PARIS/FRANÇA - Tidos como 'a polícias do mundo', os Estados Unidos conseguiram a proeza de serem chamados, também, de "O Espião do Mundo", por terem espionado mais de 70 milhões de e-mails e ligações telefônicas em apenas 30 dias, apenas da França.
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
Imaginem o que devem ter conseguido em um ano, em todo o mundo! A denúncia foi publicada no diário francês 'Le Monde' e o ministro do Interior, Manuel Valls, disse que as 'revelações requerem explicações'.
Os Estados Unidos interceptaram 70,3 milhões de e-mails e telefonemas da França ao longo de 30 dias, entre o final de 2012 e início de 2013, segundo documentos da Agência de Segurança Nacional (NSA), divulgados hoje pelo jornal francês "Le Monde".
A vigilância ocorreu entre 10 de dezembro e 8 de janeiro, uma média de três milhões de interceptações por dia, com pico de quase sete milhões em 24 de dezembro e 07 de janeiro, segundo o jornal, que destacou a natureza "maciça" da espionagem.
O ministro do Interior francês, Manuel Valls, disse hoje que a informação do jornal contém "revelações chocantes" que requerem "explicações" dos EUA.
O foco da NSA na França era vigiar suspeitos de ter ligações com atividades terroristas, mas também houve escutas de pessoas ligadas ao mundo empresarial e à economia, como políticos e funcionários.
A espionagem consistia em uma gravação automática de conversas ou de troca de mensagens quando ativado um determinado número de telefone pré-determinado.
As mensagens de texto (SMS) foram capturadas quando incluíam determinadas palavras-chave. O sistema de espionagem também mantinha um registro para quais números eram feitas as comunicações.
As técnicas utilizadas para essas interceptações aparecem em documentos da NSA com dois códigos diferentes, "DRTBOX", com 62,5 milhões de interceptações, e "whitebox", 7,8 milhões.
O "Le Monde", que obteve as informações a partir de documentos divulgados pelo ex-agente da NSA Edward Snowden, transmitida pelo jornalista Glenn Greenwald, lembrou que a França não é o país mais espionado pelos Estados Unidos. Segundo o jornal, Alemanha e o Reino Unido superam em comunicações interceptadas, embora os britânicos permitissem essa vigilância.
ANTONIO CARLOS LACERDA é Correspondente Internacional do PRAVDA.RU
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