"Ingressamos na política porque queremos ser governo" Iván Márquez

"Ingressamos na política porque queremos ser governo" Iván Márquez

Com rosas vermelhas nas mãos se deu abertura à alocução de Iván Márquez, integrante do Secretariado das FARC, quem manifestou que, depois de intensas jornadas de trabalho durante os 4 dias de Congresso Nacional dessa guerrilha, nasceu esse partido que, para eles, representa a possibilidade de construir coletivamente... 

Com rosas vermelhas nas mãos se deu abertura à alocução de Iván Márquez, integrante do Secretariado das FARC, quem manifestou que, depois de intensas jornadas de trabalho durante os 4 dias de Congresso Nacional dessa guerrilha, nasceu esse partido que, para eles, representa a possibilidade de construir coletivamente e através dos votos uma paz estável, duradoura e um bem viver.

"Demos um dos passos mais importantes de nosso processo de reincorporação à vida civil, com a criação do Partido Força Alternativa Revolucionária do Comum - FARC-. Dessa maneira damos continuidade através da via exclusivamente política aos propósitos e aspirações históricas por uma nova ordem de justiça social e democracia para nosso país".

Se bem que até o momento não foram eleitos formalmente os candidatos das listas para a Câmara de Representantes e o Senado, foram escolhidas 111 pessoas que farão parte da direção do partido e serão eles e elas quem decidam os que irão às urnas, de um grupo de pré-candidatos, dentro dos quais se encontram Iván Márquez, Victoria Sandino, Pablo Catatumbo.

"Ante o contexto que vivemos, se põe de manifesto a necessidade de uma mudança política profunda em nossa sociedade que só pode ser encarnada pelas forças políticas e sociais que tenham o desejo e a vontade de se erigirem em verdadeira alternativa política".

Além disso, assegurou que toda sua plataforma e suas ideias as colocam à disposição da paz e frente às eleições de 2018 porque "ingressamos na vida política legal porque queremos ser Governo ou fazer parte dele [...], queremos nos coordenar e articular para aproximar coletivamente propósitos comuns e transitar para a definição de uma plataforma comum que nos unifique".

POR QUE CONSERVAR AS SIGLAS E INCLUIR UMA ROSA VERMELHA NA LOGOMARCA DO PARTIDO POLÍTICO DAS FARC?

Ante os debates suscitados pela permanência das siglas das FARC para o partido político dessa organização, pelo que poderia significar uma "carga negativa", ressaltam que essas siglas representam um acumulado histórico, seu passado revolucionário que não vai se apagar.

"Nós somente vamos continuar o conflito, porém já em outro terreno, o da via política legal.Quisemos encontrar um símbolo que fosse conhecido por todo mundo, que se encontrasse em todas as partes e queremos que quando vejam uma rosa vermelha vejam as FARC. A rosa tem uma carga muito positiva".

Ademais, segundo relatou Pablo Catatumbo, integrante do Secretariado das FARC, durante as jornadas de debate se chegou a acordos do caráter do partido, dos estatutos, do programa ou plataforma política, da direção.

"Definimos que este partido político será de caráter amplo, um novo partido para uma nova Colômbia, um partido comprometido com as lutas do povo colombiano por alcançar a paz, a justiça social, a soberania, por uma reforma agrária. Nosso partido vai renovar os costumes políticos de nosso país e vai contribuir na democratização", assinalou Catatumbo.

Também anunciaram que realizarão uma consulta a nível nacional para definir os critérios e selecionar as regiões das quais sairão os representantes para as 5 cadeiras da Câmara e as 5 do Senado.

"Queremos que todos os militantes possam opinar acerca da composição da lista nacional ao Senado", destacou Carlos Lozada, do Secretariado das FARC.

 

FARC ESPERAM PODER SE REUNIR COM O PAPA EM SUA VISITA A COLÔMBIA

Para as FARC a visita do sumo pontífice é um fato muito significativo e transcendental porque traz uma mensagem de reconciliação, que coincide com o momento histórico que a Colômbia vive, por isso esperam poder se reunir com o Papa para dialogar e lhe pedir que apoie e impulse o processo de implementação dos Acordos de Paz no país.

"Solicitamos a possibilidade de uma entrevista com o Papa, porque consideramos que o aporte que deu através dos distintos pronunciamentos ao longo do processo de Havana e o que pode fazer daqui em diante que começa a etapa mais dura do processo, que é buscar cicatrizar as feridas e construir esse processo de reconciliação, as palavras e as orações e tudo o que o Santo Padre possa fazer é bem-vindo", asseverou Carlos Lozada.

 

"NÓS JÁ NÃO RECRUTAMOS CRIANÇAS, AGORA RECRUTAMOS JOVENS E VELHOS PARA O PARTIDO" RODRIGO GRANDA

Frente as notícias que asseguram que as dissidências das FARC estariam recrutando meninos e meninas, Rodrigo Granda, do Secretariado das FARC, manifesta que já não o fazem e que não podem responder pelo que façam as dissidências posto que elas são responsabilidade do Estado.

"Agora estamos recrutando idosos, agora que podem ter título eleitoral para votar, estamos os da terceira idade que tenhamos título. Em todos os processos do mundo houve desertores, não vamos ter temor disso e as FARC tiveram a menor dissidência".

 

"ESTAMOS DISPOSTOS A FALAR COM ÁLVARO URIBE" PABLO CATATUMBO

Assegura Catatumbo que estão em toda disposição de sustentar um diálogo com Álvaro Uribe em prol da reconciliação: "temos dito que estamos dispostos a falar até com o diabo se é necessário para fazer a paz deste país e a ele lhe fazemos um chamado de que aceite que a Colômbia deve fazer a passagem à paz, os tempos da guerra e do ódio temos que deixá-los para trás", afirmou Catatumbo.

E acrescentou que fazem também um chamado a todos os setores políticos, ao ELN, ao EPL para seguirem buscando uma Colômbia em paz.

Tradução > Joaquim Lisboa Neto

Fonte > Contagio Radio

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey