamanho. Mas para impor a fragmentação do território, é preciso impor um regime draconiano de subtração dos vínculos de integração que haja no país (31:42).  

E quem dá esses vínculos de integração não é o setor privado, mas, por definição, o estado. Daí o desmantelamento da infraestrutura do país, destruição da infraestrutura, das universidades, dos Correios.  

O desmantelamento e a desmoralização, o desmonte do Itamaraty, que é uma das instituições centrais para a construção da nacionalidade. O Brasil não teria o território que tem, não fosse o Itamaraty. 

O desmonte do SUS, que é o sistema público integrado que, bem ou mal, apesar dos muitos defeitos que tem, promove a integração social, numa concepção unificada de políticas sociais de saúde pública. O desmonte de tudo isso vai cortando os vínculos que ligam as regiões, que ligam o país para dentro.  

Ao mesmo tempo em que as regiões vão sendo desligadas umas das outras, perdendo os vínculos que tinham 'para dentro', todas elas passam a se conectar 'para fora' [interrupção técnica] (33:03).   

Felipe Quintas (33:57) - Então, todo o desmonte dessa estrutura voltada para dentro, que foi construída no Brasil, o desmonte dela visa a desligar a pouca integração que o Brasil conseguiu para dentro, ao mesmo tempo em que vincula cada uma das regiões do Brasil exclusivamente para fora, voltada para o exterior, e de uma maneirasubdesenvolvida, subordinada [interrupção] (34:33)

Felipe Quintas (35:44) [sobre Juscelino que construiu Brasília declaradamente para interiorizar o Brasil] Brasília não interiorizou absolutamente nada; só interiorizou boa parte da burocracia federal. Em termos de integração nacional, o resultado é pífio.  

A integração que de fato teria de ter sido feita seria uma integração das infraestruturas, uma integração das indústrias, uma integração das cadeias produtivas para dentro do Brasil, o que não aconteceu. Pelo contrário, a partir da construção de Brasília, a indústria passou a se concentrar cada vez mais em São Paulo.  

Brasília foi fundamental para a concentração da indústria em São Paulo, uma vez que boa parte das indústrias de cimento, siderúrgica, que abasteceram a construção de Brasília, foram indústrias paulistas, escolhidas pelo governo. Assim, boa parte da geração de valor ficou concentrada em São Paulo, em detrimento de outras regiões (36:42). Provocou esvaziamento ainda maior do Nordeste, esvaziamento que já vinha de muitas décadas antes, mas que se acelerou, esvaziamento demográfico, mas esvaziamento também de capital.  

Brasília e aquela região efetivamente não deixaram ou de ser o interior de Goiás, sem nenhum preconceito, mas fato é que não houve nenhuma mudança estrutural naquela região, que se possa atribuir à transferência da capital.  

Se o objetivo era promover a integração do país, Brasília falhou miseravelmente nesse aspecto. A transferência da capital, bem ao contrário, ainda reforçou uma concentração industrial e de infraestrutura em São Paulo (37:37).  

Felipe Quintas - [E a Zona Franca de Manaus?] A Zona Franca de Manaus, basicamente, é uma plataforma de exportação só para empresas estrangeiras no Brasil. Se a ideia era emular os Tigres Asiáticos, também falhou miseravelmente, porque os Tigres Asiáticos não eram apenas plataformas de exportação.  

Os Tigres Asiáticos desenvolveram estado desenvolvimentista que se encarregou de construir toda a infraestrutura para dentro daqueles próprios países (38:12). Exatamente o que a Zona Franca de Manaus não fez. Foi o contrário. A Zona Franca de Manaus só industrializou o subdesenvolvimento. Só industrializou a inserção subordinada, subdesenvolvida do Brasil no mercado internacional.  

A Zona Franca de Manaus, em vez de exportar soja, serve como maquiladora para exportação de produtos manufaturados, cuja tecnologia, cujas peças muitas vezes não são produzidas no Brasil ou, quando são produzidas, são produzidas em São Paulo, por empresas estrangeiras.  

