Incidentes Encenados. Essa é a Abordagem Política Ocidental

Incidentes Encenados. Essa é a Abordagem Política Ocidental

[Incidentes Encenados, ou seja, Falsificacões, Teatro, Atos Ilusionistas e Mentiras]

Hoje, as Forças Armadas Russas, conjuntamente com as unidades de autodefesa das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, estão cumprindo os objetivos da Operação Militar Especial com grande determinação de pôr fim à discriminação ultrajante e ao genocídio do povo russo e eliminar as ameaças diretas à segurança da Federação russa, que os Estados Unidos e seus satélites vêm criando em território ucraniano há anos. Ao perder no campo de batalha, o regime ucraniano e seus patronos ocidentais desceram para encenar incidentes sangrentos com a intenção de demonizar nosso país aos olhos da comunidade internacional. Já vimos Bucha, Mariupol, Kramatorsk e Kremenchug. O Ministério da Defesa da Rússia tem emitido regularmente advertências, com fatos em mãos, sobre os próximos falsos incidentes a serem encenados.

Há um padrão distinto que trai as provocações encenadas pelo Ocidente e seus capangas. Na verdade, eles começaram muito antes dos eventos ucranianos.

Tomemos 1999- a aldeia de Ra Elimak na Província Autônoma da Sérvia de Kosovo e Metohija. Um grupo de inspetores da OSCE [Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, na sigla inglesa] chegou ao local onde várias dezenas de cadáveres vestidos com roupas civis tinham sido descobertos. Sem qualquer investigação, o chefe da missão declarou o incidente um ato de genocídio, embora fazer uma conclusão desse tipo não fizesse parte do mandato emitido para este funcionário internacional. A OTAN então imediatamente lançou uma agressão militar contra a Iugoslávia, durante a qual destruiu intencionalmente um centro de televisão, pontes, trens de passageiros e outros alvos civis. Mais tarde foi provado com evidências conclusivas que os cadáveres não eram civis, mas militantes do Exército de Libertação do Kosovo, um grupo ilegal armado vestido com roupas civis. Mas, a essa altura, o incidente encenado já tinha cobrado seu preço, oferecendo um pretexto para o primeiro uso ilegal de força contra um Estado Membro da OSCE desde a assinatura da Ata Final de Helsinque em 1975. É revelador que a declaração que desencadeou os atentados veio de William Walker, um cidadão dos EUA que chefiou a missão de verificação da OSCE no Kosovo. Separar Kosovo da Sérvia pela força e montar a base militar Camp Bondsteel, a maior base militar dos EUA nos Bálcãs, foram os principais resultados da agressão.

Em 2003, houve o desempenho infame pelo Secretário de Estado dos EUA Colin Powell no Conselho de Segurança da ONU com um frasco contendo pó branco de algum tipo, que ele disse conter esporos de antraz, alegando que tinha sido produzido no Iraque. Mais uma vez, a farsa funcionou: os Anglo-saxões e aqueles que seguiram sua liderança bombardearam o Iraque, que tem lutado para recuperar totalmente seu estado desde então. Além disso, não demorou muito para que a farsa fosse exposta, com todos admitindo que o Iraque não tinha armas biológicas ou qualquer outro tipo de Armas de Destruição em massa. Mais tarde, o primeiro-ministro britânico Tony Blair, que tinha sido um dos mentores da agressão, reconheceu que todo o caso era uma fraude, dizendo que eles “poderiam estar errados”, ou algo assim. Quanto a Colin Powell, ele mais tarde se justificou alegando que tinha sido enganado pela inteligência subjacente. De qualquer forma, esta foi mais uma provocação a oferecer um pretexto para destruir ainda mais uma nação soberana. Tudo de acordo com os planos.

