'EUA usa o Afeganistão como campo de armas': Associação Revolucionária das Mulheres do Afeganistão

'EUA usa o Afeganistão como campo de armas': Associação Revolucionária das Mulheres do Afeganistão

As mulheres revolucionárias do Afeganistão atuam na clandestinidade em um dos países mais perigosos e misóginos do mundo, contra quatro poderosos inimigos: os senhores da guerra da Aliança do Norte colocada no poder pelos Estados Unidos em 2001, os talibans, o recém-surgido Estado Islamita no país sul-asiático, o próprio Império invasor, os Estados Unidos que, segundo as ativistas pelos direitos das mulheres e militantes socialistas, inflam as organizações terroristas para justificar sua permanência em território afegão a fim de cumprir seus objetivos econômicos e geoestratégicos, especialmente para ameaçar Rússia e China, emergentes economias mundiais, e grandes potências militares

Discurso da Associação Revolucionária das Mulheres do Afeganistão (Rawa, na sigla em inglês)

Tradução de Edu Montesanti

27 e 28 de abril, dois dias traumáticos da história do nosso país que fazem lembrar prisão, tortura e assassinato de milhares de pessoas inocentes, funerais em massa, massacres, estupros, saques, pilhagem da riqueza nacional, a venda de nosso país aos estrangeiros e centenas de outros crimes e traições.

Este ano, este grave e triste dia será marcado pela chegada do "açougueiro dos Cabulis" - Gulbuddin Hekmatyar - em Cabul, esfregando sal nas feridas de milhares de pessoas que foram vítimas de conflitos internos de cobra comendo cobra com seus pares jihadistas.

Depois de investir neles ao longo de décadas, os Estados Unidos imediatamente impuseram seus jihadistas lacaios a nossa nação, quando invadiram o Afeganistão. Estes bandidos voltaram ao poder como os vencedores incontestáveis, sem a responsabilidade pelas ações criminosas do passado, especialmente durante o seu reinado terrível de sangue e traição de 1992-1996, e continuaram seus saques.

A dominação e  opressão de sua máfia ajudaram no renascimento do Taliban, da rede Haqqani de outros grupos terroristas que causaram um banho de sangue no Afeganistão ao longo da última década e meia.

Nos últimos 16 anos, os norte-americanos e os invasores da OTAN têm aproveitado todas as oportunidades para tentar lamber o sangue dos rostos de seus agentes criminosos; anos atrás,  vários líderes dos sangrentos dias 27 e 28 de abril, perdoaram-se na trincheira dos lobos (Parlamento); Dostum "pediu desculpas" pelo "impacto negativo" que suas ações tiveram sobre o povo, após ter sido eleito o primeiro vice de Ghani; algumas horas após a assinatura de um acordo de paz entre o governo e o partido de Gulbuddin, Qareeb ul-Rahman Saeed, um assassino pertencente ao Hezb-e Islami Gulbuddin, desculpou-se com "as pessoas, especialmente as famílias que sofreram na guerra civil", apesar de vários líderes do partido terem, imediatamente, rejeitado o pedido de desculpas.

Estes traidores colocam tais teorias de "desculpas" sob as ordens de seus mestres, e acreditam que elas liquidam suas contas com o povo. Mas essas pessoas não eram crianças que quebraram copos e pratos, e que podem resolver o problema com uma desculpa: estas pessoas são responsáveis ​​por incontáveis ​​massacres, traição, saques e pela destruição do nosso país.

Para essas ações, eles devem receber a pena máxima em um tribunal popular, pois só assim o nosso sofrido país pode olhar à frente e vislumbrar um futuro pacífico, sem derramamento de sangue.

Os criminosos jihadistas anunciaram seu ódio interminável a mulheres desde o dia em que tomaram o poder em 1992. Lembre-se que foi o governo de Rabbani quem primeiro estabeleceu o Ministério opressivo do Vice e da Virtude antes de o Taliban de mentalidade medieval o fizessem; impediram milhares de mulheres de trabalham fora de casa; a hijab foi imposta; ordenaram que as mulheres só poderiam sair com os mahram (parentes próximos). O período negro do Estado dos imundos jihadistas pode ser classificado como o pior período das mulheres afegãs.

Mesmo que os Estados Unidos perdoem seus agentes mil vezes, nossas mulheres nunca vão perdoar o sangue de Shukria, Nahid e de dezenas de outras mulheres inocentes, vítimas destes jihadistas.

Nosso povo não vai esquecer que o Taliban, a Al Qaeda, a rede Haqqani e o Estado Islaimta são, todos, subprodutos da ignorância e da tirania dos jihadistas, embora seus líderes, Atta, Qanooni, Bismillah, Sayyaf, Mohaqiq, Abdullah, Ismail Khan, Mohsini, Khalili e outros, tenham se revestido de uma aparência como se tivessem nascido "democratas".

Os Estados Unidos beneficiam-se de suas criações jihadistas e talibans para transformar o Afeganistão em sua mais forte base militar na Ásia. Os Estados Unidos conseguiram ser a única superpotência em nosso país, através de seus servos fundamentalistas, tecnocratas e intelectuais.

Hoje, os Estados Unidos utilizam o Afeganistão para empreender suas depredações imperialistas e usar o país como campo de armas, por isso podem ameaçar rivais e garantir sua hegemonia sobre o mundo.

Mas nós levantamos a voz diante da nação afegã, e gritamos que não vamos perdoar nem esquecer; só encontraremos paz através da libertação da nossa nação das garras sangrentas dos invasores norte-americanos e dos criminosos jihadistas, Taliban e Estado Islamita.

Associação Revolucionária das Mulheres do Afeganistão (RAWA, na sigla em inglês)

 

Cabul, 27 de abril de 2017

 

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Author`s name Timothy Bancroft-Hinchey