É até irônico dizer que a Zona Franca de Manaus seria plataforma de exportação, porque na Zona Franca de Manaus são empresas estrangeiras que exportam (39:11). Na verdade, não há exportação. O Brasil vira apenas barriga de aluguel para elas.  

Por exemplo, a Phillips, que exporta produtos a partir da Zona Franca de Manaus. Se a Phillips fosse empresa brasileira daria para entender que a empresa exporta. Mas a empresa não é brasileira, o capital da Phillips não é brasileiro, o lucro da Phillips não fica aqui, não é retido aqui, não é investido aqui. A tecnologia usada pela Phillips não é produzida no Brasil. Assim, a Zona Franca de Manaus não passa de um enclave, para algumas empresas sobretudo estrangeiras produzirem com custos baixíssimos, baixíssimos custos trabalhistas, baixíssimos custos ambientais (40:04).  

Enfim, a Zona Franca de Manaus apenas industrializa o subdesenvolvimento e não promove nenhuma integração do Brasil. Bem ao contrário, a Zona Franca de Manaus muitas vezes é mais voltada para o exterior, que para dentro do país.  

Pode ter alguma importância em termos de geração de empregos lá por

Manaus, mas para o conjunto do país, para a economia nacional, a Zona Franca de Manaus não obtém grande êxito no sentido de desenvolver o país. 

Mas na época da ditadura a Zona Franca de Manaus veio bem a calhar, porque uma das grandes 'conquistas' (entre aspas, porque só foi conquista para as oligarquias), um dos 'feitos' do golpe de 64 foi precisamente ter desnacionalizado o debate político brasileiro, tirar a questão nacional do centro da política

Sim houve alguns grupos militares, principalmente com Geisel, antes dele com o general Albuquerque Lima, que tentaram renacionalizar o debate político, mas não obtiveram êxito algum, (41:23) porque não tinham respaldo institucional, respaldo do seu grupo de apoio, para isso. 

Então, na ditadura, o mote do desenvolvimento foi completamente desnacionalizado - e confundiu-se desenvolvimento e mera industrialização (41:43). Mas desenvolvimento nunca foi mera industrialização.  

Desenvolvimento sempre foi a industrialização, a geração de valor no estado da arte da tecnologia mundial, mas voltado para dentro do país que se industrializasse. Para atender necessidades de dentro do país, para haver uma integração nacional, uma integração social do país, nos próprios termos desse país, para aumentar sua soberania, reforçar sua posição internacional.  

Desenvolvimento não é simplesmente pôr uma fábrica em algum lugar, construir uma fábrica. Se fosse, o Brasil já seria desenvolvido desde a Colônia, porque as fábricas da Colônia eram os engenhos (42:26).  Mas os engenhos serviam para dentro do Brasil? Não. Só serviam para fora do Brasil. Para abastecer o mercado europeu, que era quem comandava o capitalismo na época. E o Brasil entra de forma periférica e subdesenvolvida naquele capitalismo.  

A Europa ditava o que a indústria colonial iria produzir, no caso o açúcar, e a Europa ditava o que ditava, para seu exclusivo benefício - porque queria consumir açúcar e queria obter esse açúcar ao preço mais barato possível, e daí, dentre outras coisas, a necessidade da mão de obra escrava.  

Encontra-se lógica semelhante a isso nesse desenvolvimento que o FHC chamou de "associado e dependente"(43:23), termo bonito do FHC, desenvolvimento que ele mesmo defendia.  

A Zona Franca de Manaus produz o que a Europa quer consumir, não o que o Brasil precisa. EUA e Europa vão lá e ditam o que deve ser produzido, põem lá as empresas deles, a tecnologia deles, produzem aquilo a custo baixíssimo (na Zona Franca de Manaus, a Phillips produz com custos muito baixos, que na Holanda jamais conseguiria), e aquilo é exportado, segundo o que querem os donos do capital, aqueles que realmente decidem e realizam as decisões econômicas e políticas no nível mundial. E o Brasil exporta o que eles querem que seja produzido e exportado, não o que o Brasil precisa. 

Esse processo não aumenta em nada a soberania do país (44:15), muito pelo contrário: até esse mínimo de empregos que o Brasil consegue depende de decisões tomadas fora daqui e são voltados para o benefício do país estrangeiro. 

A ditadura produziu esse descolamento entre o desenvolvimento e a nação (44:34), e a questão nacional. É onde se vê que FHC e Bolsonaro são filhos diretos da ditadura militar. (Interrupção) 

Felipe Quintas (45:18) [Sobre a experiência de desenvolvimento nos governos do presidente Lula] Essa experiência teve consequências valiosíssimas para a interiorização do desenvolvimento brasileiro. E muito por causa disso, exatamente, o Lula está preso. 

Não estou dizendo que os governos Lula tenham desenvolvido o Brasil, até porque desenvolvimento é trabalho de longo prazo e demandaria a construção de outro arcabouço institucional - coisa que os governos Lula não foram capazes de promover e talvez nem quisessem promover. Mas houve, de fato, uma mudança qualitativa. Um dos lugares onde essa mudança mais foi sentida foi o Nordeste.  

O governo Lula realmente interiorizou a indústria no Nordeste (46:04), muito mais que qualquer outro governo antes dele. Temos por exemplo Suape, em Pernambuco, a reconstrução e a revitalização de fábricas de fertilizantes nitrogenados, as Fafens [são/eram as Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados da Petrobras], a construção de várias refinarias no Nordeste. Essa questão das refinarias é importante, porque antes o Nordeste produzia o petróleo, mas ele era refinado no centro-sul. O extrativismo, que menos agrega valor, ficava no Nordeste; e a agregação de valor, a indústria de transformação que realmente gera empregos de qualidade, demanda uma tecnologia, é processo mais sofisticado, a indústria de transformação do refino ficava no centro-sul. O centro-sul praticava uma espécie de imperialismo interno em relação ao Nordeste: o Nordeste importava matéria prima (47:06) para o centro-sul manufaturar.  

Quando o governo Lula decide construir várias refinarias no Nordeste, ele está rompendo essa lógica de imperialismo interno: está pondo o Nordeste para agregar valor, para ter uma indústria de transformação própria, gerando benefícios para dentro do próprio Nordeste. Não é à toa que no Nordeste é onde o lulismo mantém sua base fiel.  

Porque foi lá que as transformações realmente se fizeram sentir. Tivemos o Luz para Todos, que foi um grande programa de eletrificação do interior do Nordeste e também do Norte, de regiões que até então estavam alijadas do mais básico da modernidade que é a eletricidade - para desespero de muitos antropólogos (48:05). As populações do interior do Nordeste não queriam ser tradicionais... Não estou falando de todos os antropólogos, estou falando de muitos, não de todos.  

Porque tem antropólogo que é muito inteligente e gente boa, mas muito antropólogo ficou frustrado porque o Lula rompeu com aquele primitivismo tradicionalista e foi muito aplaudido lá, porque ninguém mais aguentava viver sem eletricidade. O Eduardo Viveiros de Castro (48:38), por exemplo, porque o nordestino queria ter luz elétrica! Ele mesmo não abre mão do própria eletricidade, mas o nordestino, o indígena, tem de ficar sem luz elétrica, porque isso é "ser autêntico". Para ele, e para outros também, se o cara tem luz elétrica, é porque se vendeu ao sistema. Ora! Que muitos se vendam ao sistema! Ainda bem que o Lula vendeu muita gente ao sistema, nesse bom sentido do termo.  

Tudo isso é resultado da interiorização da malha elétrica pela Eletrobrás. Se a Eletrobrás não fosse estatal, Lula não teria conseguido internalizar a rede. 

Por isso o debate sobre a privatização é tão importante (49:52)hoje em dia.  

Porque o Lula só conseguiu fazer algo mais que o Fome Zero, porque ainda havia uma estrutura estatal remanescente, que o FHC não conseguiu depredar. Porque, uma vez que se tenha depredado aquela estrutura, é muito difícil, é muito trabalhoso reconstruí-la. Não estou dizendo que seja impossível, mas vai demandar um grau de vontade, de energia política, muito maior do que o Lula precisou nos seus mandatos [interrupção] 

Felipe Quintas (52:51) [sobre se o Brasil poderá esperar até 2022, ou se é tempo demais e, até lá, já estaremos destruídos] O que o Brasil precisa fazer é um trabalho de base, um trabalho político, um trabalho institucional de longo prazo. Porque 2022, ao meu ver, já está perdido. Não vai sobrar Brasil até 2022. 

Muita gente está pensando em 2022 como 'ano de eleições'. Não! Em 2022 o Brasil estará chegando a 200 anos de existência! 

Muita gente está pensando em 2022 como 'ano de eleições'. Não! Em

2022 o Brasil estará chegando ao bicentenário! Vamos chegar a 200 anos de existência, em 2022, e ninguém lembra disso e da urgência da questão nacional e de se pensar o país como nação. Vamos fazer 200 anos, e ninguém nem lembra. Só se pensa em eleição. E eleição que nem se sabe se vai existir Brasil, ou como estará o Brasil até lá(53:43).  

Mas o importante de 2022 não é a eleição. Importante é o bicentenário.

Do jeito que vão as coisas, o Brasil chegará aos 200 anos como veio ao mundo: pelado, careca e sem dentes. O Brasil vai chegar a 2022 com a mesma estrutura que tinha em 1822, depois de ter construído muita coisa. Mas o Brasil vai chegar a 2022 com estrutura semelhante à que tinha há 200 anos, com a diferença que, em 1822 o Brasil tinha 3 ou quatro milhões de habitantes, a maioria dos quais escravos. Hoje, temos mais de 200 milhões de pessoas, a maioria das quais são resultado da reprodução da população de escravos - o que mantém e aprofunda a escravidão. 

Então, vamos completar 200 anos de existência ameaçados como país, ameaçados como nação, e não se vê nenhum grupo político nem de direita, nem de esquerda nem de nada que lembre desse fato central da nossa existência que é o bicentenário.  

Para que se perceba o quanto o debate político brasileiro está fechado num consenso antinacional (55:02). Sequer essa questão, e nem nos nossos 200 anos, é lembrada. 

Nesse ritmo de devastação em que estamos, vamos chegar a 2022 sob efeito de forte separatismo (55:16). Já existem movimentos separatistas. O movimento "O Sul é o Meu País", por exemplo, foi criado em 1992. De lá pra cá, nenhum governo meteu essa gente na cadeia. Nenhum! 

Vá você inventar movimento na Rússia chamado "A Chechênia é Meu País", ou na China chamado O Tibete é o Meu País (55:37), pra ver o que acontece. E eu acho que o que acontece lá com essa gente é pouco.  

Repito aqui o Darcy Ribeiro, que dizia que, por princípio, era contra a pena de morte, mas que largava o tal princípio quando via alguém defender o separatismo de alguma parte do Brasil. Que tinha vontade de condenar à morte quem defendesse a separação de partes do Brasil. Porque essa posição do Darcy é posição que tem qualquer país altivo e soberano.  

Basta comparar com a Espanha, e olha que a Espanha não é exemplo de país lá muito soberano (56:41). Mas quando houve aquela palhaçada lá, de tornar a Catalunha - e palhaçada financiada pelo Soros, pelos financistas, à qual boa parte da esquerda aderiu, boa parte da esquerda aqui e na Espanha! Pra ver como a esquerda, muitas vezes, também é parte do problema. E não tem capacidade para imaginar soluções para os problemas que ela diz estar vendo.  

Porque só se vai poder combater contra o problema social cuja solução você diz desejar, se você tiver a questão nacional bem definida. Esse é um ponto ao qual eu gostaria de voltar, se não for hoje, volto com certeza na semana que vem (57:19).  

A Espanha, com aquela palhaçada da Catalunha - a Catalunha é uma espécie de São Paulo da Espanha (57:26). Todos de nariz em pé, porque se acham a "locomotiva" da Espanha. Começaram com aquela palhaçada de separar, o governo central reprimiu, achei até que reprimiu pouco. Se eu fosse primeiro-ministro da Espanha eu seria mais contundente na repressão. E o governador da Catalunha teve de ir para a Bélgica, mas não adiantou nada, porque os espanhóis cataram ele na Bélgica. Fosse pra Marte, os espanhóis achariam o cara também em Marte.  

Porque todos os separatismos têm de ser reprimidos, porque se um país se fragmenta, ele acaba. É a morte do país(58:12). Por isso, todos os países soberanos têm direito de reagir contra separatistas que desejam a morte do próprio país. 

Infelizmente, prevejo que o Brasil comemorará o bicentenário da Independência enfrentando forte movimento separatista. Porque é o que vai acontecer, se continuar esse desmantelamento do Estado brasileiro, esse entreguismo desbragado, essa dilapidação do patrimônio e das vias de integração do país ("vias de integração" não é só a malha viária, embora seja importante; não é à toa que a malha viária é sempre a primeira a ser privatizada. Não acontece por acaso. É projeto. É um projeto político. Nem governos de centro-esquerda romperam esse projeto. No governo Lula diminuiu bastante a privatização de estradas, mas Dilma retomou o mesmo processo das 'concessões' de estradas e ferrovias).  

Privatizar estradas e ferrovias é um suicídio para qualquer país. Você estará entregando a empresas privadas as próprias veias do seu país, as "vias de integração" efetiva do próprio país. Você estará contribuindo para acabar com o país) [interrupção] 

Felipe Quintas (59:46) - (sobre "na França, Sarkozy havia privatizado a malha viária, mas Holande, que nem se pode dizer que seja governo de esquerda, reprivatizou tudo, e pagando indenização bem modesta") Sim! E aí na Suíça as estradas são todas estatais; na Alemanha, as Autobans que a cochinharada brasileira vive a elogiar, deslumbrada com as

estradas alemãs ("se venderem a Petrobrás, vou ter uma Ferrari, para aquelas estradas!") e tal... todas as estradas alemãs são estatais, dirigidas por uma empresa federal. Nos EUA, a maior parte das rodovias são federais, estatais. Nos EUA, país do dito 'livre mercado'. Nem falo da China, porque aí já é humilhação (prá nós, claro). 

No Brasil, todos os governos dão destaque à privatização das estradas, ferrovias e hidrovias - das ferrovias e hidrovias, as poucas que temos, porque poderíamos ter muito mais -, mas não há pacote de privatização em que não apareça uma hidrovia e uma ferrovia. Estrada, então, é hors concours [1:00:49], privatizam mesmo, sempre acham uma estrada pra privatizar.  

Temer e Bolsonaros privatizaram o tempo inteiro ferrovias, hidrovias. Portos aeroportos são as portas de entrada e saída do país! Tudo isso é estratégico. Se você não controla a porta de sua casa, vai querer controlar o quê, dentro de casa?!  

Não há como falar de política de segurança pública, por exemplo, de combate ao tráfico de armas, tráfico de drogas, tráfico de pessoas, tráfico de órgãos, e dessas barbaridades, se o país está privatizando seus portos e aeroportos. Essas privatizações estão esfarelando o país por dentro.  

Mas as vias de integração do país não são só estradas, ferrovias (1:02:06). Vias de integração do país também são os Correios, também são as universidades federais, também é o SUS [interrupção] 

Felipe Quintas (1:05:06) [Sobre se as concessões no governo Dilma foram a primeira ala das privatizações e correspondentes derrotas ideológicas dos governos populares, Levy e tal] Exatamente. E além da derrota ideológica - porque nem a esquerda que se opunha às privatizações do FHC foi capaz de romper com o paradigma de privatizações e continuou sustentando isso - isso também gerou uma imagem péssima na sociedade, ao pôr a esquerda como um todo como não confiável (1:05:30), como gente que não cumpre o que diz.  