Houve também a Líbia em 2011. O drama tinha especificidades próprias. A situação não foi tão longe quanto mentiras diretas, como no Kosovo ou no Iraque, mas a OTAN distorceu grosseiramente a resolução do Conselho de Segurança da ONU, que previa uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia e isso para “aterrar” a força aérea de Muammar Gaddafi. Essa, para começar, já estava em terra. No entanto, a OTAN começou a bombardear as unidades do exército líbio que lutavam contra terroristas. Muammar Gaddafi morreu uma morte selvagem, e nada resta do estado líbio. Os esforços para recompor o país ainda não foram bem-sucedidos, com um representante dos EUA mais uma vez encarregado do processo, representante esse nomeado pelo Secretário-Geral da ONU, sem qualquer consulta ao Conselho de Segurança da própria ONU. Como parte desse processo, nossos colegas Ocidentais facilitaram vários acordos intra-líbios sobre a realização de eleições, mas nenhum deles se materializou. Grupos armados ilegais ainda reinam supremos no território líbio, sendo que a maioria deles trabalha em estreita colaboração com o Ocidente.

Fevereiro de 2014, Ucrânia – o Ocidente, representado pelos ministros das Relações Exteriores da Alemanha, França e Polônia, de fato forçou o presidente Viktor Yanukovich a assinar um acordo com a oposição para acabar com o confronto e promover uma resolução pacífica da crise intra-ucraniana, estabelecendo um governo de unidade nacional de transição e convocando uma eleição antecipada, a ser realizada dentro de poucos meses. Isso também acabou sendo uma fraude: na manhã seguinte, a oposição encenou um golpe guiado por slogans racistas anti-Rússia. No entanto, os fiadores Ocidentais nem sequer tentaram trazer a oposição de volta aos seus sentidos. Além disso, eles mudaram imediatamente para encorajar os perpetradores do golpe em suas políticas contra a Rússia e tudo o que é russo. A Ucrânia então encorajada pelo Ocidente desencadeou uma guerra contra seu próprio povo, bombardeando cidades inteiras na região de Donbass só porque as pessoas lá se recusavam a reconhecer o golpe inconstitucional. Frente a isso as pessoas em Donbass foram rotuladas como terroristas, e mais uma vez o Ocidente estava lá também para encorajá-los.

Neste ponto vale a pena notar, que como logo foi revelado, o assassinato de manifestantes no Maidan também foi um incidente encenado, pelo qual o Ocidente culpou as forças de segurança ucranianas leais a Viktor Yanukovich e os serviços especiais russos. No entanto, foram os membros radicais da oposição que estiveram por trás dessa provocação. Isso enquanto trabalhavam em estreita colaboração com os Serviços de inteligência ocidentais. Mais uma vez, não demorou muito para esses fatos serem expostos, mas a essas alturas eles já tinham feito seu trabalho.

Os esforços da Rússia, Alemanha e França abriram o caminho para parar a guerra entre Kiev, Donetsk e Lugansk em fevereiro de 2015 com a assinatura dos Acordos de Minsk. Berlim e Paris também desempenharam um papel proativo aqui, orgulhosamente se autodenominando países fiadores. No entanto, durante os sete longos anos que se seguiram, eles não fizeram absolutamente nada para forçar Kiev a lançar um diálogo direto com os representantes de Donbass para chegar a acordo sobre questões, incluindo o status especial, a anistia, o restabelecimento dos laços econômicos e a realização de eleições, conforme exigido pelos acordos de Minsk que foram aprovados por unanimidade pelo Conselho de Segurança da ONU. Os líderes ocidentais permaneceram em silêncio quando Kiev tomou medidas que violaram diretamente os acordos de Minsk sob Petr Poroshenko e Vladimir Zelensky. Além disso, os líderes alemães e franceses continuaram dizendo que Kiev não podia entrar em diálogo direto com as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk. Colocaram toda a culpa na Rússia, embora a mesma não seja mencionada nos acordos de Minsk nem uma vez. A Rússia foi basicamente o único país que continuou pressionando para que os acordos de Minsk fossem implementados.

Para quem pudesse duvidar que o pacote de Minsk fosse mais uma farsa, Petr Poroshenko veio a dissipar esse mito, dizendo em 17 de junho de 2022:- “os acordos de Minsk não significavam nada para nós que não tínhamos intenção de realizá-los… Nosso objetivo era remover a ameaça que enfrentávamos… e ganhar tempo para restaurar o crescimento econômico e reconstruir as nossas forças armadas. Alcançamos esse objetivo. Missão cumprida para os acordos de Minsk. “O povo da Ucrânia ainda está pagando o preço dessa farsa. Por muitos anos o Ocidente vem forçando a Ucrânia a aceitar um regime neonazista anti-russo. Que desperdício de energia para Olaf Scholz com seus apelos para forçar a Rússia a concordar com um acordo que garanta a integridade territorial e a soberania da Ucrânia. Já havia um acordo nesse sentido, o pacote de Minsk. Berlim com Paris foram os que o descarrilaram, protegendo Kiev em sua recusa em cumprir o documento. O falso foi exposto- finita la commedia.

A propósito, Vladimir Zelensky foi um digno sucessor de Petr Poroshenko. Durante um comício de campanha no início de 2019, Vladimir Zelensky estava pronto para se ajoelhar diante dele para parar a guerra.

Em dezembro de 2019, Zelensky teve a chance de realizar os acordos de Minsk após a Cúpula do formato da Normandia em Paris. No documento final adotado no mais alto nível, o presidente ucraniano se comprometeu a resolver questões relacionadas ao status especial de Donbass. Claro, ele não fez nada, enquanto Berlim e Paris mais uma vez o encobriram. O documento e toda a publicidade que acompanha sua adoção acabaram não sendo mais do que uma narrativa falsa promovida pela Ucrânia e pelo Ocidente para ganhar algum tempo para fornecer mais armas ao regime de Kiev, que segue a lógica de Petr Poroshenko à risca.

Houve também a Síria, com o Acordo de 2013 sobre a eliminação dos estoques de armas químicas da Síria em um processo passo a passo verificado pela organização para a proibição de Armas Químicas (OPAQ), pelo qual recebeu o Prêmio Nobel da paz. Depois disso, no entanto, houve provocações ultrajantes em 2017 e 2018 encenando o uso de armas químicas em Khan Shaykhun e Duma, um subúrbio de Damasco. Houve um vídeo mostrando pessoas que se autodenominam Capacetes Brancos (uma organização humanitária que nunca apareceu em territórios controlados pelo governo sírio) ajudando supostas vítimas de envenenamento, embora ninguém tivesse roupas ou equipamentos de proteção. Todas as tentativas de forçar o Secretariado Técnico da OPAQ a desempenhar suas funções de boa fé e garantir uma investigação transparente sobre esses incidentes, conforme exigido pela Convenção de Armas Químicas (CWC), falharam. Isso, no entanto, não foi uma surpresa. Os países ocidentais há muito privatizaram o Secretariado Técnico, tendo seus representantes nomeados para os cargos – chave dentro dessa estrutura. Eles contribuíram para encenar esses incidentes e os usaram como pretexto para ataques aéreos dos EUA, britânicos e franceses contra a Síria. Aliás, eles realizaram esses atentados apenas um dia antes de um grupo de inspetores da OPAQ chegar lá para investigar os incidentes por insistência da Rússia, enquanto o Ocidente fez de tudo para evitar essa investigação .

O Ocidente e o Secretariado Técnico da OPAQ – que o mesmo controla – já demonstraram sua capacidade de encenar incidentes falsos, como por ex. os supostos envenenamentos dos Skripals e Alexey Navalny. Em ambos os casos a Rússia enviou vários pedidos a Haia, Londres, Berlim, Paris e Estocolmo para uma investigação do caso. Todos esses pedidos foram deixados sem resposta, embora estivessem totalmente em conformidade com as disposições da CWC e exigissem uma resposta.

Outras questões pendentes têm a ver com as atividades secretas do Pentágono na Ucrânia realizadas por meio de sua agência de redução de ameaças de Defesa. Os vestígios que as forças envolvidas na Operação Militar Especial descobriram em laboratórios biológicos militares nos territórios libertados de Donbass, e áreas adjacentes, indicam claramente violações diretas da Convenção sobre a proibição de armas biológicas e Toxínicas (BTWC). Apresentámos os documentos a Washington e ao Conselho de Segurança da ONU. O procedimento foi iniciado no âmbito da CABT para exigir explicações. Ao contrário dos fatos, o governo dos EUA está tentando justificar suas ações dizendo que todas as pesquisas biológicas na Ucrânia eram exclusivamente pacíficas e de natureza civil – sem nenhuma evidência disso.

De fato, as atividades biológicas militares do Pentágono em todo o mundo, especialmente nos países pós-soviéticos, exigem a maior atenção à luz da multiplicidade de evidências de experimentos criminosos com os patógenos mais perigosos, a fim de criar armas biológicas conduzidas sob o pretexto de pesquisas pacíficas.

Já mencionei os “crimes”, encenados pelo Ocidente, dos quais as forças de Donbass e dos participantes da Operação Militar Especial russa foram falsamente acusados de os terem cometido. Há um fato simples que mostra claramente o quanto essas acusações significam: – tendo mostrado a “tragédia de Bucha” ao mundo no início de abril de 2022 (temos suspeitas de que os Anglo-saxões ajudaram a preparar o palco para o show), o Ocidente e Kiev se negaram a responder perguntas básicas como por ex. se os nomes dos mortos tinham sido estabelecidos ou o que os exames post-mortem tinham mostrado. Como nos casos de Skripals e Navalny mencionados acima, a produção de propaganda proliferou na mídia ocidental. Depois chegou a hora de varrer tudo para debaixo do tapete, descaradamente, porque eles não tinham nada para apresentar.

Esta é a essência do algoritmo político ocidental bem usado – inventar uma história falsa e aumentar o hype como se fosse uma catástrofe universal por alguns dias, enquanto bloqueando o acesso das pessoas a informações ou avaliações alternativas. Quando quaisquer fatos surgem, eles são simplesmente ignorados – na melhor das hipóteses mencionados nas últimas páginas das notícias em letras pequenas. É importante entender que este não é um jogo inofensivo na Guerra da mídia – tais produções são usadas como pretextos para ações muito materiais, como punir os países “culpados” com sanções, desencadeando agressões bárbaras contra eles com centenas de milhares de vítimas civis, como aconteceu, em particular, no Iraque e na Líbia. Quanto ao caso da Ucrânia eles usam o país como material descartável na guerra por procuração ocidental contra a Rússia. Além disso, os instrutores da OTAN e os responsáveis pelos MLRS estão, aparentemente, já dirigindo as ações das Forças Armadas ucranianas e dos batalhões nacionalistas no terreno.

Espero que haja políticos responsáveis na Europa que estejam cientes das consequências. A este respeito, é digno de nota que ninguém na OTAN ou na UE tentou repreender o comandante da Força Aérea Alemã, um general chamado Ingo Gerhartz, que se empolgou acima de sua patente e disse que a OTAN deveria estar pronta para usar armas nucleares. “Putin, não tente competir conosco”, acrescentou. O silêncio da Europa sugere que ela é complacentemente alheia ao papel da Alemanha em sua história.

Se olharmos para os acontecimentos de hoje através de um prisma histórico, toda a crise ucraniana aparece como um “grande jogo de xadrez” que segue um cenário anteriormente promovido por Zbigniew Brzezinski. Falam em boas relações, proclamam a prontidão do Ocidente para levar em conta os direitos e interesses dos russos, os quais não se mostram na Ucrânia independente, ou em outros países pós-soviéticos após o colapso da URSS. Tudo isso é mera pretensão. Já no início dos anos 2000 Washington e a União Europeia tinham começado a pressionar abertamente Kiev para que se decidisse de que lado estava a Ucrânia, do lado do Ocidente ou da Rússia.

