Incompetência da polícia deixa quatro inocentes presos 13 meses no Brasil

A falta de competência e de capacidade profissional da polícia do Estado de São Paulo, no Brasil, fez com que quatro inocentes ficassem presos 13 meses, respondendo por um crime que não cometeram. A própria polícia afirmou que o erro só foi esclarecido com prisão de um dos verdadeiros criminosos.

Com a apresentação de três acusados de cometer um latrocínio (assaltar e matar uma pessoa) em 2008, a Polícia Civil de São José do Rio Preto, a 438 km de São Paulo, revelou que erros de investigação levaram à prisão quatro inocentes, que ficaram 13 meses atrás das grades acusados pela autoria do mesmo latrocínio.

Os quatro inocentes, residentes em Tanabi, a 477 km da capital paulista, foram denunciados pelo Ministério Público e absolvidos pela Justiça em primeira instância. Mas dois deles afirmaram ter sido espancados e torturados para confessar o crime. As denúncias estão sendo apuradas em processo administrativo pela Corregedoria da Polícia Civil.

O latrocínio aconteceu em 27 de maio de 2008, na zona rural de Mirassolândia, cidade vizinha a Rio Preto. Um comerciante de 53 anos voltava para casa com o dinheiro arrecadado no seu supermercado, quando foi surpreendido pelos ladrões.

Ele e o filho, de 28 anos, foram espancados e baleados. O rapaz morreu. Semanas depois, a polícia prendeu os quatro inocentes como autores do crime. Os advogados de dois deles afirmam que vão ajuizar ações de reparação de danos morais contra o Estado.

O caso foi esclarecido depois que um dos verdadeiros assaltantes foi preso, em novembro de 2009, com um dos celulares levados no assalto. Segundo o delegado José Augusto Fernandes, o criminoso apontou uma ex-funcionária do supermercado, que confessou ter encomendado o assalto a quatro homens. Elas e dois comparsas estão presos e outros dois, foragidos.

Mesmo se chegarem a ser indenizados financeiramente, os inocentes, vítimas da polícia, carregarão por toda a vida as marcas emocionais dos 13 meses que passam na prisão indevidamente, pois não há reparação capaz de compensar um dia de liberdade do ser humano, muito menos 13 meses.

A dona-de-casa Marisa Lisboa, cujo filho viveu um drama semelhante ao desses quatro inocentes, disse que além da indenização financeira, deveria haver um dispositivo legal que condenasse sumariamente os responsáveis por esses atos à prisão exatamente por igual tempo ao que ficaram as vítimas de seus erros.

“Só dessa forma se conseguiria colocar um basta nessas arbitrariedades que, na verdade, são os mais hediondos crimes contra a pessoa humana”, disse Marisa, cujo filho foi torturado pela polícia, obrigado a assumir a autoria de um crime que não cometeu, e foi condenado a seis anos de prisão, sem qualquer prova material ou testemunhal contra ele.

ANTONIO CARLOS LACERDA

PRAVDA Ru BRASIL

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