Bolívia: Não Houve Fraude Eleitoral, mas Revolução Colorida
A OEA não apresentou nenhuma evidência de que houve uma fraude, enquanto uma instituição independente estadunidense e outra européia concluíram que Almagro manipulou dados para possibilitar o golpe contra Morales
Edu Montesanti, da Bolívia especialmente para Pravda.ru
Não Há Evidência de que os Resultados das Eleições Bolivianas Tenham Sido Afetados por Irregularidades ou Fraudes, Segundo Análise Estatística, é o título de um estudo do Centro de Pesquisa Econômica e Política (CEPR, na sigla em inglês), divulgado em 8 de novembro.
Cinco dias depois, em 15 de novembro, o Cientista Político da Universidade de Michigan, Walter Mebane, considerado um dos principais especialistas em fraudes eleitorais do mundo, divulgou um relatório intitulado Evidências contrariam que Votos Fraudulentos Foram Decisivos nas Eleições da Bolívia de 2019.
Mebane destacou que a Organização dos Estados Americanos (OEA) afirmou ter encontrado irregularidades em 274 atas eleitorais, de um total de 34.551. Ou seja, 0,22% do total.
Segundo Mebane, isso não difere muito do padrão observado nas eleições de outros países tais como Honduras, Turquia, Rússia, Áustria, e o Estado norte-americano de Wisconsin. "Mesmo retirando os votos fraudulentos, o MAS (partido de Evo Morales) tem uma vantagem superior a dez por cento", acrescentou o pesquisador dos EUA.
O próprio relatório da OEA, além de ter registrado aquela absurda conclusão, admitiu que seu trabalho concentrou-se apenas nas regiões em que o candidato à reeleição, Evo Morales, foi vitorioso. A organização chefiada pelo uruguaio Luis Almagro "não forneceu evidências" de que tenha havido nenhuma fraude, pelo contrário: cometeu graves erros de procedimento na auditoria, concluíram pesquisadores e analistas do CEPR, com sede em Washington D.C.
"A investigação encontra as cédulas em consonância com a vitória de Evo Morales no primeiro turno", diz o estudo realizado por especialistas dos EUA, europeus e asiáticos. Isso coincide com pesquisas de intenção de voto independentes anteriores às eleições na Bolívia que assustaram as classes altas locais, opositora do primeiro presidente indígena da história da Bolívia que gerou uma profunda histeria e uma caça às bruxas no país sul-americano, na véspera das eleições. .
Os pesquisadores e analistas do CEPR observaram que os resultados da contagem rápida coincidiam com a contagem oficial, que, segundo eles, "é juridicamente vinculativa e completamente transparente" na Bolívia.
"Ao contrário de uma narrativa pós-eleitoral que defendida, sem evidências, pela Missão de Observação Eleitoral da OEA, a análise estatística mostra que era previsível que Morales obteria vitória no primeiro turno com base nos resultados dos primeiros 83,85% dos votos, na contagem rápida que mostrou Morales liderando sobre o segundo colocado, Carlos Mesa, por margem inferior a 10 pontos ", concluiu o estudo.
O co-diretor do CEPR, Mark Weisbrot, disse que foi totalmente incomum e altamente questionável o fato de a OEA emitir uma declaração tão séria, sem fornecer nenhuma evidência. Isso levanta "questões perturbadoras sobre o compromisso da organização com uma observação eleitoral imparcial e profissional", acrescentou Weisbrot.
Embora os resultados encontrados pelo CEPR coincidam com os do Tribunal Eleitoral da Bolívia, a OEA tem uma vasta história de (des)serviço de acordo com os interesses dos EUA na América Latina, boicotando fortemente governos progressistas. "A OEA nada mais é que um Ministério das Colônias ianques", dizia Fidel Castro.
Dito amplamente pela oposição boliviana, é que centenas de cédulas e urnas foram encontradas em lixeiras. Fotos e vídeos, que por si só nunca são prova de absolutamente nada, evidentemente, foram divulgados enquanto nem sequer uma cédula foi apresentada à corte boliviana.