Porque tradicionalmente a esquerda tinha discurso antiprivatização e a favor do estado público, a favor do estado servindo a sociedade. Uma vez que o governo de esquerda que chegou ao governo com um voto de confiança da sociedade, de grande parte da sociedade, uma vez que ele chega ao governo e faz o contrário do que diz, ele está pondo todo o bloco de esquerda - que o PT liderava e lidera -, como bloco não confiável, como gente que não cumpre o que promete.  

Grande parte dos bolsonaristas não têm argumento para defender as atrocidades do atual governo, porque não existe argumento racional pra defender tantas barbaridades e atrocidades. Então, muito do argumento bolsonarista, começa com "mas o PT faria o mesmo", e em grande parte estão certos. Porque recentemente o PT tem dado motivos pra isso. Não só o PT, também o PDT, com essa questão da Tábata Amaral (1:06:42). Pode-se dizer "Nós avisamos". 

Daria um programa inteiro, só falando dessa aberração, mas a aberração não é só a Tábata Amaral. Aberração foi o PDT tê-la aceitado dentro do partido. Foi o PDT tê-la incensado o tempo todo, quando a gente, muita gente, já dizíamos que isso ia dar ruim. Que não ia dar certo. E está aí. 

Ciro Gomes é o malandro sem malandragem (1:07:17), que tomou um balão do Haddad, agora tomou um balão até da Tábata Amaral. Se uma garota de 25 anos dá um balão nele, qualquer um dá balão em Ciro Gomes. Como é que quer ser grande líder nacional, se toma rasteira do Haddad e da Tábata Amaral? Fosse lá de um Renan Calheiros, de um Sarney, de um desses figurões, diretamente do Lehman, pelo menos... Mas não, toma balão do Haddad e da Tábata Amaral. A verdade é que Ciro Gomes, que se vendeu como alternativa de esquerda, alternativa nacionalista (1:08:09) não tem condições para bancar o que diz. Não digo nem que seja mal-intencionado. Acho que não é, mas o ponto não é esse. O Lula também não é mal-intencionado. Ciro Gomes simplesmente não tem condições de assumir o posto que pretende assumir. Não tem condições de ser a liderança que diz ser. É carta fora do baralho. 

Quem espere alguma coisa do Brasil, quem tenha alguma esperança no

Brasil, quem realmente gosta do Brasil não pode continuar a tomar Ciro Gomes como opção (1:08:48). Não por ele pessoalmente. Ciro pode ser excelente debatedor, tem propostas muito boas. Na eleição passada, as melhores propostas eram as dele.  

Mas Ciro não tem musculatura política pra defender o projeto que ele carrega. E que nem chega a ser projeto trabalhista, mas pode-se dizer que é projeto de um novo desenvolvimentismo, digamos assim. Mas nem isso Ciro tem condições de carregar, como projeto. E o caso da Tábata Amaral confirma isso (1:09:19) [interrupção] 

Felipe Quintas (1:10:03) [Sobre Ciro declarar-se "magoado" com Tábata do Amaral] Ciro deve ter um álbum de figurinhas dos magoadores dele... Tanta gente! Mas a política é meio competitivo, é selvagem. E quando alguém é magoado na política, engole a mágoa, engole o choro e toca em frente, revê a estratégia [interrupção] 

Felipe Quintas (1:10:39) [Sobre quem, no atual quadro, poderia ser o nosso Vladimir Putin] Vou dizer assim: hoje, das figuras que estão aí, não vejo ninguém. Mas potencialmente, pessoas que podem vir a ser, que têm musculatura, que têm garra, que tem projeto, que tem cabeça pra isso, pra se tornar isso, se continuar trabalhando, eu indicaria o deputado federal Glauber Braga, do PSOL do Rio (e que, apesar de ser do PSOL do Rio nada tem a ver com a Praça São Salvador. A origem dele é completamente diferente, a origem dele é o PSB, mas acho que a mãe dele foi do PDT...)  

Eu votei no deputado Glauber Braga, voto que dei bem dado, e acho que seja uma potencial liderança nacional e popular, um nome para o futuro, à altura do Brizola, à altura do Vladimir Putin (1:12:02).  