O Ocidente tem controlado, de forma prática, o regime Russofóbico que levou ao poder através do golpe de Estado na Ucrânia em 2014. Colocar Vladimir Zelensky na frente de qualquer Fórum Internacional de relevância também faz parte da farsa. Ele faz discursos apaixonados, mas quando de repente ele oferece algo razoável, ele recebe um tapinha no pulso, como aconteceu após a rodada de Istambul nas conversas russo-ucranianas. No final de março, parecia que a luz brilhava no final do túnel, mas Kiev foi forçada a recuar, usando, entre outras coisas, o episódio francamente encenado em Bucha. Washington, Londres e Bruxelas exigiram que Kiev parasse de negociar com a Rússia até que a Ucrânia alcançasse plena vantagem militar. (O ex-Primeiro-Ministro Britânico Boris Johnson se esforçou especialmente e muitos outros políticos ocidentais também, políticos esses ainda em exercício, embora tenham se mostrado muito ineptos).

A declaração do chefe de política externa da UE, Josep Borrell, sobre essa guerra ter que ser” vencida no campo de batalha ” pela Ucrânia sugere que até a diplomacia já perdeu seu valor como ferramenta política no desempenho encenado da União Europeia.

Em um sentido mais amplo, é curioso ver como a Europa, alinhada por Washington na frente anti-russa, foi mais atingida pelas sanções impensadas, esvaziando seus arsenais para fornecer armas a Kiev (sem sequer pedir um relatório sobre quem iria controlá-las ou para onde elas iriam). Eles liberaram seu mercado apenas para posteriormente comprar produtos militares dos EUA além do GNL americano, muito mais caro, em vez do gás russo disponível. Tais tendências, conjuntamente com a de fato fusão entre a UE e a OTAN fazem da continuada conversa sobre uma “autonomia estratégica” da Europa nada mais do que um show. Todo mundo já entendeu que a política externa do Ocidente coletivo é um “teatro de um homem só. “Além disso tem-se também que o mesmo Ocidente segue constantemente buscando novos teatros de operações militares.

Um elemento do gambito geopolítico contra a Rússia é conceder o status de um eterno país candidato à UE à Ucrânia e à Moldávia, que, ao que parece, também enfrentará um destino nada invejável. Enquanto isso, uma campanha de Relações Públicas foi iniciada pelo Presidente da França, Emmanuel Macron, para promover a “comunidade política europeia”, que não oferece benefícios financeiros ou econômicos, mas exige total conformidade com as ações anti-Rússia da UE. O princípio por trás disso não é ou / ou, mas ” quem não está conosco está contra nós.”Emmanuel Macron explicou a essência da “comunidade”: a UE convidará todos os países europeus – “da Islândia à Ucrânia” – a se juntarem a ela, mas não a Rússia. Gostaria de salientar que não estamos ansiosos para participar, mas a própria declaração mostra a essência deste novo empreendimento obviamente conflituoso e divisivo.

Ucrânia, Moldávia e outros países que estão sendo cortejados pela UE hoje estão destinados a ser extras nos jogos do Ocidente. Os Estados Unidos, como principal produtor, chamam a melodia e elaboram o enredo com base no qual a Europa escreve o roteiro Anti-Rússia. Os atores estão prontos e possuem as habilidades adquiridas durante seu mandato no estúdio Kvartal 95: eles fornecerão uma narração para textos dramáticos não piores do que a agora esquecida Greta Thunberg e tocarão instrumentos musicais, se necessário. Os atores são bons: lembre-se de como Vladimir Zelensky foi convincente em seu papel de democrata em O servo do Povo: lutador contra a corrupção e a discriminação contra os russos e por todas as coisas certas em geral. Lembre-se e compare-o com sua transformação imediata em seu papel como presidente. É perfeito método Stanislavsky agindo: a proibição da língua russa, educação, mídia e cultura. “Se você se sente russo, vá para a Rússia pelo bem de seus filhos e netos.” Conselho. Ele chamou os moradores de Donbass de “espécies” em vez de pessoas. E aqui está o que ele disse sobre o batalhão nazista Azov: “eles são o que são. Há muitas dessas pessoas por aqui.”Até a CNN ficou envergonhada de ter de deixar essa frase permanecer como na entrevista.

