Os primeiros dados da análise da caixa-preta do Airbus A- 320 da TAM, combinados com outras informações da investigação, indicam que o piloto não tentou arremeter (voltar a subir) a aeronave, disse ontem (23) o deputado Efraim Filho (DEM-PB), integrante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da crise aérea, citado pelo jornal O Tempo.
O deputado está em Washington acompanhando o trabalho de degravação das equipamentos. Dados preliminares da comissão de investigação do acidente, segundo o deputado, mostram que o piloto tentou, até o fim, frear a aeronave, que acabou colidindo com o prédio da TAM Express na última terça-feira.
Questionado sobre que informações da caixa-preta indicam que o piloto não tentou decolar novamente a aeronave, Efraim Filho não quis entrar em detalhes, enfatizando que os dados são preliminares.
A caixa-preta é analisada nos laboratórios do National Transportation Safety Board. O relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), também viajou para acompanhar a análise dos dados. De acordo com Efraim Filho, a "trajetória do avião foi elíptica, atingindo o prédio (da TAM) num nível menor do que o da pista." "Se ele fizesse uma tentativa de arremeter, de ganhar altura, teria feito uma trajetória ascendente e não descendente", afirma. Uma segunda caixa-preta, com os diálogos entre os pilotos, começaria a ser analisada ontem.
"O trabalho de análise dos dados está sendo feito rapidamente e com muita determinação", afirmou o deputado Marco Maia, relator da CPI. Os oficiais da Aeronáutica, segundo o deputado, não descartam a hipótese de que as condições da pista principal de Congonhas tenham sido um fator que contribuiu para o acidente. "Não há ainda elementos para dizer que houve exclusivamente falha mecânica ou exclusivamente falha humana. Com isso, a hipótese de a pista ser um fator contribuinte para o acidente continua em análise", afirmou Maia.
Técnicos que analisam a caixa-preta avaliam a hipótese de que uma das causas do acidente esteja ligada ao computador que coordena as ações da aeronave durante o vôo. "Eles trabalham com a possibilidade de ter havido alguma falha no computador ou que o piloto tenha dado algum comando errado para o computador", acrescentou Maia.
O equipamento está sendo decodificada pela National Transportation Safety Board. A investigação do acidente do vôo JJ 3054 deve levar dez meses para ser concluída, mas a análise do conteúdo da caixa de gravação dos diálogos da cabine deve estar disponível para a Aeronáutica em meados desta semana.
Prudência
Diante de críticas de parentes de vítimas do acidente e de setores da opinião pública às ações do governo no setor aéreo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou ontem de irresponsáveis quem acusa o governo, a companhia, os pilotos ou a chuva pela tragédia do aeroporto de Congonhas antes da abertura da caixa-preta. "Todo julgamento é prematuro é, eu diria, quase irresponsável", reclamou.
"A melhor coisa que temos de ter é prudência para investigar corretamente, ao invés de ficarmos fazendo ilações, culpando ou absolvendo alguém." As declarações de Lula, divulgadas ontem no programa de rádio "Café com o Presidente", vão na linha das justificativas feitas pelo assessor dele, Marco Aurélio García, após ser flagrado pela câmera da TV Globo, fazendo gestos obscenos ao receber a informação de que um equipamento do avião estava com defeito. (Agência Estado e Agência Globo)
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