Cumprindo temerária Promessa de Campanha, o recém empossado Presidente Americano, Donald Trump, acaba de assinar Ato determinando a Construção de um extenso Muro, hábil a separar, mediante barreira física, ao longo de toda a sua Fronteira Sul, México e Estados Unidos, enquanto realiza preparativos para extinguir o próprio Mercado Comum, Nafta, que os une a México e Canadá, assumindo, de vez, Política de preconceito e repulsa aos Latinos, não necessariamente, somente mexicanos, apresentando, de quebra, a Nota para que arquem os mexicanos com a tal construção.
Por : Pettersen Filho
Primeiro País no Continente Americano onde os conquistadores espanhóis desembarcaram, trazendo consigo o sífilis e a pilhação, a História do México é, todavia, repleta de riquezas e curiosidades antropológicas.
Quando Fernando Cortês e Francisco Pizarro chegaram com seus exércitos na América Espanhola, sobretudo na Península de Yucatan, no México, e adentraram, trazendo consigo o voraz apetite da Coroa Espanhola pelos reluzentes ouro e prata da região, para o seu mais completo espanto, encontraram civilizações pré-colombianas adiantadíssimas, semelhantes as da Europa: Os Incas, os Astecas e os Maias, quem já tinham calendário próprio, estudos avançados de astrologia, arquitetura invejável e ciclo agrícola radicado.
Contudo, tais atributos, diante de um povo não-beligerante, pelo menos, não aos moldes dos invasores europeus, não foram os determinantes, ao ponto de impedir a quase total dizimação dos indígenas aculturados ali encontrados, ante a cobiça pelo vil metal.
No caso especifico do México, no seu maciço central, viviam em uma região lacustre os índios "Méxicas", daí o nonbre "México", servida por engenhosos e agricultáveis canais, onde, mais tarde, seria (a)fundada a monumental Cidade do México, maior metrópole em termos populacionais do planeta, com seus mais de 12 milhões de habitantes.
Mergulhado, a despeito, desde o sempre, em uma profunda guerra civil, e pela unificação, da qual se beneficiaram os EUA arrebatando-lhes domínios, desde a sua independência da Espanha, o México teve como pecado capital o fato de ser "Vizinho Pobre " dos grandiosos EUA, e da sua sanha expansionista, para quem perderam mais da metade do seu território original, de uma forma ou de outra, via guerra, compra ou pura e simples anexação, representado pelos atuais estados do Texas, Califórnia, Arizona, Colorado e Novo México.
Aliás, não fosse a transitória ocupação do México por tropas imperiais francesas, no equilíbrio de forças que se instaurou então, quem também queriam o seu quinhão americano, o que barrou na época a total anexação do país aos EUA, talvez, o próprio Estado mexicano, como o conhecemos hoje, jamais existiria.
Destarte, desde o sempre, ora pendendo às questões políticas internas próprias, ora por deliberada insuflação americana, o México, até bem pouco tempo atrás, quando da criação do Nafta - "North American Free Trade Agreedment ", nunca sequer alcançou grande expressão, política ou econômica, pouca influência exercendo na crucial região da América Central, sempre disposta ao narcotráfico e a guerrilha, onde é o maior país, apesar de pertencer ao mapa político-geográfico da América Anglo Saxônica, sendo, ainda assim, um país de origem ibérico-espanhola.
A despeito, consolidado como Nação somente a partir da sangrenta Revolução Mexicana, onde o herói homônimo, Zapata, derrubou o governo oligárquico constituído, e lançou, via radical reforma agrária, as bases do México Moderno, o país somente encontrou crescimento econômico mais acelerado, impar do desenvolvimento social, com a sua adesão ao Nafta, tratado de livre comércio entre si, Canadá e EUA, quando fez com que grandes empresas européias, asiáticas, e mesmo americanas, imigrassem para seu território em busca de vantagens comerciais.
Contudo, doses cavalares da substância, desenvolvimento abrupto, que, em outros casos, administrada moderadamente, pode ser remédio, mal ingerida e às pressas, transformou-se, no caso mexicano, no veneno da discórdia e da desigualdade, ou seja: A pesada influência do "Irmão do Norte " na vida interna mexicana, funciona, de fato, como a lâmpada incandescente, que, ao brilhar excessivamente, atrai para si os insetos alados, mas, também, os cega e incinera.
Hoje, não conseguindo mais, por regras democráticas, conter o constante fluxo migratório em suas fronteiras, representado pelos cerca de doze milhões de imigrantes clandestinos vivendo em território americano, a grande maioria deles de " méxicas " que acessam o país por sua fronteira sul, alardeado pelos ataques ao 09/07- WTC , os EUA acabam de anunciar a Construção de um Colossal Muro , perfazendo mais de 1.200 quilômetros , separando seu território do avassalador México - latino.
Obra faraônica, própria dos grandes impérios, é tão somente comparável, em grandeza histórica e dimensão, com as milenares Muralhas da China, e, assemelhadas em perversidade e hediondez, aos inaceitáveis muros de contenção do Estado Judeu de Israel na Cisjordânia Ocupada.
Inobstante, como consolos únicos para os mexicanos, talvez, fique patente a irretratável quebra de confiança no demagógico discurso liberal-unionista norte-americano de suposta igualdade. Além da certeza de que, o mesmo muro, o qual, muito em breve impedirá de que saiam os mexicanos, pode um dia, no futuro próximo, evitar que, através dele, entrem de vez, ainda mais, os americanos.
Crônica Publicada originalmente em www.paralerepensar.com.br
ANTUÉRPIO PETTERSEN FILHO, MEMBRO DA IWA - INTERNATIONAL WRITERS AND ARTISTS ASSOCIATION É ADVOGADO MILITANTE E ASSESSOR JURÍDICO DA ABDIC - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DEFESA DO INDIVÍDUO E DA CIDADANIA, ALÉM DE SÓCIO CORRESPONDENTE DO INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLOGIAS, POLÍTICAS E SOCIAIS DOM VASCO FERNANDES COUTINHO, QUE ORA ESCREVE NA QUALIDADE DE EDITOR DO PERIÓDICO ELETRÔNICO " JORNAL GRITO CIDADÃO", SENDO A ATUAL CRÔNICA SUA MERA OPINIÃO PESSOAL, NÃO SIGNIFICANDO NECESSARIAMENTE A POSIÇÃO DA ASSOCIAÇÃO, NEM DO ADVOGADO.
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