Isso leva a uma pergunta: qual será o resultado de todas essas histórias? Incidentes encenados baseados em sangue e agonia não são de forma alguma divertidos, mas uma exibição de uma política cínica na criação de uma nova realidade onde tentam fazer com que todos os princípios da Carta das Nações Unidas e todas as normas do direito internacional sejam substituídos por sua “ordem baseada em regras”. Isso tudo para tentar perpetuar sua dominação agora cada vez mais enfraquecida nos assuntos globais.

Os jogos realizados pelo Ocidente na OSCE depois de fim da Guerra Fria, onde se considerou o vencedor, teve as consequências mais devastadoras de todas no campo das relações internacionais modernas. Tendo rapidamente quebrado suas promessas à liderança soviética e russa sobre a não Expansão da OTAN para o leste, os Estados Unidos e seus aliados declararam seu compromisso de construir um espaço unificado de segurança e cooperação na região Euro-Atlântica. Eles formalizaram isso no mais alto nível tendo todos os membros da OSCE em 1999 e 2010 no quadro de uma obrigação política de garantir uma segurança igual e inseparável, onde nenhum país reforçaria sua segurança em detrimento de outros e nenhuma organização reivindicaria um papel dominante na Europa. Logo ficou evidente que os membros da OTAN não cumprem sua palavra e que seu objetivo é a supremacia da Aliança Norte-Atlântica. Mesmo assim, continuamos nossos esforços diplomáticos, propondo formalizar o princípio da segurança igual e inseparável em um acordo juridicamente vinculativo. Propusemos isso várias vezes, a última em dezembro de 2021, mas recebemos uma negação plana em resposta. Eles nos disseram diretamente: não haverá garantias legais fora da OTAN. O que significa que o apoio aos documentos políticos aprovados nas cúpulas da OSCE acabou sendo uma farsa barata. E agora a OTAN, impulsionada pelos Estados Unidos, foi ainda mais longe: eles querem dominar toda a região da Ásia-Pacífico, além do Euro-Atlântico. Os membros da OTAN não fazem nenhum esforço para esconder o alvo de suas ameaças, e a liderança da China já declarou publicamente sua posição em relação a tais ambições neocoloniais. Pequim já respondeu citando o princípio da segurança indivisível, declarando seu apoio à sua aplicação em escala global para evitar que qualquer país reivindique sua exclusividade. Essa abordagem coincide totalmente com a posição da Rússia. Faremos esforços consistentes para defendê-lo junto com nossos aliados, parceiros estratégicos e muitos outros países com ideias semelhantes.

O Ocidente coletivo deveria voltar para a terra deixando de lado o mundo das ilusões. Os incidentes encenados, não importa quanto tempo eles continuem, não funcionarão. É hora de um jogo justo baseado no direito internacional, em vez de falsificações e trapaças. Quanto mais cedo todos perceberem que não há alternativas aos processos históricos objetivos em que um mundo multipolar é formado com base no respeito ao princípio da igualdade soberana dos Estados, fundamental para a carta da ONU e para toda a ordem mundial, melhor.

Se os membros da aliança ocidental forem incapazes de viver de acordo com este princípio isso significa que eles não estão prontos para construir uma arquitetura tendo como base a iguadade verdadeiramente universal quanto a segurança e a cooperação. Nesse caso eles deveriam deixar todos em paz, parar de distribuir ameaças e fazer chantagens para recrutar aqueles que querem viver por conta própria. Deveriam reconhecer o direito à liberdade de escolha dos países independentes e que se respeitam. É disso que se trata a democracia, a democracia real. Não de uma jogada em um palco político mal construído.

Tradução Anna Malm 

 

REFERENCES AND NOTES

Russian Foreign Minister Sergey Lavrov’s article «Staged incidents as the Western approach to doing politics»

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