O Bolsa Família atende 11,1 milhões de famílias em todo o Brasil, mas, devido à burocracia do programa, cerca de 330 mil famílias supostamente aptas a receber seus benefícios ainda não foram localizadas.
O fato pôde ser constatado depois de se comparar o número de famílias pobres nos Estados - utilizando a mesma estimativa que serve de base à meta oficial do Bolsa Família - com a folha de pagamentos efetudados pelo programa de acordo com Folha de S.Paulo,
Doze Estados, além do Distrito Federal, ainda têm mais pobres do que famílias que recebem a bolsa de R$ 15 a R$ 95 mensalmente. Proporcionalmente, a maior diferença entre o número de pobres e o de beneficiários do programa está no Amapá, onde quase 30% das famílias não teriam sido alcançadas pelo cadastro federal.
No Rio de Janeiro, a situação ainda é considerada delicada, mesmo com o avanço recente no recadastramento. Cerca de 91 mil famílias - 17% da estimativa de pobres - ainda estariam fora do programa no Estado.
Nos Estados de Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul, por sua vez, o número de beneficiários supera as estimativas oficiais de pobres. Os três lideram a lista dos Estados em que a diferença foi compensada na meta nacional.
A secretária de Renda de Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social, Rosani Cunha, reconhece os problemas. "Não dispomos, ninguém dispõe de uma metodologia com erro zero, precisamos permanentemente corrigir o foco do programa", afirma.
O ministério utiliza estimativas de famílias pobres fornecidas pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2004 como parâmetro para as metas do Bolsa Família. O governo, entretanto, não possui um cálculo oficial de famílias excluídas do programa.
"A estimativa é uma referência, mas não uma referência absoluta", afirmou ao jornal a secretária do Desenvolvimento Social. Outra referência utilizada é o Cadastro Único, sob responsabilidade dos municípios, que não registra pessoas sem documentos, mas garante o benefício às famílias pobres.
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