Por ANTONIO CARLOS LACERDA
BRASILIA/BRASIL - Segundo pesquisa de opinião pública realizada em todos os estados brasileiros pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em uma escala de Zero a Dez, a população brasileira reprovou a justiça do País com nota 4,55.
Dentro do universo da Justiça, o segmento que teve a menor nota é a Polícia Civil que, segundo o levantamento, em uma escala de 0 a 4, as pessoas ouvidas deram nota 1,81. Os juízes receberam nota 2,14, os defensores públicos 2,04 e os advogados, 1,96.
"O contato da população com as polícias civis é diário, próximo, o que afeta a percepção, mas o estudo levanta a questão sobre o inquérito policial. Será que ele não é muito burocrático e dificulta a ação da Justiça?", questionou Fábio de Sá e Silva, técnico de planejamento e pesquisa e Chefe de Gabinete da Presidência do Ipea.
A melhor nota, 2,2, foi dada à Polícia Federal e ao Ministério Público. "Na teoria da opinião pública, existe a idéia de que a exposição midiática favorece uma avaliação positiva e talvez a cobertura das operações da Polícia Federal tenha influenciado o resultado", disse Silva.
O estudo também questionou 1.750 pessoas sobre os tipos de problema que costumam resolver no sistema Judiciário. Os conflitos familiares e os episódios de crime e violência são os que mais motivam a busca pelo Judiciário. Previdência e relações de consumo e negócio são os menos resolvidos pelos caminhos oficiais.
"É fácil entender porque a população procura a Justiça para resolver crimes e episódios de violência. Elas precisam registrar os casos, fazer Boletins de Ocorrência, até para justificar casos em que, por exemplo, é preciso acionar o seguro do carro. O que não dá para entender é porque, num país com um sistema extenso de seguridade social, com um código de consumidor moderno e com o consumo crescente, as pessoas não busquem o litígio nos casos de Previdência e relações comerciais. Será que é falta de confiança na Justiça?", questionou Silva.
A pesquisa ouviu 2.770 brasileiros em todos os Estados do país. A margem de erro, por região, é de cinco pontos percentuais, para mais ou para menos.
ANTONIO CARLOS LACERDA é Correspondente Internacional do PRAVDA.RU
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