Revolução Colorida
O próprio Luis Almagro, secretário-geral da OEA, é um sujeito deplorável que, sempre de joelhos diante do Império, não hesita em usar seu cargo para espalhar mentiras defendendo golpes, assassinos, pilhagens e invasões de Tio Sam na região mais rica do mundo em biodiversidade.
Se, uma vez mais, Almagro escreve seu nome na lista negra da América Latina, ele não está sozinho: a oligarquia boliviana juntamente com as igrejas católica e evangélica, a União Europeia, os EUA (ouça o áudio 15, divulgado em 9 de outubro vazado por fonte anônima a vários meios de comunicação), Jair Bolsonaro, igrejas evangélicas brasileiras e Israel (áudio 5).
Esses áudios também confirmam que a onda de violentos protestos contra Evo Morales após as eleições na Bolívia não foi espontânea, mas um acontecimento prévia e cuidadosamente financiado desde o exterior, algo chamado Revolução Colorida, idealizado pelo cidadão americano Gene Sharp para derrubar governos em todos os países do mundo, contrários aos interesses do regime de Washington.
Elite Sempre Ciente do Apoio Maciço a Evo
As próprias classes dominantes bolivianas sabiam que Evo Morales venceria legitimamente a eleição de 20 de outubro, embora tivessem passado todo o período pré-eleitoral gritando que "tudo já está preparado para que Evo vença, a eleição será roubada".
Um exemplo disso é a mensagem de perfil do WhatsApp amplamente difundida em Santa Cruz de la Sierra por essas classes, que dizia "de luto pela ignorância do meu povo", referindo-se à maioria dos bolivianos em todo o país que, sabia-se, votariam em Evo.
Determinada costureira e enfermeira de classe alta de Santa Cruz de la Sierra, proprietária de uma loja no centro da cidade entre a oligarquia local, postou essa mensagem de perfil WhatsApp e retrata perfeitamente o quadro boliviano atual. Assim como a classe a que pertence, aquela senhora apontado a um cenário invertido que eles tentava construir. E revela outros pilares da Revolução Corida, além de manipulação e desinformação.
Ela votou em Carlos Mesa, "que foi presidente por apenas seis meses! Não se pode fazer nada em apenas seis meses!" disse a lojista cruzenha a este repórter. Mas seu candidato esteva um ano e meio na Presidência. Ela ignora tal fato.
Contando-lhe algumas coisas sobre a Bolívia, foi mencionado que seu país estava experimentando crescimento econômico nos anos de Evo Morales. Ela interrompeu raivosamente este jornalista para exclamar aos, então, perplexos líderes dos Cavaleiros Templários, com quem mantinha fortes laços: "A Bolívia cresce economicamente?!". Seu país é o que mais cresce, há anos, em toda a América Latina.
Ignorância, medo, histeria, outros espinhos fundamentais da Revolução Colorida.
Conversando mais tarde com dono de uma papelaria na mesma região quando o país já estava parado após a eleição, o homem branco de Santa Cruz de la Sierra disse: "O que está acontecendo na Bolívia é um movimento realizado pela elite de Santa Cruz, historicamente discriminadora".
Ele disse que o que estava acontecendo não era uma revolta popular. "Veja quantas estradas Evo construiu. Ele concedeu direitos dos trabalhadores como nenhum outro presidente fez antes. O salário mínimo teve ganhos reais nos últimos anos. Nossa economia é melhor que a dos seus anos anteriores na Presidência. Nossa polícia nunca teve bons carros como tem arualmente. Evo começou a industrializar a Bolívia, o que ninguém fez em nossa história".
No último sábado (16) o vice-presidente de Evo Morales, Álvaro García Linera, concedeu entrevista à rádio AM 750 de Buenos Aires na Argentina, que as raízes do golpe de Estado na Bolívia, que forçou Evo a renunciar, possui motivações racistas especialmente contra os povos indígenas do país.
"Eles estão matando camponeses e indígenas. Nos cinco dias do governo da impostora Jeanine Áñez, já foram contadas 18 mortos, todas pessoas humildes. É um governo que pinga sangue".
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