Há figuras que hoje são importantes, não para disputar eleição e ganhar, mas, mais importante que ganhar eleição no atual momento é reconstruir a base da esquerda, é reconstruir a própria forma da esquerda para que, em algum momento, ela tenha força para reconstruir o país. 

Porque não adianta a esquerda fazer um trabalho para vencer eleições em 2022, se não tiver força para reconstruir o que foi destruído, vai fazer o quê? (1:12:33) [interrupção] 

Felipe Quintas (1:16:10) [Sobre o senador Requião, tão experiente, ter sido enganado no Senado, até ele, numa manobra suja de Randolfo

Rodrigues e Simone Tebet, contra a "Lei Reitor Cancelier"]

Lamentavelmente aconteceu com o senador Requião, essa grande figura, que é o Requião.  

Ia mesmo falar do Requião e do Aldo RebeloPara disputar eleição hoje, eles não servem, não captam votos. Mas para fazer uma articulação de bastidores com vários setores institucionais, de diferentes áreas do estado, realmente comprometidas com um projeto de país, essas duas figuras são indispensáveis.  

A meu ver são as duas figuras que têm mais claro tudo de que o Brasil precisa; e dos dois têm uma grande entrada institucional. Assim, para serem eminências pardas de uma esquerda reconstruída em termos nacionalistas e populares, essas duas figuras são indispensáveis.  

O lado bom (1:17:04), algo que pode ser um lado bom do atual momento histórico, é que aquelas ilusões do período da redemocratização, as ilusões de que teríamos uma democracia dinamarquesa, só porque os militares estavam retirando-se dos postos centrais do governo, aquelas ilusões estão-se desfazendo.  

A tal da "ilusão republicana", de que o Brasil seria um império da lei, tal como o Canadá, a Dinamarca, mas sem passar pelos processos de lutas históricas pelos quais esses países passaram para chegar ao patamar civilizacional em que estão. A ilusão era que o Brasil, do nada, de repente, sem esforço nenhum, chegaria a um patamar de civilização ao qual outros países só chegaram depois de muito sangue, de muita guerra, de muita dor e de muito sofrimento. É mais ou menos uma reedição daquela mentalidade cancerígena, de que "Deus é brasileiro" (1:18:13), de que o acaso vai-me proteger. Não vai proteger. O acaso vai espoliar você. Acaso não existe. Quem comanda o acaso é quem esteja por cima. Por você não entender quem está por cima é que você atribui as coisas ao acaso.  

Mas não existe acaso, e o Brasil ainda vive da mentalidade de que "Deus é brasileiro"... "O acaso vai me proteger, enquanto eu andar distraído" (1:18:44). Aliás, a realidade está contradizendo essa música dos Titãs: é por andar distraído que o Brasil está sendo roubado de tudo quanto é lado, está sendo esfacelado. 

Lado bom do momento atual é que muita gente (1:19:03) está percebendo isso, o desencantamento com aquelas ilusões é generalizado, principalmente na geração mais jovem, abaixo dos 35 anos. Porque quem está entre 35 e 60 anos, por assim dizer, ainda acredita naquelas ilusões 'dinamarquesas' da década dos 80s, e está choroso porque não suporta ver a realidade contradizer essas ilusões.  

Mas uma geração mais jovem, que já foi socializada na política sem essas ilusões, já na política selvagem como ela é, está vendo que, para que o país possa endireitar-se - não no sentido de ir pra direita, porque pra direita já foi muito mais do que devia, mas no sentido de se ajeitar, de se arrumar -, o país vai ter de adotar posição mais dura, mais contundente, uma posição nada republicana, para poder colocar o Brasil nos eixos. 

O Requião (1:20:16) é fruto de uma época em que se acreditava que o acaso ia fazer do Brasil uma Dinamarca. Por isso ele é mais suscetível a esse tipo de mobilização. Envolto em temas republicanos, temas morais... Por isso acaba sendo passado pra trás. Há uma nova geração de políticos que já está entrando na política sem as ilusões e sem esses encantamentos, está tendo uma visão mais realista da política como ela é. 

