Há no ar uma dúvida se os preços das ações em bolsa estão caros ou baratos.
Reportagem do jornal O Globo de 13 de setembro passado, analisa o período de 30/10/ 2007 a 10/9/2010. O período não foi escolhido aleatoriamente; foi o pico histórico de valor de mercado das bolsas mundiais, 30/10/07, e que antecedeu a quebra dos grandes bancos de investimentos Bear Stearns e Lehman Brothers, e também a maior baixa histórica em valor de mercado das bolsas mundiais, em março de 2009.
Considerando este período podemos inferir que o PIB brasileiro cresceu em torno de 11%, mesmo considerando a queda de 0,2% no ano de 2009; o dólar valia em 30/10/07, R$ 1,75 e em 10/9/2010, R$ 1,72; o índice Bovespa em 30/10/ 2007 estava em 65.790 pontos, e em 10/9/2010 atingia 66.806 pontos; a soma de todas as ações de 84 bolsas de diferentes países atingiu US$ 62 trilhões em 30/10/07 e US$ 45 trilhões em 10/9/2010; considerando o mesmo raciocínio especificamente para o mercado brasileiro, o valor na data inicial do estudo era US$ 1,4 trilhão e em 10/9/2010 estava em US$ 1,2 trilhão.
Portanto, o PIB cresceu 11%, o real valorizou quase 2%, o índice da bolsa avançou 1,5%, os preços das ações nas bolsas recuaram 27% e a bolsa brasileira recuou 9%, no mesmo período do estudo.
Fazendo algumas considerações sobre os itens acima, a recuperação rápida da economia brasileira se deve exclusivamente ao mercado interno. O consumo das famílias baseado no crédito farto foi a maior causa do desempenho de 2009.
O dólar, que ultrapassou a casa dos R$ 2,00 no auge da crise logo voltou a testar os valores anteriores, impulsionado basicamente pela nossa taxa de juros, mas principalmente pela confiança do investidor na política do nosso Banco Central.
As empresas ligadas de alguma maneira ao mercado externo apresentaram resultados fracos influenciados pela grande queda da atividade econômica que acontecia naquele momento, e derrubaram o Ibovespa, enquanto as que dependiam do mercado interno fizeram um movimento contrário.
Como o índice tem em Petrobrás e Vale algo como 26% da sua composição, tanto a sua alta como a sua queda influenciam muito a sua oscilação. Por outro lado, empresas como Ambev, Souza Cruz e AES Tietê participam com 0,8%, 0,4% e zero, respectivamente, na sua composição.
Estas empresas tendo sofrido bem menos, pois dependem pouco ou nada dos movimentos do mercado externo, e, apresentaram desempenho nas cotações de suas ações bem diverso, valorizando no mesmo período, 39%, 69% e 24% respectivamente.
Concluindo, comparando apenas o índice Bovespa e o desempenho da nossa economia, podemos ser levados a concluir que "a bolsa" está barata, pois não subiu sequer o equivalente à oscilação do PIB. Isso sem levar em consideração que as empresas carro-chefe estão com suas cotações bem defasadas. Por outro lado, olhando o valor das ações somos levados para lados opostos: enquanto aquelas estão com suas cotações defasadas, as outras, dependentes do mercado interno, valorizaram-se, como mostramos acima, e estão caras, considerando-se seus índices financeiros como PLs (índice que indica o retorno futuro baseado na relação entre preço e projeção de lucros).
O volume direcionado para a bolsa está crescendo e as opções são as mesmas, sem um aumento proporcional de novas empresas que lançam ações.
Fernando Leitão da Cunha Gestor e autor do livro Viva de dividendos
Blog: http://vivadedividendos.blogspot.com
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