Campanha presidencial no Brasil começa com baixo nível

Faltando ainda oito meses para as eleições gerais no Brasil, em notas oficiais, os dois principais candidatos à Presidência da República, José Serra, governador de São Paulo, do PSDB, e Dilma Rousseff, ministra da Casa Civil do Governo, do PT, através de notas oficiais de seus partidos abriram a guerra direta e franca na busca do poder político nacional.

A violenta veemência verbal foi desferida, principalmente, pelo PSDB, partido de Serra, principal opositor do Governo Lula e do PT, que se mantiveram na defensiva, escudados no prestígio popular do presidente, que tem um recorde nacional de 72%.

“Dilma Rousseff mente. Mentiu no passado sobre seu currículo e mente hoje sobre seus adversários. Usa a mentira como método. Aposta na desinformação do povo e abusa da boa fé do cidadão”, disse em nota oficial o PSBD de José Serra, principal oponente da candidata do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sucessão presidencial no Brasil.

Em resposta, também em nota oficial, o PT chamou José Serra de “hipócrita” e disse que a nota dos tucanos "revela o desespero por que passa a oposição brasileira, incapaz de produzir um programa de governo que sensibilize os corações e as mentes dos brasileiros".

A nota do PSDB deve-se ao fato da ministra Dilma Rousseff ter dito que a oposição que "acabar com o PAC”, um Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Lula, que os opositores do presidente chamam de "peça de ficção". A nota oficial do PSDB é assinada pelo senador Sergio Guerra, presidente nacional do partido, e traz como título a expressão “Dilma mente”.

Tudo começou depois que Dilma Rousseff disse em Minas Gerias que "o próprio presidente do partido de oposição disse que acabaria com o PAC como uma das medidas que seriam tomadas, porque o PAC não existe". Em resposta, a senadora Marisa Serrano, vice-presidente do PSDB, disse que o PAC não é um programa de obras, é um "slogan publicitário".

A nota do PSDB chama Dilma Rousseff de "embalagem publicitária", diz que ela apropria-se do que não é seu, vangloria-se do que não faz e durante anos mentiu sobre seu currículo. “Apresentava-se como mestre e doutora pela Unicamp. Nunca foi nem uma coisa nem outra”, disse a nota da oposição.

“Além de mentir, Dilma Rousseff omite. Esconde que, em 32 meses, apenas 10% das obras listadas no PAC foram concluídas - a maioria tocada por Estados e municípios. Cerca de 62% dessa lista fantasiosa do PAC - 7.715 projetos - ainda não saíram do papel”, enfatizou na nota o senador Sergio Guerra.

Os ataques não param por aí. O PSDB acusa Dilma Rousseff de transferir responsabilidades. “A culpa do desempenho medíocre é sempre dos outros. Assume a obra alheia que dá certo e esconde sua autoria no que dá errado”, garantiu a oposição em nota.

A nota assinada pelo presidente nacional do PSDB, publicada em toda a mídia brasileira, destaca que a ministra Dilma Rousseff se escondeu durante 21 horas após o apagão. “Quando falou, a ex-ministra de Minas e Energia, chefe do PAC, promovida a gerente do governo, não sabia o que dizer, além de culpar a chuva e de explicar que blecaute não é apagão”.

A nota finalizada afirmando que “até hoje, Dilma Rousseff também se recusou a falar sobre o Plano Nacional de Direitos Humanos, com todas barbaridades incluídas nesse Decreto, que compromete a liberdade de imprensa, persegue as religiões, criminaliza quem é contra o aborto e liquida o direito de propriedade. Um programa do qual ela teve a responsabilidade final, na condição de ministra-chefe da Casa Civil”.

Em defesa da ministra, o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini, também divulgou um comunicado, dizendo que o "PSDB perde a oportunidade de ficar calado" e chamou José Serra de “hipócrita”. O PT diz que a nota do PSDB "revela o desespero por que passa a oposição brasileira, incapaz de produzir um programa de governo que sensibilize os corações e as mentes dos brasileiros".

A nota oficial do partido do governo continua dizendo que "o que mais salta aos olhos é a hipocrisia do candidato de PSDB, José Serra, que ao mesmo tempo em que afirma estar 'concentrado no trabalho' e que “não vai entrar em nenhum bate-boca eleitoral de baixaria", usa o presidente do seu partido como um verdadeiro jagunço da política para divulgar uma nota daquele teor".

"O PT reafirma que pretende fazer um debate de propostas e projetos, em alto nível, que permita ao povo brasileiro escolher o caminho mais adequado ao nosso país", segue a nota de defesa da ministra Dilma Rousseff.

O presidente nacional do PT disse ainda que “a nota divulgada pelo presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra, mostrou que nossas esperanças eram infundadas. De forma desqualificada, vil, caluniosa e grosseira para com a Ministra Dilma Rousseff, o que merece repúdio de todos, a nota revela o desespero por que passa a oposição brasileira, incapaz de produzir um programa de governo que sensibilize os corações e as mentes dos brasileiros".

"Torcemos para que o PSDB se encontre e produza um programa de governo, para que possamos ter um debate de alto nível neste ano eleitoral. Até entendemos o desequilíbrio do senador Sérgio Guerra, que, recentemente, em entrevista à revista Veja, descuidou-se e revelou as verdadeiras intenções deseu partido em acabar com o PAC, o que deve ter lhe rendido severas reprimendas de seus pares”, finalizou a nota oficial do PT sobre os ataques do PSDB à ministra Dilma Rousseff.

Lula e Dutra Entram na Guerra

Quando todos imaginavam que a guerra dos presidenciáveis ficaria limitada aos dois presidentes nacionais do PSDB e PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu ontem seus ministérios para dizer que não aceitassem o “jogo rasteiro” da oposição e aproveitou a oportunidade para dizer que o senador Sérgio Guerra, presidente do PSDB, é “um babaca”.

Lula comparou o PSDB de hoje ao PT de 1994, quando o então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso lançou o Plano Real. Ele disse ainda que na época, o PT ficou contra o Real sem dar conta da sua importância, que acabou levando Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República por dois mandatos devido à consistência do Plano.

O presidente disse também que “agora, o PSDB incorre em equívoco análogo. Sem projeto, opõe-se ao PAC, um programa que está mudando a cara do país”. Ao chamar Sérgio Guerra de “babaca”, Lula afirmou que sua crítica ao PAC não resiste a um passeio pelas ruas de Pernambuco, Estado do senador tucano.

Disse que o mapa de Pernambuco está apinhado de obras do PAC, que Sérgio Guerra “não vê porque não quer ver”, recomendou aos ministros que façam a defesa do seu governo em manifestações públicas e pediu que se municiassem de dados que permitam comparar o seu governo com o de FHC. Para deixar a oposição preocupada, Lula voltou a dizer que vai anunciar, em março, o PAC 2, com obras novas e antigas.

Já o presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra, disse que “se PSDB quiser, vamos para o pau”, e junto com o atual presidente do partido, chamou o senador Sergio Guerra de “jagunço político" por ter chamado a ministra Dilma Rousseff de "mentirosa".

ANTONIO CARLOS LACERDA

PRAVDA Ru BRASIL

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