Se hoje não temos um grupo político capaz de defender o país, o que explica a facilidade com que o país está sendo destruído, é possível que o momento sirva para formar um grupo político de peso que já não tenha essas ilusões e que já jogue a política de modo mais duro, mais contundente, e a favor do Brasil. É a esperança que se tem, porque o Brasil é muito grande para simplesmente acabar.  

Mas, se continuar no rumo em que está, o Brasil vai acabar. Se chegar ao bicentenário em 2022, independente de eleição ou não, deve-se prever uma onda separatista bem forte.  

Porque nesse momento de desmonte do estado brasileiro - sendo que é o estado brasileiro que unifica as diferentes partes do Brasil, que dá sentido de unidade, de integração à nação, com esse estado sendo desmontado, com as universidades federais sendo desmontadas, com o SUS sendo desmontado, com a lógica de privatização, de atomização das unidades constitutivas de serviços, Correios, estradas, hidrovias, com tudo sendo privatizado, desmontado, atomizado - é a integração do próprio país que está em xeque.  

A privatização das linhas de transmissão do sistema elétrico nacional... O que seria mais constitutivo da integração nacional que as grandes redes de transmissão de energia do Brasil? Que eu saiba, só Brasil e China têm redes de transmissão de energia. São países de grande extensão territorial, integrados por grandes redes nacionais integradas de transmissão de energia (1:22:53). Não é fácil construir essas grandes linhas. O Brasil construiu, com tecnologia brasileira, pelos técnicos da Eletrobrás, construídas pelo estado brasileiro.  

Não foi o setor privado. Porque só o estado, no caso o brasileiro, pode fazer isso. Nenhum Lehmann, com sua cerveja de milho, construiria essas redes de transmissão. Nem o Ermírio de Morais, com sua fábrica de cimento. Nem foi o Itaú ou o Bradesco ou o Citibank. Não foi nenhum empresário norte-americano ou europeu. Foi o estado brasileiro. 

De todos os empresários no Brasil, o único que se mostrou realmente à altura do Brasil, foi o estado brasileiro(1:23:47) Dentre todos os empresários brasileiros nacionalistas, comprometidos com o país, o único que conseguiu sobreviver ao tempo, que conseguiu manter suas atividades empresariais ao longo do tempo, foi o estado brasileiro. E fez isso de forma magnífica, de forma grandiosa, que já evidencia o potencial que o Brasil tem. Desmontar esse estado brasileiro é destruir esse potencial.  

Se se privatizam todos esses grandes elementos estatais de integração do país, o que se está cavando, além de destruir o padrão de vida da população, é destruir a própria unidade nacional. E é claro que o arrocho em cima da população só reforça isso. Porque em tempos de escassez, farinha pouca, meu pirão primeiro. Será cada região por si (1:24:59)

As regiões começarão a disputar entre elas os parcos recursos, e daí a estimular os elementos separatistas devidamente fomentados pela CIA, essas porras de "O Sul é Meu País", o nacionalismo indígena no norte, ou essa palhaçada que a esquerda começou agora, de "O Nordeste é Meu

País".  

Essas cretinices, essas canalhices separatistas, isso tudo é fomentado pela CIA, pelos EUA, pela mesma lógica de fomentar o separatismo que aplicam na China e na Rússia (1:25:21).  

De diferente, que na China e na Rússia as respostas dos governos nacionais centrais contra isso são contundentes.  

Mas no caso do Brasil, o governo brasileiro, o desgoverno Bolsonaro e as instituições do Brasil, todas elas - STF, STJ, todo o judiciário, Forças Armadas, Congresso Nacional - estão todas comprometidas com a desintegração do Brasil.  

Há hoje um consenso institucional no Brasil a favor da desintegração do país (1:25:51). E o grande projeto imperialista é fazer a gente chegar a 2022, no nosso bicentenário, sob a ameaça de desintegração territorial. É a suprema humilhação: obrigar o Brasil a comemorar o bicentenário num vale de lágrimas. É o que se está cavando para nós.******* 

Foto: Por A C Moraes - Flickr, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=14985911

 

Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter

Author`s name Pravda.Ru Jornal