O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Venezuela, Hugo Chávez, em seu encontro em Manaus decidiram ontem (20) retomar diversos projetos bilaterais e regionais, como o Gasoduto do Sul, que consideraram "estratégico" para a região.
Os presidentes anunciaram ainda que assinarão, no mês de dezembro, um acordo entre as petrolíferas estatais Petrobras (Brasil) e PDVSA (Venezuela) para criar sociedades conjuntas.
Lula se mostrou bastante otimista com a proposta das empresas mistas. O contrato será assinado quando o presidente brasileiro for a Caracas, no final do ano. "Nós mostraremos que é possível resolver os problemas energéticos da América do Sul. Não somos ricos, mas somos ousados", disparou Lula.
Sobre o gasoduto, a Petrobras estava receosa quanto à capacidade dos recursos venezuelanos para atender à região. Mas a PDVSA se comprometeu em aprofundar estudos e compartilhar informações que comprovam que a Venezuela tem potencial petrolífero para tornar o projeto viável.
"Nós, os dois países, vamos contratar uma empresa de engenharia que possa oferecer subsídios técnicos para obra", explicou Chávez.
Lula fez questão de desmentir qualquer animosidade entre as duas partes. "Hoje é um dia muito importante para o aperfeiçoamento das relações entre Brasil e Venezuela. Não há intriga nem boato capaz de prejudicar nossa aproximação. Nossa união pode ajudar toda a América Latina", comentou Lula.
Lula e Chávez pretendem se encontrar a cada três meses. Empresários e executivos dos dois países também farão intercâmbios constantes.
Chávez disse à imprensa que ratifica o interesse venezuelano de entrar no Mercosul. O presidente Lula disse que fará de tudo para que isso aconteça. "Esperamos que Chávez possa fazer a próxima visita ao Brasil já como membro do Mercosul", disse.
Depois da reunião com Chávez, Lula participou de uma solenidade com autoridades políticas locais. Junto ao governador do Amazonas, Eduardo Braga, e ao prefeito de Manaus, Serafim Corrêa, o presidente assinou convênios que repassam R$ 128 milhões para o Estado, sendo R$ 60 milhões para a capital.
A verba é parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e será destinada principalmente a 17 municípios com altos índices de mortalidade infantil, que abrigam comunidades indígenas, ribeirinhas, assentados e reservas extrativistas. "Estou cuidando primeiro de quem precisa. Quem toma café, almoça e janta pode esperar um pouco, mas quem não tem isso deve ter prioridade", comentou o presidente.
Pelos contratos assinados, R$ 2,2 milhões vão ser aplicados em um programa específico para construção de casas populares. A Caixa Econômica Federal ainda irá financiar 2.423 moradias em três novos conjuntos habitacionais.
Outros R$ 14 milhões serão investidos no Pró-Chuva (programa estadual para captação de água da chuva), que promete minimizar o problema da falta de água potável para a população interiorana. Na capital, os gastos vão ser em projetos de revitalização de igarapés e áreas inundadas, além da ampliação da rede de abastecimento de água e esgoto.
A visita ao Amazonas continua na sexta-feira, quando Lula parte para São Gabriel da Cachoeira, a 818 km de Manaus. O município amazonense, na fronteira com a Colômbia, foi escolhido para o lançamento nacional do PAC Indígena, programa específico para aldeias e comunidades remanescentes de quilombos. São Gabriel, que tem 90% de população indígena, e a Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, serão os principais beneficiados pelo programa.
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