Em todas as instituições e em todos os níveis, a corrupção parece integrar o gen do brasileiro. Do mais pobre ao mais abastado, do mais humilde ao mais instruído, ela está lá, com todas as suas mazelas.
Do bigodudo ao barbudo, do apedeuta ao letrado, do ignaro ao acadêmico, ela é uma só, com suas várias facetas e suas várias metades. Do jovem promíscuo ao velho desavergonhado, ela poupa nada, respeita nada, engendra em tudo. É a primeira certeza que temos quando ouvimos e vemos nossos políticos discursando. Há sempre um mensalão para cada campanha. Ele pode ser divido entre passagens aéreas, entre contratos futuros ou comissões nas próximas licitações.
Dos cartões corporativos de ministros biscoiteiros a reitores doutores, ela é soberana, musa dos bacanas e dos sacanas. É a corrupção nossa de cada dia, a pobreza nossa do dia-a-dia, a vergonha nossa de todo dia. Sempre imposta a todos nós na alta carga tributária que financia partidos e campanhas, nas obras inacabáveis que financiam o político da próxima semana, na contribuição safada dos sindicatos baratos.
A corrupção é a mecenas do Brasil. Zuleido Veras, Daniel Dantas, Marcos Valério, entre tantos, sabem bem quanto vale cada político que o povo elege para o roubar, para o escravizar, para tirar dele os poucos direitos que tem.
O Brasil hoje é uma pátria medida pelo tamanho de sua corrupção. É um estamento loteado por partidos, abastecido por comissões e alugado por gangster.
Os eternos velhos de Brasília, tombados no museu das grandes frustrações humanas, vê a escola amplamente dirigida e fartamente abastecida por cargos, salários e salafrários. Eles são tão pobres de espírito que não sabem separar o que é público do que é privado. São privados pela ganância, pela arrogância, pela mesquinhez.
A política nacional não é um mar de lama, mas o esgoto produzido pelos rufiões de sonhos, pelos piratas de gravata, pelos proxenetas do voto. Gigolôs do povo que regurgitam bem no centro do pais a sua podridão humana, que escorre por todos cantos do Brasil e contamina todo o povo. É a riqueza deles e dos seus companheiros que mantém a pobreza nas periferias de Manaus, que faz com que aumentem as favelas e diminuam as escolas no Paraná, que faz das nossas vidas a eterna mazela de um país de terceiro mundo.
Nós somos isso: país de terceiro mundo governado por ladrões de primeira. Até bem pouco tempo se contava trezentos picaretas em Brasília. Hoje, faltam dedos nas mãos para apontá-los.
Coniventes, cúmplices e mentores, homens sem caráter e sem vergonha, vocês não sabem o mal que fazem a este país, vocês não sabem o mal que fazem a esse sofrido povo, que, por obra de sei lá do que, ainda canta, soprando a aberta cicatriz, essa que nunca se fecha.
Petrônio Souza Gonçalves
é jornalista e escritor
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