Diante do congresso convocado para junho deste ano, com o objetivo de criar uma nova central sindical, o PCB esclarece:
1 Em abril de 2008, em seu II Encontro Nacional, houve uma divisão na Intersindical (Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora), da qual até hoje participamos através de nossa corrente sindical UNIDADE CLASSISTA (UC). A divisão se deu em torno da criação ou não de uma nova central, juntamente com a Conlutas, entidade criada e hegemonizada pelo PSTU.
2 Nesta divisão, a UC, no entendimento da direção do PCB, optou corretamente por prosseguir, com outras correntes classistas, os esforços para o fortalecimento da Intersindical, sem se deixar levar pelo imediatismo e pelo cupulismo da criação, a qualquer custo, de uma nova central sindical.
3 Do outro lado, ficaram as tendências internas do PSOL que se encontravam na Intersindical. Como são a favor da criação da nova central, articularam-se entre si para se somarem ao PSTU na fusão com a Conlutas. Mesmo tendo desistido do projeto de fortalecimento da Intersindical, este setores do PSOL continuaram usando o nome dela, o que acabou confundindo grande parte do ambiente sindical.
4 Para ficar claro, esclarecemos que a Intersindical (que continuamos a construir) não participará do congresso sindical marcado para junho deste ano, com o objetivo de criar uma nova central. A Intersindical que assina a convocatória do referido congresso restringe-se aos setores do PSOL que querem a fusão com a Conlutas.
5 Pensamos que a criação de uma nova central deve ser produto de um processo de unidade de ação nas lutas cotidianas dos trabalhadores e de acordo com um calendário que não seja burocrático e muito menos se deixe confundir com a agenda eleitoral nacional.
6 Por isso, não nos parece prudente marcar açodadamente um congresso para criar uma central, ainda mais sem que previamente se defina o seu caráter. Sendo a central uma união voluntária de forças políticas e sindicais, nenhuma delas pode impor a outras a sua concepção, sob pena de se tratar de uma falsa unidade.
7 Por estas razões, o PCB informa aos companheiros que militam na Unidade Classista e a nossos aliados e amigos que não participaremos do congresso marcado para junho de 2010, com o objetivo precípuo de criar uma central, que não se sabe se será baseada na centralidade do trabalho, como defendemos, ou uma organização eclética, diluída e movimentista.
8 - A relação do movimento sindical com o movimento popular, estudantil e de luta contra as opressões específicas deve ser feita em um espaço maior que articule essas diferentes lutas.
9 Além da falta de definição sobre o que se vai criar, o mês escolhido coincide com o início de eleições gerais no Brasil, o que pode se constituir em mais um complicador, seja pelos riscos de instrumentalização ou de divisão.
10 Apesar de não participarmos desse congresso, pelas razões expostas, respeitamos todas as forças que o comporão, porque têm, como nós, a vontade política de criar uma necessária central sindical classista. Nossas divergências têm a ver com a concepção de central a ser criada e com a metodologia que orienta a convocação deste congresso, que julgamos equivocada e inoportuna.
11 Mas é fundamental que a Intersindical mantenha permanente e franco diálogo com estas forças, nossos principais aliados na luta contra o capital, com vistas a iniciativas e ações unitárias de luta, através da refundação de um espaço comum de ação, nos moldes do Fórum Nacional de Mobilização.
12 - Na questão da futura central sindical classista unitária de trabalhadores, este diálogo deve privilegiar os setores que, apesar de hoje não comporem a Intersindical que estamos ajudando a construir, têm a mesma perspectiva da centralidade do trabalho.
13 Defendemos que a função principal da Intersindical é a de ser, a partir da organização e das lutas contra o capital, um espaço de articulação e unidade de ação do sindicalismo classista, visando à construção, sem açodamento nem acordos de cúpula, de uma ampla e poderosa organização intersindical unitária, que esteja à altura das necessidades da luta de classes.
PCB Partido Comunista Brasileiro
Comissão Política Nacional
Abril de 2010
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